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Economia

Montadoras deixarão de fabricar entre 240 mil e 280 mil veículos no Brasil por falta de peça, diz Anfavea

Na indústria automotiva global, o impacto será de uma perda de produção entre 7 milhões e 9 milhões de unidades este ano.

Com a falta de chips, Ford anunciou que desativará sua fábrica de picapes F-150 perto de Kansas City. (Foto: Bloomberg)

Com a crise dos semicondutores, o Brasil deixará de produzir este ano entre 240 mil e 280 mil veículos, segundo estimativa feita pela consultoria Boston Consulting Group (BCG) e divulgada pela Anfavea nesta quarta. Na indústria automotiva global, o impacto será de uma perda de produção entre 7 milhões e 9 milhões de unidades este ano.

No Brasil, a produção de carros de passeio registrou o pior nível para um mês de agosto em 18 anos por conta da falta de peças. Foram fabricadas 119 mil unidades.

— A consultoria refez as projeções e avaliou que haverá uma perda maior do que o estimado anteriormente. A estimava anterior indicava que entre 5 milhões e 7 milhões de veículos deixariam de ser produzidos no mundo. Agora, esse número está entre 7 milhões e 9 milhões —disse Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.

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No mês passado, foram vendidas 172,8 mil unidades, número mais baixo para um agosto em 16 anos. Na comparação com julho, a queda das vendas foi de 1,5%. Desde o início do ano, o total vendido chega a 1,42 milhão de veículos, 21,9% a mais do que nos oito primeiros meses de 2020, período em que as vendas foram impactadas pela pandemia.

Com a pandemia houve um descompasso entre a produção de semicondutores e a retomada da demanda na indústria automotiva. Uma boa parte da produção dos chips foi desviada para a indústria de games, computadores, celulares enquanto as linhas de produçao das montadoras estavam paradas. Quando houve a reabertura, faltaram peças.

Além disso, outros eventos externos prejudicaram a produção de chips em fábricas do Japão, Taiwan, Malásia e nos Estados unidos. No Japão, um incêndio numa unidade de produção paralisou a produção.Nos EUA, uma nevasca no Texas interrompeu a produção.

Em Taiwan, a falta d’água em uma das principais fábricas paralisou a fabricação. E, na Malásia, o crescimento de casos de Covid pela variante Delta interrompeu a produção.

— Houve uma tempestade perfeita no setor – disse Moraes, lembrando outras dificuldades na produção de veículos como o aumento do preço do aço, atraso nos navios que transportam peças, falta de contêineres e aumento do frete aéreo.

A estimativa da BCG é que o problema de fornececimento dos semicondutores só se normalize no segundo semestre de 2022.

No Brasil, outra preocupação do setor é a alta da inflação. Com o aumento dos juros promovido pelo Banco Central para frear o aumento dos preços, o CDC (crédito Direto ao Consumidor) linha de financiamento de veículos tende a subir. A taxa média do CDC está em 22% ao ano e a estimativa é que suba para 26%

— Quando a Selic estava em 6%, o CDC era de 20%. Os juros cairam até 2% ao ano, mas o CDC não se alterou. Agora, quando os juros sobem, o CDC também é elevado — explicou Moraes.


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