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Brasil

Preconceito de idade prejudica empresas e a economia, apontam estudos

Etarismo tem excluído bons profissionais do mercado – ainda que com alto desempenho – e diminuído a diversidade nas empresas

Roberto Setubal já foi considerado considerado o 24º melhor CEO do mundo pela revista Harvard Business Review. Mas para a tristeza do administrador, pouco mais de um ano após o título profissional, teve que deixar a presidência do Itaú em 2016. Nem mesmo o filho do fundador do banco escapou da política de aposentadoria compulsória da corporação ao chegar à idade limite para o cargo: 62 anos. Seu sucessor, Candido Bracher, comandou o banco por menos de cinco anos: fez 62 no fim de 2020 e passou o bastão em fevereiro de 2021.
“Dentro das organizações, não deveria haver políticas relacionadas à idade. Você tem 60 anos, obtém resultados maravilhosos, lidera um time motivado: por que tem que sair? É um negócio sem pé nem cabeça”, afirma Fran Winandy, consultora de diversidade etária e recursos humanos. “Muitas vezes, quem precisa oxigenar uma estrutura corporativa, parte do princípio de que a idade é um critério relevante. Não é verdade. Desempenho e performance deveriam nortear essas decisões. Quem é bom, fica, quem não é, sai. Independentemente de quantos anos tenha.”.
Winandy explica que isso tem nome: etarismo, embora haja quem chame de idadismo, velhofobia – como citou recentemente a antropóloga Mirian Goldenberg -, ou ageismo, seguindo o termo criado em inglês pelo gerontologista Robert Butler, em 1969. Analisando a mobilização de moradores de um bairro de Washington D.C. contra as moradias populares para idosos, Butler percebeu que as características desse preconceito eram semelhantes às do racismo e do sexismo: batizou o fenômeno de ageism (algo como preconceito de idade, em tradução livre).
Um relatório sobre etarismo publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que uma a cada duas pessoas no mundo pratica o preconceito de idade contra pessoas mais velhas, com consequências graves e de longo prazo para a saúde e para o bem-estar dos idosos que passam por isso.
O preconceito de idade também está associado a uma expectativa de vida mais curta, com piora da saúde física e mental de quem sofre a discriminação. Embora não pareça, a prática custa caro para a sociedade. Um estudo sobre preconceito de idade nos EUA, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que as vítimas de etarismo tendem a se ausentar do trabalho. Em um grupo de dez mil trabalhadores, foram cinco mil faltas não justificadas, ao longo de um ano, relacionadas ao etarismo. Somados, esses funcionários deixaram de receber U$ 600 mil”.
Estimativas na Austrália, também divulgadas pela OMS, sugerem que se 5% a mais de pessoas com 55 anos ou mais estivessem empregadas, haveria um impacto positivo de 48 bilhões de dólares australianos por ano no PIB do país. “O preconceito começa na sociedade e se estende para as corporações”, afirma Winandy. “A gente associa inteligência e beleza à juventude. As pessoas mais velhas vão ficando invisíveis para a sociedade. Além de não ter trabalho, passam a não ter representatividade.”.
Leia a matéria completa no UOL.

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