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Amazonas

Em ofício à Justiça Federal, Amazonas chama segunda onda de Covid-19 de ‘infeliz coincidência’, diz O Globo

Em resposta à ação que cobrou providências das autoridades para conter avanço do coronavírus, Procuradoria Geral do estado omite recuo, culpa nova variante e diz que pico da doença não poderia ser previsto.

O governo do Amazonas omitiu flexibilização de medidas de isolamento social no final do ano, culpou uma cepa recém-descoberta do novo coronavírus e disse à Justiça Federal que a “segunda onda” de casos de Covid-19 que levou o sistema de saúde do estado ao colapso é uma “infeliz coincidência”. Os argumentos fazem parte de uma resposta da Procuradoria Geral do estado à Justiça Federal em uma ação que cobrou providências das autoridades para conter os efeitos do avanço da doença no Amazonas. As informações são do O Globo.

No ofício encaminhado pela procuradoria à Justiça Federal, o sub-procurador do estado, Leonardo Blasch, diz que a escala do segundo pico da doença no estado não era possível de ser prevista e que ele teria ocorrido por conta de uma nova variante do novo coronavírus.

“Em outras palavras, o maior poder infeccioso do vírus identificado justamente em dezembro de 2020 foi uma infeliz coincidência absolutamente imprevisível, que tem se repetido em outros países (muito desenvolvidos como EUA e Inglaterra) e tem reflexo direto no aumento de internações e, portanto, no aumento do consumo de oxigênio”, diz um trecho do ofício.

Para corroborar a sua tese, a procuradoria citou uma nota técnica elaborada por pesquisadores Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na Amazônia sobre a nova variante identificada no Amazonas.

Além disso, o subprocurador omitiu em sua resposta à Justiça Federal o recuo do governador do Amazonas, Wilson Lima, que no final de dezembro, assinou um decreto impondo restrições ao funcionamento do comércio, mas voltou atrás após a manifestação de empresários. O despacho cita apenas que, no dia 23 de dezembro, o governador impôs as restrições e não menciona nada sobre a flexibilização que aconteceu dias depois.

O Amazonas vive uma das piores crises sanitárias de sua história. Nos últimos dias, o número de casos de Covid-19 cresceu de forma acelerada chegando a mais de 250 internações por dia, número superior ao pico registrado durante o auge da epidemia em 2020. Na sexta-feira, foram registrados 213 enterros em Manaus, número recorde. Há escassez de oxigênio hospitalar. Como resposta, o governo do estado decretou toque de recolher na quinta-feira e o governo federal iniciou a transferência de pelo menos 235 pacientes do Amazonas para outros estados.


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