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Amazonas

‘Empresas de Manaus que trabalham com oxigênio já disponibilizaram tudo que tinham’, diz presidente da Fieam à BBC

Antonio Silva disse que a solução é paliativa e não é capaz de solucionar todo o déficit de oxigênio nos hospitais da capital, devido à disparada da demanda por causa do novo pico de internações de pacientes com covid-19.

A indústria do Amazonas já cedeu todo o oxigênio que tinha em estoque para o sistema de saúde de Manaus, disse à BBC News Brasil o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antonio Carlos da Silva.

Segundo ele, a solução é paliativa e não é capaz de solucionar todo o déficit de oxigênio nos hospitais da capital, devido à disparada da demanda por causa do novo pico de internações de pacientes com covid-19.

“As empresas do Polo Industrial de Manaus que trabalham com oxigênio já disponibilizaram tudo que tinham em seus estoques. Não dá para suprir nossa deficiência (de oxigênio na rede de saúde), não. Isso (o uso de oxigênio da indústria) foi para amenizar a questão momentânea que estava ocorrendo com hospital já parando praticamente”, explicou ele.

“A situação do Amazonas como um todo, principalmente Manaus, é desesperadora. Falta oxigênio em todo o Estado. É um verdadeiro estado de guerra”, disse também, alarmado.

Segundo Silva, em entrevista à BBC Brasil, ainda não há um levantamento do total disponibilizado pelo setor. Na quinta-feira, com o esgotamento do oxigênio em alguns hospitais e unidades de saúde de Manaus, o governo do Amazonas determinou a requisição administrativa de oxigênio de 17 empresas.

“As empresas que tinham já estavam mandando (antes da requisição do governo), mas são coisas pequenas, porque alguns utilizam para insumo, para algum equipamento, mas coisa pequena. Já foi tudo”, lamentou.

“São várias empresas (que entregaram o oxigênio): uma tinha três cilindros, outra tinha quatro”, acrescentou.

Manaus sofre um novo pico de internações por causa do coronavírus, após as festas de fim de ano. Os cilindros com gás oxigênio são essenciais para manter e estabilizar os pacientes com covid-19 grave — além de pacientes com outras enfermidades. Sem esse insumo básico, muitos indivíduos hospitalizados vão acabar morrendo.

Empresas podem abrir mão da indenização

A requisição administrativa de bens privados pelo Estado, permitida pela Constituição brasileira, prevê que as empresas sejam indenizadas depois.

Silva, porém, disse que “não necessariamente” as indústrias vão requerer esse pagamento: “Todos sem exceção estão se esforçando para ajudar. É uma contribuição nossa do polo industrial para salvar muitas vidas”.

As 17 indústrias afetadas pela requisição são: Gree Eletric, Moto Honda, Yahama Motor, Electrolux, TPV, Whirlpool, Sodecia da Amazônia, Denso Industrial da Amazônia, Caloi, Flextronics International, Cometais, LG Eletronics, Semp TCL, Ventisol, Carrier, Daikin e Samsung.

A requisição administrativa de bens privados pelo Estado prevê que as empresas sejam indenizadas depois. Algumas empresas alvo da requisição já dizem que doaram o material. Em nota enviada à reportagem na quinta-feira, a Moto Honda disse que doou 14 cilindros de oxigênio, sendo 12 unidades para a Central de Medicamentos do Amazonas (CEMA) e duas para o Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV). “A iniciativa é voluntária e visa contribuir com o serviço de saúde local”, afirma a montadora.

“A utilização de oxigênio pela empresa se dá apenas em processos não produtivos, permitindo a doação adicional de mais oito unidades à CEMA prevista para ocorrer amanhã, 15 de janeiro. A Honda acredita que a união de esforços e recursos é a maneira mais eficiente para apoiar as comunidades e profissionais de diversos setores que seguem na linha de frente do combate ao Coronavírus”, acrescenta a nota

Já a assessoria da Samsung disse no início da noite de quinta que também faria doação, mas a assessoria não soube informar a quantidade.

Segundo o presidente da Fieam, a falta de oxigênio da indústria deve causar redução da atividade, mas não a paralisação, já que há etapas da produção que não dependem do insumo. Ainda será preciso calcular quais serão os prejuízos do setor.

De acordo com Silva, o que pode levar a paralisação parcial de algumas fábricas é o decreto do governador Wilson Lima proibindo a circulação de pessoas em Manaus entre 19h e 6h, medida tomada para tentar conter a expansão do coronavírus nesse momento de colapso do sistema de saúde, evitando mortes.

O presidente da Fieam diz que está negociando com o governo “casos pontuais” para que seja permitido que ônibus tragam os trabalhadores para as indústrias que operam com turno noturno.


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