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Amazonas

Amazonas não terá prioridade na vacinação e Pazuello afirma que campanha inicia no “dia D, na hora H”

Sem definir data e horário para começo da vacinação, o ministro da Saúde, que está em Manaus, declarou que todos os estados receberão simultaneamente as doses do imunizante que for aprovado pela Anvisa.

Em visita a Manaus para lançar ações no combate à pandemia da Covid-19 no Amazonas, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta segunda-feira (11) que o Estado não terá prioridade na vacinação. Todos os estados do Brasil receberão as doses do imunizante que for aprovado pela Anvisa simultaneamente, sem dar preferência para nenhuma unidade federativa. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

O estados receberão as vacinas “três ou quatro dias” após autorização da Anvisa para o início da imunização contra a Covid-19.  “A vacina vai começar no dia D, na hora H no Brasil. No primeiro dia que chegar a vacina, ou que a autorização for feita [pela Anvisa], a partir do terceiro ou quarto dia já estará nos estados e municípios para começar a vacinação no Brasil. A prioridade está dada, é o Brasil todo. Vamos fazer como exemplo para o mundo”, afirmou.

No último sábado (9), o Ministério da Saúde já havia informado que todas as doses de vacina contra Covid-19 serão distribuídas exclusivamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde) para todos os estados de maneira simultânea. Ele voltou a afirmar que a vacinação não será obrigatória, como defende o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O ministro reforçou que, se as vacinas em análise pela Anvisa forem aprovadas no prazo previsto de dez dias (a partir da entrega dos documentos), a vacinação pode começar no dia 20 de janeiro. Desde sexta-feira (8), a agência analisa pedido de uso emergencial (para grupos específicos) do Butantan, com a Coronavac, e da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), com a vacina Oxford/AstraZeneca.

Segundo Pazuello, cada estado tem o seu programa de vacinação, e os municípios têm responsabilidade de deixar as salas de vacinação prontas para a imunização.

“Como é no PNI [Programa Nacional de Imunização]? No PNI, cabe ao ministério fazer chegar aos estados e municípios. O plano logístico é individualizado por estado, por isso a gente fala que cada estado tem seu próprio plano. O do Amazonas é totalmente diferente do Pará ou do Maranhão”, disse o ministro. “O plano do estado já existe. Ele só está sendo adequado. E essa adequação é muito específica. O plano do município é de execução”, afirmou Pazuello.

Pazuello afirmou que pediu checklist sobre depósitos e geladeiras que devem armazenar as vacinas, além da estrutura de frios e de pessoal dos locais que devem ser usados para imunizar a população.

Pazuello afirmou que foram contratados 354 milhões de doses de vacinas. Para janeiro, a expectativa é de aplicar 6 milhões de doses do Butantan e 2 milhões da Fiocruz, se liberadas pela Anvisa. O ministro disse que as empresas que desenvolvem vacinas fora do Brasil ofereceram quantidades “pífias” de doses e com muitas exigências. “Ou nós fabricamos no Brasil ou vamos ter muita dificuldade de vacinar em massa o povo”, disse Pazuello.

As doses da Fiocruz, no entanto, precisam ser importadas da Índia. A instituição estima que após a chegada ainda serão necessários cinco dias para aplicação das doses. A previsão é de que as doses sejam enviadas em 20 de janeiro, mas o laboratório brasileiro trabalha para adiantar este prazo. Já o Butantan tem 11 milhões de doses em estoque e capacidade de produção própria.

Após ter criticado a cobertura jornalística na semana passada, Pazuello começou o discurso dizendo que a imprensa “é o alicerce da informação do nosso País e é isso que nós esperamos de vocês”. “O alicerce da informação correta, o alicerce que vai fazer com que a gente consiga fazer chegar na ponta da linha as informações, os dados e as medidas necessárias para que a gente salva mais vidas. Vocês da imprensa são peça fundamental nessa missão.”

Pazuello foi até o Amazonas para anunciar medidas de enfrentamento à Covid-19. Pela segunda vez em oito meses, o sistema de saúde do Estado opera com dificuldades por causa da alta de casos e mortes provocados pelo novo coronavírus. Após as festas de fim de ano, também houve um aumento no número de enterros, que tende a superar a média diária da primeira onda da doença, em abril do ano passado.

No domingo, o governador Wilson Lima disse que as empresas que fornecem oxigênio para os hospitais de Manaus não têm mais estoque suficiente para a demanda exigida. Na manhã desta segunda-feira (11), 362 pessoas aguardavam por leitos no Estado, sendo que 46 situação mais grave precisavam de transferência para UTIs, que estão lotadas.

No fim de semana, famílias e amigos de pacientes se mobilizaram para alugar respiradores e levá-los aos hospitais públicos e privados e se depararam com a angústia de não conseguirem.

O plantão do TJAM (Tribunal de Justiça do Amazonas) atendeu a uma série de pedidos para obrigar o Estado a ofertar leitos clínicos e de UTIs a pacientes de Manaus, além de garantir transferência para doentes que estão em situação mais crítica no interior do Estado, que apresenta condição ainda mais precária que a capital.

As decisões determinaram que o Estado tomasse providências, obedecendo ao critério de decisão dos médicos e a lista de espera por leitos.

Paralelamente, funcionários da saúde e familiares reclamam que pacientes estão sendo atendidos no chão dos hospitais, e há congestionamento de ambulâncias que não conseguem leitos para os doentes transportados pelo Samu.

A superlotação das unidades de saúde e a falta de atendimento pressionou os cemitérios. A Prefeitura de Manaus teve de abrir um novo espaço para enterrar corpos e planeja sepultamentos verticais, pois já previsão de esgotamento rápido desta nova área.

Na primeira onda, Manaus foi a única cidade do mundo a realizar enterros em valas comuns.

No domingo, foram registrados 144 sepultamentos em Manaus, sendo 62 óbitos por causa da Covid-19. O pico de enterros na capital amazonense ocorreu no dia 26 de abril do ano passado, com 161 sepultamentos num só dia.

Vinte e sete pessoas morreram em casa e foram levadas direto para o cemitério. A prefeitura não divulga a causa das demais mortes que não tenham confirmação de Covid-19. O espaço aberto pela prefeitura dispunha de mil vagas na sexta. A média diárias de enterros tem sido maior que cem.


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