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44 mil alemães assinam petições em defesa da Amazônia

Em seis dias, 44,3 mil alemães se juntaram a duas mobilizações online criadas por brasileiros contra o desmatamento e em defesa da maior floresta tropical do mundo: a Amazônia. As campanhas foram abertas na plataforma Change.org pela estudante de Direito Valéria dos Santos Magalhães e pelo fisioterapeuta Gilberto Roque Sonoda. A primeira, que já acumula mais de 42,9 mil apoiadores na Alemanha, se posiciona contra o desmatamento e a exploração da floresta. Já a segunda, que soma 1,3 mil assinaturas no país europeu, defende o Fundo da Amazônia.

Valéria, que nasceu e mora em Manaus, cidade chamada de “o coração da Amazônia”, abriu a petição no Brasil ainda no ano passado, no mesmo dia em que Jair Bolsonaro venceu as eleições presidenciais. A motivação da jovem para lançar o abaixo-assinado foi perceber que o então recém-eleito defendia a exploração da Amazônia pelo agronegócio. “Eu me preocupei com isso e pensei que quanto antes [fizesse algo], melhor. Quanto antes algo fosse feito uma quantidade considerável de pessoas teria conhecimento do real problema e se mobilizaria”, diz.

Desde então, a campanha da manauara já reuniu mais de 315 mil assinaturas somente no Brasil. Para a estudante, o apoio recebido dos alemães demonstra que os brasileiros não estão sozinhos na causa. “A descrição da petição deixa bem clara a seriedade das consequências do desmatamento para o mundo todo, e ver que existe outro país tão preocupado quanto o nosso, um país de primeiro mundo onde a política ambiental é extremamente exemplar, só confirma que esse objetivo não é à toa e que é um assunto de extrema importância”, destaca Valéria.

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento na Amazônia cresceu 278% em julho se comparado ao mesmo mês de 2018. A devastação foi de 2.254,9 km² no mês passado, conforme medição feita pela ferramenta Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real). Por mais de uma vez, o presidente Jair Bolsonaro criticou números divulgados pelo instituto, dizendo que eles não condizem com a verdade. O embate entre o presidente o instituto, que é reconhecido internacionalmente, terminou com a demissão do diretor do Inpe, Ricardo Magnus Osório Galvão, na última sexta-feira (2).

A autora do abaixo-assinado contra a exploração irresponsável da Amazônia enxergou a atitude do presidente com preocupação. “O Inpe, diferente do que o presidente acha, não é oposição, ele é imparcial. Se ele não acredita [nos dados], o problema é dele, mas isso não torna automaticamente os dados falsos. A demissão do ex-diretor passa uma imagem de um governo intolerante e extremamente autoritário”, comenta Valéria. “Se não for a opinião do presidente, então é inválido, o que de certa forma fere o real sentido de democracia”, completa.

Nesta quarta-feira (7), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, participou de reunião da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia na Câmara dos Deputados e de audiência pública no Senado Federal. Nos encontros, que terminaram em bate-boca entre o ministro e parlamentares ambientalistas, Salles disse que os dados do Inpe são interpretados e manipulados de forma “sensacionalista” e que o sistema adequado para mensurar o volume de desmatamento é o Prodes (Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia), que também pertence ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e divulga taxas anuais.

“Acredito que ao ver que existem pessoas aqui que não concordam com as decisões do governo e que querem impedi-lo de fazer um estrago, os cidadãos de lá sentiram uma certa esperança e a petição foi a oportunidade que eles tiveram de contribuir”, diz a manaura e estudante de Direito sobre o fato de a petição criada por ela ter chamado a atenção dos alemães.


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