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Brasil

Ministério alerta para aumento no número de acidentes com mortes causados por escorpião no Brasil

De acordo com o Ministério da Saúde, até setembro foram registrados mais de 126.637 mil casos no Brasil neste ano, com 148 mortes confirmadas.

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O número de acidentes com escorpiões segue em crescimento no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, até setembro foram registrados mais de 126.637 mil casos no Brasil neste ano, com 148 mortes confirmadas.

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo registrou 28 mil casos de acidentes com escorpiões neste ano, liderando o ranking entre os estados brasileiros, seguido por Minas Gerais, com 21 mil casos, e Bahia, com 12 mil registros. Em julho do ano passado, a capital paulista havia registrado 2.639 ocorrências e neste ano, o valor subiu para 3.359, um aumento de 27,3%.

O Radar Whitebook, ferramenta da Afya que utiliza inteligência artificial para identificar possíveis surtos de saúde, registrou em setembro um aumento de 300% na procura de informações sobre picada de escorpião preto em relação aos meses de julho e agosto.

Esse crescimento não é sazonal, mas uma tendência histórica. Um estudo recente publicado na revista científica Frontiers in Public Health alertou que os casos de picadas no país cresceram 150% em menos de uma década (entre 2014 e 2023). Este cenário de “epidemia silenciosa” é impulsionado por uma complexa interação de fatores ambientais, sociais e biológicos.

Dayanna Palmer, especialista médica da Afya, ressalta que é fundamental redobrar os cuidados nesta época do ano, principalmente em áreas de maior risco, como terrenos baldios, pilhas de entulho e madeira acumulada, locais que favorecem a presença do escorpião.

— A atenção deve ser ainda maior com crianças e idosos, considerados mais vulneráveis aos efeitos do veneno. Em caso de picada de escorpião, a orientação é procurar imediatamente o serviço de saúde mais próximo, evitando medidas caseiras, já que o atendimento rápido faz toda a diferença — diz Palmer. Segundo ela, as regiões mais vulneráveis às picadas são dedos, mãos e pés.

Em qualquer pessoa, a picada de escorpião oferece riscos, mas em crianças, o perigo é ainda maior. Como elas são menores, o veneno age de forma mais intensa. Além disso, muitas vezes elas não conseguem descrever o que aconteceu, o que atrasa o diagnóstico e o atendimento.

De acordo com a dermatologista pediátrica Flavia Prevedello, do Hospital Pequeno Príncipe, que é o maior e mais completo hospital pediátrico do país, o risco de complicações e morte é maior nas faixas etárias mais jovens, especialmente nas menores de 5 anos.

A picada de escorpião gera dor intensa e localizada, e a área pode ficar vermelha e inchada. Segundo a médica, o quadro é bem diferente do apresentado em picadas de insetos comuns, como pernilongos ou formigas, que causam coceira leve e várias lesões pequenas.

“Em crianças pequenas, a dor é desproporcional ao tamanho da lesão, o que ajuda a suspeitar do acidente. A picada de escorpião costuma ser única e extremamente dolorosa”, explica Prevedello.

O que fazer em caso de picada de escorpião?

Dayanna Palmer, especialista médica da Afya, recomenda:

Lave cuidadosamente o local da picada com água e sabão.
Mantenha o acidentado em observação e o membro atingido em repouso, se possível evitando movimentá-lo muito.
Vá o mais rápido possível a um serviço de saúde (pronto-atendimento ou emergência) para avaliação médica, especialmente se for criança ou se surgirem sintomas além da dor local.
O atendimento médico, será feita a classificação da gravidade (“leve”, “moderado” ou “grave”) para orientar o tratamento adequado.

Sinais que exigem atendimento imediato

Além da dor intensa, podem surgir sintomas sistêmicos, que indicam a disseminação do veneno no corpo. Entre eles:

Agitação e irritabilidade;
Aumento da salivação;
Tremores e espasmos musculares;
Taquicardia (coração acelerado);
Dificuldade para respirar.

“Ao perceber esses sinais, os pais devem levar a criança imediatamente ao pronto-atendimento. Quanto mais rápido, menor o risco de complicações”, reforça a dermatologista.

Em caso de emergência, entre em contato com o SAMU (192) ou com o Corpo de Bombeiros (193). Além disso, o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) dispõe de médicos e enfermeiros que prestam orientações em casos de acidentes com animais peçonhentos e outras intoxicações por meio do telefone: 0800 644 6774.

O que não fazer em caso de picada de escorpião?

É importante evitar medidas caseiras que possam agravar o quadro:

Não automedique a criança;
Não faça torniquete;
Não sugue o local da picada;
Não aplique pomadas, álcool, óleo ou outros produtos.

“Nada deve ser aplicado ou ingerido sem avaliação médica. A única medida que pode ajudar até chegar à unidade é colocar uma compressa fria sobre o local para aliviar a dor”, orienta Prevedello.

Como saber se pode ter sido uma picada de escorpião (mesmo sem ver o animal) ?

Segundo Palmer, é possível suspeitar de picada de escorpião quando:

A dor surge de repente no local (geralmente mão, pé, tornozelo, dedos) e é descrita como “queimadura”, “fisgada” ou formigamento.
Logo há sinais no local: vermelhidão, leve inchaço ou edema discreto.
Em alguns minutos a poucas horas, podem aparecer sintomas gerais: suor excessivo, salivação, tremores, vômitos, agitação, alteração da frequência cardíaca ou da pressão arterial, especialmente em crianças.
Há contexto de risco: ambientes internos ou externos com entulhos, roupas no chão, pilhas de madeira, frestas em muro, local de difícil vedação.

Como é o tratamento?

No pronto-atendimento, o diagnóstico é clínico e rápido. O tratamento envolve a aplicação do soro antiescorpiônico e o controle dos sintomas.

“Conforme a intensidade, são feitas medidas de suporte para tratar questões cardiovasculares e neurológicas. Às vezes, é preciso usar medicamentos anticonvulsivantes, porque a criança pode apresentar espasmos”, explica a dermatologista do Hospital Pequeno Príncipe.

Como prevenir acidentes com escorpiões?

O escorpião é um animal noturno e se abriga em locais escuros e úmidos, como frestas, entulhos e ralos. Para evitar acidentes, as especialistas recomendam:

Mantenha quintais e ambientes limpos e sem entulhos;
Vede frestas, buracos e ralos;
Guarde sapatos e roupas em locais fechados;
Afaste berços e camas das paredes;
Não deixe roupas de cama encostando no chão.
Use calçados fechados e sacuda roupas, toalhas e sapatos antes de usar, especialmente se estiveram no chão ou armazenados em cantos.
No quintal ou jardim: mantenha a grama aparada, evite vegetação densa junto a muros ou paredes, limpe regularmente.

“O cuidado principal é com a higiene e organização dos ambientes. Evitar acúmulo de folhas e materiais ajuda a afastar insetos e, consequentemente, os escorpiões que se alimentam deles”, finaliza.


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