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Cade suspende pacto de não comercializar soja de terras desmatadas na Amazônia

Trinta empresas exportadoras, entre elas gigantes como Cargill e Louis Dreyfus, têm dez dias para se desvincular, sob pena de fortes multas.

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O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), regulador de concorrência no Brasil, suspendeu uma moratória de grandes empresas que se comprometiam a não comprar soja proveniente de terras desmatadas na Amazônia, uma decisão fortemente criticada por ONGs ambientalistas, a três meses da COP30 em Belém. As informações são da Agência de Notícias AFP, publicadas no site da revista Carta Capital.

O Cade anunciou na noite de segunda-feira (18/08) a suspensão como uma “medida preventiva”, alegando que o pacto, vigente desde 2006, é um “acordo anticompetitivo entre concorrentes que prejudica a exportação de soja”.

O Cade decidiu abrir um processo administrativo contra essas empresas, após receber uma solicitação da Comissão de Agricultura da Câmara de Deputados.

Muitos parlamentares representam o poderoso lobby do agronegócio, um dos motores de crescimento do país, o maior exportador de soja do mundo.

A moratória foi assinada em 2006 por representantes da indústria da soja, sob pressão principalmente do mercado europeu diante do aumento do desmatamento na oresta amazônica.

Os signatários se comprometeram a não comercializar soja proveniente de terras desmatadas na Amazônia a partir de 2008.

A suspensão gerou uma onda de críticas de organizações como a Mighty Earth, que afirmou que “pavimenta o caminho para ainda mais desmatamento em um dos ecossistemas mais vitais do planeta”. “Ao suspender este acordo, o Cade não apenas estimula o desmatamento, mas também (…) silencia o direito do consumidor de escolher produtos que não contribuam para a devastação da Amazônia”, afirrmou.

Segundo várias ONGs, o desmatamento caiu 69% entre 2009 e 2022 nas zonas incluídas na moratória.

A decisão do Cade, por outro lado, foi comemorada pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), que a considerou “um marco histórico na defesa da livre concorrência”.


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