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Brasil

Facebook: Estudo aponta 643 anúncios falsos sobre o Desenrola Brasil e o Voa Brasil

Levantamento da Netlab UFRJ identificou conteúdos falsos sobre programas do governo no Facebook e Instagram.

Um levantamento apontou que 643 anúncios falsos sobre os programas Desenrola Brasil e Voa Brasil foram publicados no Facebook e no Instagram nos meses de julho e agosto deste ano. Os dados divulgados pelo Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais da UFRJ (Netlab) chamam mais atenção porque o programa do governo voltado para renegociações de dívidas foi encerrado em maio.

De acordo com o estudo, 354 (55%) divulgações falsas utilizaram o nome do Voa Brasil, a partir de 25 de julho. Por outro lado, foram feitas 289 publicações fraudulentas que se referem ao Desenrola Brasil, desde o dia 7 do mesmo mês.

Com 157 anúncios falsos, a última semana de julho registrou o maior número de publicações relacionadas aos dois programas sociais.

O volume de divulgações fraudulentas, no entanto, pode ser ainda maior, pois não é possível acessar o histórico completo dessas publicações. Rose Marie Santini, diretora e fundadora do Netlab UFRJ, explica que a restrição ocorre porque a Meta, dona do Facebook e do Instagram, não tem classificado divulgações relacionadas aos dois programas do governo como anúncios políticos, eleitorais ou de relevância social — a única categoria cujo acervo é disponibilizado pelo grupo.

– A Meta determina que conteúdo classificado como político seja colocado dentro de um repositório por sete anos com dados precisos sobre o nome do anunciante, o perfil do público alcançado e os valores pagos pela divulgação. A estratégia da empresa parece ter sido parar de categorizar anúncios do Desenrola como políticos, ou seja, eles deixaram de ser armazenados para consulta. Com isso, as divulgações desaparecem assim que saem do ar – diz Santini.

Senacon multa Meta

Em 2023, o Netlab UFRJ fez alguns relatórios que apontavam a existência dos anúncios que utilizam o nome do Desenrola Brasil para aplicar golpes. Com a divulgação dos estudos, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça, determinou a imposição de medida cautelar contra a Meta e o Google para que retirassem do ar anúncios fraudulentos sobre o programa do governo.

Após seis meses, o Senacon identificou mais de dois mil anúncios fraudulentos relacionados ao Desenrola Brasil, de 26 de julho a 26 de setembro, período correspondente a 62 dias. O órgão multou a empresa no valor de R$ 150 mil por dia.

– A gente fez um novo relatório mostrando que esses anúncios falsos continuam sendo publicados diariamente, mesmo após um ano, com a medida cautelar e o processo administrativo – afirma Santini.

Links para sites falsos

Ainda segundo o estudo, 600 (93,3%) conteúdos enganosos continham links para 28 endereços virtuais falsos. Outros 42 redirecionaram as vítimas para contas no WhatsApp.

Entre os sites usados para as fraudes, 18 estavam ativos durante o período de coleta das informações do estudo. O laboratório identificou 37.593 acessos em seis desses endereços virtuais de maio a julho deste ano. Um deles tem registro no Brasil. Outros três sites foram registrados nos Estados Unidos e na Islândia.

Promovidos em 110 anúncios, dois dos endereços virtuais encontrados usavam o recurso do chatbots, programas de computador que simulam conversas com usuários, que solicitavam dados pessoais, como o número do CPF das vítimas.

– A gente conseguiu os anúncios em tempo real. Clicamos em cada divulgação para fazer a jornada do consumidor e descobrimos aqueles que levam as pessoas para sites fraudulentos, que vai desde roubo de dados a pagamentos para golpistas – afirma Santini.

Táticas das fraudes

O estudo apontou que os anúncios fraudulentos relacionados ao Desenrola Brasil usam as marcas de órgãos públicos, como Procon e Banco Central, e de empresas privadas, como Serasa e BoaVista. Alguns se passavam por conteúdos de portais de notícias e utilizavam a imagem de pessoas famosas.

No caso do Voa Brasil, a tática consistia na reprodução de fotos genéricas de bancos de imagem, com destaque para casais idosos, população que tem direito ao programa em sua fase inicial.

– (A rede social) É um lugar que acabou sendo um ambiente muito propício para o crime organizado porque as plataformas protegem a identidade do anunciante – explica Santini.

Procurada pelo Extra, a Meta disse que não permite ações nas redes sociais que tentam explorar outras pessoas.

“Atividades que tenham como objetivo enganar, fraudar ou explorar terceiros não são permitidas em nossas plataformas e estamos sempre aprimorando a nossa tecnologia para combater atividades suspeitas”, disse a Meta.

A empresa, no entanto, não respondeu os motivos que fazem o histórico dos anúncios falsos relacionados ao Desenrola Brasil e ao Voa Brasil está indisponível.


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