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Rueda esteve em reunião com chefe de esquema do PCC que negociava venda de empresa de gás, informa site

Site cita que Rueda é aliado do governador Wilson Lima, que preside o UB no Amazonas.

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Três fontes do mercado de GLP confirmaram ao ICL Notícias que Antonio Rueda, presidente do União Brasil, atuou como intermediário numa negociação envolvendo a venda da TankGás, empresa do setor de gás de cozinha ligada a suspeitos de integrar esquema de lavagem de dinheiro ao PCC. Rueda é aliado do governador Wilson Lima, que preside o UB no Amazonas.

De acordo com os relatos, em abril de 2024 Rueda convidou um executivo do setor para encontro em Brasília com Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Louco”, que se identificou como investidor da TankGás. Menos de 30 dias depois, os ativos da empresa foram transferidos para a Consigaz, com sede em São Paulo.

Beto Louco e Mohamad Hussein Mourad, o “Primo”, já são apontados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público como cabeças de rede que operava fraudes fiscais e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis. Ambos estão foragidos.

Investigação do ICL Notícias revela que os dois suspeitos atuavam igualmente no mercado de GLP. Segundo depoimento do piloto Mauro Mattosinho, ex-funcionário da aviação TAP (Táxi Aéreo Piracicaba), Rueda, Beto Louco e Primo teriam viajado em jatos pertencentes à mesma empresa aérea. Mattosinho afirmou que Rueda seria sócio oculto de quatro aeronaves — alegação que o político nega.

Procurado, Rueda repudiou as acusações e disse: “Desconheço qualquer reunião ou tratativa mencionada e nego, categoricamente, qualquer vínculo com o que foi citado.” Ele não respondeu se conhece “Beto Louco” ou “Primo”, apesar de ter sido questionado repetidas vezes. O presidente do União Brasil também não respondeu novo contato da reportagem.

As defesas de Beto Louco e Primo não foram localizadas até a publicação desta reportagem.

Negociação em Brasília

Fontes informaram que, no encontro de abril de 2024, o executivo do setor foi surpreendido ao se deparar com Beto Louco no local. Ele esperava apenas interlocução tradicional, mas encontrou o dirigente criminoso. Segundo as fontes, Beto Louco ofereceu pagamento de R$ 60 milhões para deixar o mercado de GLP, caso a operação fosse concretizada.

O executivo recusou atuar como porta-voz da proposta. Preso ao sigilo das negociações, relatou posteriormente o episódio a aliados.

Operações da TankGás

A TankGás foi aberta em fevereiro de 2020, com sede em Jandaia do Sul (PR). Em seguida, passou a operar no Paraná e em São Paulo. A empresa usufruiu de legislação estadual paranaense que permitia envasar botijões de outras marcas — prática proibida pelas normas federais da ANP. Isso gerou denúncias de concorrentes e ações judiciais.

Sob pressão de sindicatos e da ANP, os sócios decidiram oferecer a empresa ao mercado. A Consigaz, de Barueri (SP), comprou os ativos operacionais em maio de 2024. A Consigaz alega que negociou apenas com representantes legais da TankGás, sem contato com Beto Louco ou Primo.

A transação envolveu a Ruby Capital / Altinvest Asset, alvo da Operação Carbono Oculto, acusada de atuar em lavagem de dinheiro para o PCC. Seus responsáveis negam vínculos com organizações criminosas.

Funcionamento do esquema

Em inspeção de 2023, a ANP encontrou 272 botijões da TankGás com marcas de terceiros. Um ex-motorista relatou que fazia transporte regular de gás de Jandaia para São Paulo, sob um CNPJ diferente da TankGás paranaense — supostamente ligado a Mourad.

O motorista descreveu rotina semanal: saída em Jandaia às 10h/11h, chegada a SP nas primeiras horas, descarregamento após as 7h30, nova carga e retorno no final da tarde. A empresa que emitia sua carteira de trabalho teria vínculo com Mourad, por meio de sócia da G8 Log Serviços Ltda.

Riscos regulatórios

A ANP analisa proposta que permitiria que qualquer empresa envasasse botijões de marcas diferentes, além de autorizar envase fracionado. Setores advertiram que tais medidas poderiam ampliar brechas para o crime organizado no mercado de gás.

O relatório de Impacto Regulatário (AIR), aprovado em 10 de julho, incorporou sugestões da TankGás. Já o Sindigás criticou as propostas, afirmando que “baixar a régua” favorece práticas fraudulentas e torna a fiscalização impraticável.

Versão do Rueda:

“Repudio de forma veemente essas insinuações levianas e politizadas. Desconheço qualquer reunião ou tratativa mencionada e nego, categoricamente, qualquer vínculo com o que foi citado. Nunca tive nenhuma reunião sobre esse tema, não conheço essa empresa. Não considero sério esse tipo de ilação. Trata-se de uma tentativa de criar fatos inexistentes, sem base ou responsabilidade. Minha trajetória empresarial e política é pautada pela transparência, responsabilidade e trabalho.”

Veja o video publicado pelo site:


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