Brasil
Pesquisa revela que 39,5 milhões de consumidores pagaram pelo menos um jogo online no último ano
41% admitem que renunciaram a algum consumo para apostar. 19% apostaram valores que comprometeram sua renda e 17% deixaram de pagar alguma conta para apostar
A popularização e a facilidade de acesso aos jogos de apostas online trazem impactos significativos nas finanças e no orçamento familiar dos consumidores do país. Cerca de 40 milhões de consumidores pagaram pelo menos uma aposta ou jogo online nos últimos 12 meses, revela um levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise Pesquisas. As apostas esportivas são as mais populares (54% dos apostadores), principalmente entre os homens. Entre os jogos de cassino, destacam-se slots (28%), roletas (22%) e caça-níqueis (20%).
Os principais motivos para começar a apostar incluem curiosidade (35%), o desejo de ganhar dinheiro de forma rápida e fácil (22%), e a busca por adrenalina ou diversão (22%). O estudo também revela uma alta frequência de uso: 24% dos apostadores jogam semanalmente, 18% de duas a três vezes por semana, e 11% fazem apostas todos os dias.
O pagamento via Pix é o método mais utilizado, representando 76% das transações, seguido pelo cartão de crédito (11%). O gasto médio mensal com apostas é de R$ 187, subindo para R$ 255 nas classes A e B.
41% renunciaram a algum consumo para apostar
A pesquisa aponta um dado alarmante em relação ao impacto das apostas no orçamento dos consumidores. 19% dos apostadores admitiram ter gastado valores que comprometeram sua renda, já 41% disseram que renunciaram o consumo para apostar, principalmente com alimentação fora de casa (15%), internet (12%), supermercado (12%) e passeios em família (10%).
De acordo com os entrevistados, 17% deixaram de pagar alguma conta para jogar e 29% já tiveram o nome negativado por causa de gastos com jogo online, sendo que 17% ainda estão nessa situação.
Além dos problemas financeiros, 28% dos entrevistados relatam impactos negativos em suas vidas, como irritação (8%), endividamento (8%), conflitos familiares (8%), e problemas de saúde mental como ansiedade e depressão (8%). A produtividade no trabalho ou nos estudos também é afetada para 7% dos apostadores.
“Os resultados da pesquisa acendem um alerta urgente para as consequências do crescimento descontrolado das apostas online no país. O alto índice de endividamento, a substituição de despesas essenciais por gastos com jogos e os sérios impactos na saúde mental mostram que essa ‘diversão’ está se tornando um problema social e econômico. É fundamental que a regulamentação do setor priorize a proteção do consumidor, especialmente de jovens e famílias, e não apenas a arrecadação. Precisamos de políticas públicas que tratem o vício em jogos como uma doença, com ações de conscientização e limites mais rígidos na publicidade e nos métodos de pagamento”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.
De acordo com o levantamento, 28% dos apostadores já buscaram ou consideraram ações para conseguir dinheiro para apostar, como pegar empréstimos (17%), adiantamento salarial (8%) ou até mesmo vender bens próprios ou da família sem consentimento (7%). Outro dado alarmante é que 37% já tentaram reduzir ou parar de apostar, mas não conseguiram. No entanto, apenas 21% buscaram ajuda, sendo os principais pontos de apoio a igreja, parentes/amigos e profissionais como médicos ou psicólogos.
Percepção e Regulação
A pesquisa indica que 46% dos entrevistados conhecem alguém próximo que já teve problemas com jogos de apostas online, como parentes (15%) e colegas de trabalho (12%). O envolvimento de adolescentes (12 a 18 anos) também foi relatado por 9% dos pais entrevistados, com impactos como mentiras à família (22%), sinais de ansiedade ou depressão (18%) e perdas financeiras relevantes (15%).
A maioria da população tem uma visão crítica sobre a publicidade de apostas. Cerca de 60% dos entrevistados consideram a promoção de plataformas por celebridades e influenciadores digitais como algo negativo. Como resultado, 41% já deixaram de seguir esses criadores de conteúdo.
Para mitigar os problemas, as medidas mais sugeridas pela população são: campanhas de conscientização sobre os riscos do vício (44%), proibir publicidade com famosos e influenciadores (41%), proibir marketing para jovens e adolescentes (35%), informar nas escolas e nas redes sociais sobre os danos das apostas (30%) e aumentar impostos para encarecer as apostas (27%).
Apesar de 37% defenderem a proibição total do jogo online, a maioria (56%) prefere que eles continuem permitidos, mas com regras mais rígidas e maior fiscalização.
“O aumento da inadimplência e a perda de controle financeiro relatados na pesquisa são um reflexo direto de uma atividade que, para muitos, deixou de ser um hobby para se tornar uma armadilha. A permissão de uso de cartão de crédito e a facilidade de acesso a empréstimos para apostar representam um risco ainda maior de aprofundar o endividamento dos brasileiros. É crucial que a sociedade e o governo atuem em conjunto para garantir que o crescimento do setor não comprometa a saúde financeira das famílias”, alerta o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior.
Pesquisa sobre o jogo
Público-alvo: homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos, de todas as classes econômicas, e que realizaram compras pela internet nos últimos 12 meses.
Método de coleta: pesquisa quantitativa realizada pela web e pós-ponderada por sexo, idade, estado e renda.
Tamanho amostral da Pesquisa: foram realizados 1.094 contatos em um primeiro levantamento para identificar o percentual de pessoas que compraram pela internet nos últimos 12 meses. Em seguida, continuaram a responder o questionário 800 casos, que fizeram alguma compra ao longo deste período. Resultando, respectivamente, uma margem de erro no geral de 2,96 p.p e 3,46 p.p para um nível de confiança de 95% para mais ou para menos.
Data de coleta dos dados: a coleta foi realizada entre os dias 13 a 25 de junho de 2025.
Testes: os testes estatísticos foram realizados dentro de cada categoria – mais ou menos intenso (Sexo Mas. X Fem., Idade por faixa e Classe AB x CDE) com nível de confiança de 95%.
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