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Temor com coronavírus derruba bolsas no mundo; no Brasil, mercados estão fechados

O FTSE MIB, índice da Bolsa de Milão, liderou as perdas nos mercados globais e fechou em queda de mais de 5%.

Desde que os primeiros casos de coronavírus se tornaram públicos na China no início de janeiro, os investidores globais alimentavam a expectativa de que a situação significasse apenas um surto.

Como referência, tomaram o Sars – a síndrome respiratória aguda severa – como um exemplo próximo no qual poderiam estimar o impacto econômico. Mas hoje parece que a realidade saltou aos olhos depois do aumento no número de vítimas em países como Coreia do Sul, Irã e principalmente na Itália, onde já morreram sete pessoas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda considera cedo para declarar uma pandemia. Segundo a entidades, existem agora 79.339 casos de Covid-19 em 30 países e 2.619 mortes. Em 2003, o Sars matou mais de 700 pessoas no mundo.

“Não apenas os hubs industriais chineses estão bloqueados e descarrilam as cadeias de suprimentos globais, o vírus se espalha muito próximo dos hubs industriais da Europa”, disse Florian Hense, economista do Berenberg Bank. “O norte da Itália, a Suíça, o sul da Alemanha e a Áustria formam um grande centro industrial supranacional”, acrescentou. “Se um bloqueio em pequenas áreas da Itália for ampliado, haverá uma interrupção muito mais significativa para fabricantes de automóveis alemães na Europa”, destacou.

Na tentativa de conter o coronavírus, a Itália suspendeu partidas de futebol, aulas e reuniões coletivas. O país já registra sete mortes e mais de 200 infectados.

Não por acaso, os investidores desta vez se assustaram e foram às vendas. O FTSE MIB, índice da Bolsa de Milão, liderou as perdas nos mercados globais e fechou em queda de mais de 5%. As demais bolsas europeias também despencaram nesta sessão. Mais cedo, na Coreia do Sul, onde já há quase 800 casos confirmados e ao menos sete mortos, o Kospi cedeu mais de 3%.

Em Wall Street, o Nasdaq recuava mais de 3% pouco depois das 14 horas, com as companhias aéreas em queda expressiva junto com outras empresas de tecnologia, como fabricantes de semicondutores, que possuem exposição considerável à economia chinesa e sua cadeia de suprimentos. As ações da Apple, referência no setor, declinava mais de 4% nesta tarde.

“Todos os principais índices do mundo estão vendendo à medida que os temores de contágio global se intensificam… Grande parte da resiliência das ações americanas tem sido a de que a China continha o vírus e que o impacto econômico duraria pouco, pois os chineses ofereceriam um
estímulo maciço que tornaria essa recuperação em forma de V”, afirma o analista da Oanda na Europa, Craig Erlam, lembrando que a aversão ao risco também conta com a contribuição de dados econômicos preliminares na última sexta-feira que mostraram que o setor de serviços dos Estados Unidos passou a se contrair em fevereiro, trazendo de volta riscos de recessão na maior
economia do mundo.

O cenário estimula a busca por ativos de segurança, como o ouro, negociado em alta. Títulos de
governos mais confiáveis também estão sob forte demanda, elevando os preços e consequentemente derrubando os rendimentos.

O mau humor instalado também reforçou a posição do dólar como ativo de segurança no mercado de câmbio internacional durante manhã, mas a moeda americana perdeu força ao longo da sessão. Depois de subir mais 0,30%, o índice dólar DXY, da ICE, em Londres, passou a ter ligeira baixa.

Entre as commodities, o petróleo registrava baixa acentuada diante da perspectiva de impacto na
economia global e na demanda pelos seus derivados. O contrato do WTI para abril perdia quase
5% e o do Brent para o mesmo mês recuava mais de 5%.

Para Iain Lindsay, cochefe de gestão de portfólios de renda fixa da Goldman Sachs Asset Management, a aprofundamento dos riscos causados pelo coronavírus colocam as atenções novamente sobre os bancos centrais. “A percepção dos investidores é que os mercados são controlados pelos bancos centrais, que, por sua vez, estão prontos a agir”, avaliou em relatório.

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