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Brasil

Países vizinhos temem situação no Brasil e impõe mais restrições a brasileiros

Variante da Covid-19 encontrada em Manaus acelera epidemia na América do Sul

Nova variante encontrada no Brasil colapsou sistema de saúde- Foto: Tiago Corrêa/UGPE

A variante brasileira do coronavírus P.1 está acelerando a onda de novos casos de Covid-19 na América do Sul. Autoridades de países vizinhos dizem que a cepa, mais contagiosa, está por trás da explosão de novos casos e vêm endurecendo restrições a brasileiros. Os estudos indicam que recente aumento da epidemia de Covid-19 nos países da América do Sul se deve em parte à disseminação da variante encontrada em Manaus. As informações são do jornal Valor Econômico.

Na segunda-feira, a Argentina confirmou casos de transmissão comunitária da P.1 em Buenos Aires e Córdoba. Na semana passada, o Peru afirmou que a P.1 é responsável por 40% dos novos casos na capital, Lima. No Paraguai, a P.1 – identificada pela primeira vez em Manaus – e a P.2 – encontrada primeiro no Rio de Janeiro – estão circulando em várias regiões do país e são apontadas como principal causa do alto número de infecções nas últimas semanas.

Segundo Guillermo Sequera, diretor geral da vigilância sanitária do Paraguai, estudo recente mais completo indica a prevalência de cerca de 10% da P.1 nos novos casos. Mas outras pesquisas mostram que a P.1 pode estar por trás de entre 40% e 50% dos novos casos em regiões do centro do país, localizadas entre a capital Assunção e Ciudad del Este.

“A presença da P.1 no Paraguai é real e está aumentado”, afirma, ao se dizer preocupado com a situação epidemiológica no sul do Brasil. “Temos uma frase que usamos muito em economia, mas também serve para epidemiologia, que é: ‘Quando o Brasil espirra, o Paraguai pega pneumonia’.

Isso aconteceu com dengue, influenza e agora com covid”, diz. Na Bolívia, a P.1 é responsável por casos em La Paz, Santa Cruz e pode ter relação com surto em Beni, na fronteira com o Brasil. Na semana passada, autoridades sanitárias do Uruguai detectaram casos das variantes P.1 e P.2 e anunciaram a criação de grupo de trabalho para detectar a prevalência nos novos casos.

A Colômbia também identificou casos de P.1 relacionados a pessoas que viajaram ao Brasil, enquanto o Panamá confirmou na semana passada o primeiro caso de transmissão comunitária. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), a P.1 foi detectada em mais de 15 países do continente, onde o número de novos casos vem acelerando.

Na semana passada, Peru, Paraguai e Uruguai registraram recordes de casos diários e viram o número de mortes por covid-19 acelerar. Chile e Argentina veem a curva de novas infecções subir. “A alta importante que se vê na maior parte dos países da América do Sul, sem dúvida, está sendo impulsionada também pelas novas variantes”, afirma Cristóbal Cuadrado, do Colégio Médico do Chile. “A situação epidemiológica atual é fruto da rápida propagação da P.1 e da débil resposta dos países em manter as fronteiras abertas, mesmo sabendo da circulação dessas cepas.”

Ele diz, contudo, que as variantes são parcialmente responsáveis pela alta de novos casos. O relaxamento de medidas restritivas pelas autoridades e o cansaço da população, que nem sempre as cumpre, contribui para a alta do número de novos casos nos países da região. Ontem autoridades endureceram restrições na Província de Buenos Aires para tentar conter aumento dos casos. Serviços não essenciais não poderão funcionar entre 2h e 6h. Reuniões serão limitadas até dez pessoas, e funcionários públicos terão de trabalhar remotamente.

Desde a semana passada o país proíbe voos do Brasil. “As medidas visam retardar a entrada de pessoas infectadas com as cepas, e mais adiante podem ser ampliadas em relação a voos do Paraguai, Uruguai e Peru”, diz Luis Camera, que faz parte do grupo de epidemiologistas que assessora o governo argentino. Ele afirma que a segunda onda viria de todo modo na Argentina e que a diferença é a velocidade com que avança. “Com a P.1 é como jogar gasolina, ou seja, acelera o processo.”

As medidas são anunciadas dias após o Chile ter decretado lockdown na região de Santiago e endurecido regras para brasileiros que entram no país. Além de apresentar um PCR negativo, quem chega do Brasil tem de ficar 72 horas em um centro sanitário à espera do resultado de um novo PCR. No fim de semana, o Panamá suspendeu temporariamente a entrada de quem esteve na América do Sul nos 15 dias prévios.

A Bolívia mantém a fronteira com o Brasil aberta, assim como Paraguai e Uruguai, que exigem PCR negativo para quem cruza. Diferentemente da primeira onda, no ano passado, muitos dos novos infectados são jovens. Além disso, a onda atual parece atingir a região com mais força do que em meados do ano passado, diz Ernesto Bustamante, ex-diretor do Instituto Nacional de Saúde do Peru. “A P.1 explica a magnitude da onda atual. Se não fosse ela, a onda seria menos pronunciada”, diz Bustamante, ao prever que a incidência da cepa brasileira na capital peruana passe de 40% a 80% no intervalo de três semanas.

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