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Militares dão golpe de Estado no Sudão e prendem premiê interino do país; manifestantes protestam

Primeiro-ministro Abdallah Hamdok e outras autoridades foram detidas. General que comandava conselho de transição decretou estado de emergência no país e dissolveu o conselho e o governo.

Manifestantes protestam contra os militares em Cartum, capital do Sudão, no dia 21 de outubro de 2021. (Foto: Mohamed Nureldin Abdallah/Reuters)

Militares prenderam o primeiro-ministro interino do Sudão, Abdallah Hamdok, e outras autoridades, cortaram o acesso à internet e bloquearam pontes na capital Cartum, anunciou o Ministério da Informação do país nesta segunda-feira (25), descrevendo as ações como um golpe de Estado.

Abdel Fattah al-Burhan, general que chefiava o Conselho Soberano, anunciou estado de emergência em todo o país e dissolveu o próprio conselho e o governo de transição (comandado por Hamdok).

O conselho foi criado para governar o país após a saída do ditador Omar al-Bashir, que governou por três décadas e foi derrubado por protestos há dois anos. Ele era formado por civis e militares que frequentemente discordavam sobre o futuro do Sudão e o ritmo da transição para a democracia.

As prisões, o estado de emergência e a dissolução do conselho ocorrem perto da data em que o general Abdel-Fattah Burhan teria de entregar a liderança do Conselho Soberano a um civil.
Em resposta, milhares de pessoas saíram às ruas de Cartum e Omdurman para protestar contra o golpe militar. Manifestantes bloquearam vias e incendiaram pneus enquanto forças de segurança usam gás lacrimogêneo para dispersá-los (veja no vídeo abaixo).

A TV Al-Arabiya diz que várias pessoas ficaram feridas após manifestantes e soldados entrarem em confronto perto de quartéis na capital. Um comitê de médicos local afirma que ao menos 12 pessoas ficaram feridas em confrontos.

Transição interrompida e reação internacional

O local para onde Hamdok foi levado não foi informado. Outros quatro ministros e membros do Conselho Soberano, que supervisionava o governo e era responsável pela transição política no país, também foram detidos.

O governo já havia sofrido por uma tentativa fracassada de golpe em 21 de setembro, e a tomada de poder pelos militares é um grande revés para o Sudão, que passava por uma transição para a democracia desde a saída do ditador Omar al-Bashir, que governou entre 1989 e 2019.

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O presidente da União Africana pediu em um comunicado que os líderes políticos do Sudão sejam soltos. Os Estados Unidos e a União Europeia expressaram preocupação com os acontecimentos desta segunda.

Jeffrey Feltman, o enviado especial dos EUA para a região, disse que o governo americano está “profundamente alarmado” com a notícia. Ele havia se reunido com autoridades sudanesas no fim de semana para tentar resolver a crescente disputa política entre líderes civis e militares.

O chefe de relações exteriores da União Europeia, Joseph Borrell, afirmou que está acompanhando os eventos no Sudão com “a maior preocupação”.

Volker Perthes, representante da Organização das Nações Unidas (ONU), afirmou que a entidade está “profundamente preocupada com relatos de um golpe em curso no Sudão”.

O aeroporto de Cartum foi fechado e os voos foram suspensos, segundo a TV Al-Arabiya. A internet na capital do Sudão foi cortada.

O Ministério da Informação afirmou que militares invadiram a sede de uma televisão na cidade de Omdurman, na região metropolitana de Cartum, e prenderam os funcionários da emissora.

A Associação de Profissionais do Sudão (SPA), principal grupo dos protestos contra o Omar al-Bashir, convocou greve geral e desobediência civil contra o golpe militar.

“Convocamos as massas para que saiam às ruas e as ocupem, fechem todas as estradas com barricadas, façam uma greve geral, não cooperem com os golpistas e usem a desobediência civil para enfrentá-los”, disse o grupo em um comunicado.

Informações são do G1

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