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Pesquisa arqueológica revela mapa com cidades perdidas de 2,5 mil anos na Amazônia equatorial

Assentamentos cuja ocupação começou por volta de 500 a.C. são mais antigos do que qualquer outra sociedade amazônica complexa já descoberta.

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Mapa lda cidade de Kunguints, na Amazônia equatoriana, revela ruas antigas repletas de casas. (Foto: Antoine Dorison e Stéphen Rostain)

Uma densa rede de cidades interconectadas foi descoberta por arqueólogos na Amazônia, no Vale Upano do Equador. Os assentamentos têm pelo menos 2,5 mil anos e são mais de mil anos mais antigos do que qualquer outra sociedade amazônica complexa conhecida.

A pesquisa foi publicada na quinta-feira (11) na revista Science e revela “mais de 6 mil plataformas de terra distribuídas em um padrão geométrico conectadas por estradas e entrelaçadas com paisagens agrícolas e drenagens fluviais no Vale Upano”.

Stéphen Rostain, arqueólogo da agência nacional de pesquisa da França (CNRS) começou as escavações no vale quase 30 anos atrás. Sua equipe explorou grandes assentamentos, chamados Sangay e Kilamope, e achou montes organizados em torno de praças centrais, cerâmica decorada com tinta e linhas incisas, e grandes jarras contendo os restos da tradicional cerveja de milho, a chicha.

As datas de radiocarbono indicam que os sítios do Upano foram ocupados por volta de 500 a.C. até entre 300 d.C. e 600 d.C.. “Eu sabia que tínhamos muitos montes, muitas estruturas”, disse Rostain à Science. “Mas eu não tinha uma visão completa da região.”

Em 2015, essa situação mudou: o Instituto Nacional de Patrimônio Cultural do Equador financiou um levantamento do vale com uma tecnologia de mapeamento a laser chamada Lidar. O rastreio envolveu aviões que emitiram pulsos de laser na floresta e mediram o caminho de retorno, revelando características topográficas invisíveis sob as árvores.

Graças à tecnologia, os pesquisadores identificaram cinco grandes assentamentos e dez menores em uma área de 300 km², sendo que todos eram densamente povoados com residências e estruturas para cerimônias. Intercalando as cidades, haviam campos agrícolas retangulares e terraços nas encostas onde existiu plantio de milho, mandioca e batata-doce, encontrados em escavações passadas.

Estradas largas e retas, além de ruas entre casas e bairros, conectavam as cidades. As maiores estradas tinham 10 metros de largura e se estendiam por 10 a 20 km. “Estamos falando de urbanismo”, ressaltou o coautor do estudo, Fernando Mejía, arqueólogo da Pontifícia Universidade Católica do Equador.

Os pesquisadores não sabem exatamente quantas pessoas viviam no Vale Upano, mas estimam que o local tenha abrigado pelo menos 10 mil habitantes — talvez até 15 mil ou 30 mil em seu auge, como o arqueólogo Antoine Dorison, outro coautor do estudo, afirmou em entrevista ao jornal britânico The Guardian.

Segundo o estudo, a extensão da modificação da paisagem de Upano rivaliza até com as “cidades-jardim” da civilização maia clássica. E os assentamentos são mil anos mais antigos do que outras sociedades complexas amazônicas, incluindo Llanos de Mojos, um sistema urbano antigo descoberto recentemente na Bolívia.

“Sempre houve uma incrível diversidade de pessoas e assentamentos na Amazônia, não apenas uma forma de viver. Estamos apenas aprendendo mais sobre eles””, concluiu Rostain.

As informações são da Revista Galileu.

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