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Laboratório francês disponibiliza remédio contra malária que dá resultado contra coronavírus

Autoridades destacam que cuidados devem ser mantidos, até que resultados do medicamento seja confirmado.

O grupo Sanofi anunciou nesta quarta-feira (18) que pode disponibilizar imediatamente milhões de doses do remédio antimalária Plaquenil (Cloroquina no Brasil). Segundo o laboratório francês, o volume oferecido poderia tratar potencialmente 300 mil casos de doentes com o novo coronavírus, depois que testes indicaram que a cloroquina dá bons resultados contra o Covid-19. As informações são do jornal Le Figaro e da Rádio França Internacional (RFI)

O estudo realizado por uma equipe médica de Marselha, no sul da França, é encorajador, disse um porta-voz da Sanofi. O laboratório também indicou que está disposto a trabalhar com as autoridades francesas para “confirmar esses resultados”.

A cloroquina, remédio indicado normalmente no tratamento da malária, poderia ajudar no desaparecimento do vírus, afirmou na segunda-feira (16) o professor Didier Raoult, especialista em doenças infecciosas e diretor do Instituto Mediterrâneo de Infecção de Marselha. Ele realizou a pesquisa em 24 pacientes com Covid-19. Seis dias após terem começado a tomar o antimalárico, o vírus tinha desaparecido em 75% deles.

Com o aval das autoridades franceses, novos testes serão realizados por uma outra equipe independente. “Por enquanto, não temos nenhuma prova cientifica de que o tratamento funcione”, antecipou a porta-voz do governo, Sibeth Ndiaye.

Vários especialistas pedem prudência enquanto pesquisas mais aprofundadas não comprovem a eficácia efetiva da cloroquina contra o coronavírus. Eles alertam sobretudo para os efeitos secundários do remédio, principalmente em casos de um uso excessivo.

Pesquisa chinesa

Um primeiro estudo clínico foi realizado e publicado por três pesquisadores chineses na revista BioScience Trends. A pesquisa chinesa foi feita em mais de 10 hospitais de Wuhan, berço da epidemia de Covid-19, Pequim e Xangai, para medir a eficiência da cloroquina no tratamento de pneumonias associadas ao coronavírus.

“Os resultados obtidos até agora, em uma mostra de mais de 100 pacientes, demonstraram que o fosfato de cloroquina é mais eficaz que o tratamento recebido por um grupo comparativo para conter a evolução da pneumonia”, diz o estudo. Também para “melhorar o estado dos pulmões, para que o paciente volte a ter resultado negativo ao vírus e para diminuir a duração da doença”, completa. O artigo foi assinado pelos professores Jianjun Gao, Zhenxue tian e Xu Yang, da Universidade de Qingdao e do Hospital de Qingdao.

“Nós já sabíamos que a cloroquina era eficiente in vitro contra o novo coronavírus. A avaliação clínica na China confirmou”, explicou na época o professor Raoult. “Talvez o tratamento dessa infecção seja o mais simples e mais barato de todas as infecções virais”, afirma o pesquisador, envolvido na detecção do novo coronavírus na França.

Baixo custo

A cloroquina é um medicamento de baixo custo e sem risco, utilizado há mais de 70 anos.

De acordo com os pesquisadores chineses, um tratamento de 500 mg de cloroquina por dia durante 10 dias seria suficiente. “Esse tratamento, que não custa praticamente nada, é uma notícia é extraordinária”, disse o professor Raoult, para quem o antimalárico deve ser privilegiado à pista da vacina, que demoraria mais a ser disponibilizada.

O laboratório francês Sanofi também trabalha no desenvolvimento de uma vacina e anunciou na última sexta-feira (13) a criação de um fundo para apoiar os esforços de pesquisas das equipes dos hospitais públicos de Paris na luta contra o coronavírus.

Cloroquina

A cloroquina é um remédio usado para o tratamento da malária desde a década de 1930. Ela também foi usada no tratamento de doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide.

A droga passou por testes laboratoriais e impediu a entrada do vírus nas células, além de evitar a disseminação das células infectadas. Um estudo publicado pela “Nature” mostrou que a cloroquina bloqueia a infecção por vírus porque altera o pH das estruturas necessárias para o vírus entrar na célula.

“A cloroquina deixa o pH das vesículas internas das células mais alcalino. Os estudos indicam que o fato de alcalinizar essas vesículas impacta na multiplicação do vírus no interior das células. Por modificar drasticamente o interior das células, ela mexe com vários receptores que o vírus usa para se modificar”, explicou o imunologista do Instituto de Ciências Biomédicas da USP Claudio Marinho.

A ação anti-inflamatória do remédio também pode ser efetiva contra o vírus. “A cloroquina diminui a resposta inflamatória que o nosso corpo usa pra destruir o vírus”, disse o professor especialista em medicina tropical da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Marcelo Burattini.

Um pesquisador da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, anunciou que obteve 100% de sucesso nos testes da combinação da hidroxicloroquina (um derivado da cloroquina) com azitromicina (antiinflamatório). De acordo com o pesquisador Gregory Rigano, os 40 pacientes infectados com o vírus deixaram de apresentar infecção depois de 6 dias. O estudo ainda não foi publicado.

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