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Estudo aponta que degradação é principal causa de emissão de carbono em áreas protegidas

Menos visível que o desmatamento, retirada seletiva de espécies causou mais de 75% das perdas de estoques de carbono

A degradação – e não o desmatamento – é a maior responsável pelas emissões de carbono de terras indígenas e áreas protegidas de sete países amazônicos. É o que aponta artigo publicado, nesta segunda-feira (27), na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, citado em matéria do Jornal do Brasil.
A degradação, que é a retirada seletiva de algumas espécies da flora, causou mais de 75% das perdas de estoques de carbono em áreas protegidas e terras indígenas da Amazônia.
Menos visível que o desmatamento – que retira a cobertura vegetal, abrindo clareiras – a degradação torna regiões de floresta mais vulneráveis a queimadas e distúrbios naturais, além de diminuir a densidade de carbono florestal.
Entre 2003 e 2016, terras indígenas e áreas protegidas armazenaram 58% do carbono acima do solo (que fica principalmente no tronco das árvores) da Amazônia. Ainda assim, as mesmas áreas foram responsáveis por 10% da variação líquida negativa de carbono. O lançamento de carbono na atmosfera é a principal causa do aquecimento global.
A pesquisa foi conduzida por entidades de seis países amazônicos (Bolívia, Brasil,Colômbia, Equador, Peru e Venezuela) reunidas na Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (RAISG), juntamente ao centro de pesquisa Woods Hole Research Institute e ao Environmental Defense Fund (EDF), localizados nos Estados Unidos, e ainda à Coica (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia) e ao Ipaam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
“A gente sempre imagina que o desmatamento é a grande causa da perda de carbono, mas nas áreas protegidas a degradação é maior que o desmatamento. Embora a proporção seja menor (do que as emissões de carbono em outras áreas da Amazônia), a gente precisa pensar em políticas sobre degradação”, diz Cícero Augusto, pesquisador do Instituto Socioambiental (ISA) e co-autor do estudo.
Augusto aponta que o acesso para a degradação acontece nas bordas das áreas protegidas e terras indígenas. “A extração ilegal de recursos, as estiagens provocadas pelo clima e as queimadas provavelmente desempenham um papel de grande proporção [para a degradação]”, registra o artigo.
Ainda assim, a proporção das emissões de carbono é muito menor nas áreas protegidas e terras indígenas – 89% das emissões na Amazônia brasileira aconteceram foram dessas áreas até 2016. “O que averiguamos é que do ponto de vista do carbono, as terras protegidas e territórios indígenas estão fazendo um tremendo trabalho amortecendo as perdas, particularmente as associadas com o desmatamento”, disse Wayne Walker, cientista do Woods Hole Research Center, um instituto norte-americano de ciências climáticas citado em publicação do site da revista Exame.
O Brasil foi responsável por 72% das perdas de carbono na região amazônica entre 2003 e 2016, mas a conservação da floresta no conjunto dos países conseguiu compensar 60% dessas emissões.

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