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Economia

Salário de funcionários públicos cresce 23% em três décadas; o do setor privado estagnou

Média de remuneração do funcionalismo é quase o dobro da obtida pelos trabalhadores da iniciativa privada, diz Ipea.

A diferença salarial entre o que é pago para um trabalhador no setor público e privado aumentou nos últimos 32 anos. Entre 1986 e 2017, o salário médio mensal de quem trabalha no setor público cresceu 23,5%, em média, passando de R$ 3,4 mil, em 1986, para R$ 4,2 mil, em 2017. Já os rendimentos do setor privado se mantiveram praticamente estáveis no período: foram de R$ 2,5 mil para R$ 2,4 mil, no mesmo período.

Os dados constam na nova edição Atlas do Estado Brasileiro, levantamento feito por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), publicado nesta sexta-feira. O estudo utiliza como base os dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), que acompanha a evolução do mercado de trabalho formal no país.

O levantamento considera a remuneração de servidores federais, estaduais e municipais. Não entram no cálculo os funcionários das empresas públicas e de capital misto, como Petrobras e Eletrobras.

Também não são considerados fatores como escolaridade e natureza das ocupações. Para os pesquisadores, seria necessário um controle maior dessas especificidades.

“São setores difíceis de serem comparados, tem que ser feita de maneira cuidadosa. Existem carreiras que não são comparáveis, militares, diplomatas, por exemplo, mas é preciso um controle de escolaridade, serviços, que podem influenciar nessa média. O dado tem que ser lido com essa ressalva e vamos olhar isso mais à frente em outros estudos”, afirma Felix Garcia Lopes, um dos autores do estudo.

Salários maiores

Em outubro, um estudo do Banco Mundial apontou que o servidor público federal brasileiro ganha, em média, quase o dobro que o trabalhador do setor privado em área de atuação semelhante. A diferença do chamado “prêmio salarial” é de 96%, a maior entre 53 países pesquisados pelo órgão multilateral. Nos estados, essa diferença chega a 36%.

Segundo a pesquisa do Ipea, as remunerações no setor público ficavam estagnadas ou eram decrescentes de 1986 a 2002, mas passaram a crescer entre 2003 a 2014. Neste último, elas começam a se estabilizar. Se consideradas as três décadas de levantamento, o ganho real anual dos servidores público é de 0,73% ao ano.

Apesar de ser considerado um grande grupo, há diferenças até mesmo dentro do setor público, principalmente na comparação com as remunerações pagas a profissionais que trabalham para o município e para União.

No nível federal, os salários são maiores e, no nível municipal, menores. As remunerações do Executivo municipal, em que estão 60% dos vínculos do setor público, são mais próximas ao setor privado em toda a série, por exemplo.

O Governo Federal tem sinalizado com uma proposta de reforma administrativa que reduza possíveis distorções no sistema. A ideia é quer acabar com a progressão automática no funcionalismo público e passar a promover servidores apenas por mérito.

Com a reforma administrativa, o governo quer reduzir o que considera privilégios de algumas categorias de servidores e cortar as despesas com pessoal, o segundo maior gasto do Executivo, depois da Previdência. Só no ano passado, as despesas com funcionários ativos superaram os R$ 300 bilhões

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