Economia
Pesquisa revela que 98% das escolas terão aumento de mensalidade em 2026; reajustes chegam a 15%
Levantamento feito pela consultoria Meira Fernandes aponta que quatro em cada dez instituições aplicarão correções entre 9% e 10%. Objetivo é recompor equilíbrio financeiro para manutenção das unidades.

Nesta semana em que os estudantes voltaram ou se preparam para voltar às aulas para o segundo semestre letivo, as escolas já trabalham no planejamento do próximo ano. Levantamento feito pela consultoria Meira Fernandes, especializada em instituições de ensino particulares, aponta que 98,76% das unidades vão aumentar as mensalidades em 2026, sendo que quatro em cada dez aplicarão reajustes entre 9% e 10%. Em alguns casos, porém, a correção poderá chegar a 15%.
Mabely Meira Fernandes, diretora jurídica da consultoria, explica que os reajustes têm como objetivo recompor o equilíbrio financeiro necessário para a manutenção das instituições. Entre os fatores citados estão os atrasos e a inadimplência, que comprometem o caixa das escolas, os reajustes salariais de professores e auxiliares e os custos gerados pela nova lei federal que proíbe o uso de celulares em sala de aula.
— Em nosso segmento, não falamos mais em aumento, mas em recomposição, buscando equilíbrio financeiro frente a obrigações legais e demandas operacionais que as escolas precisam cumprir para funcionar de maneira legal — afirma a diretora.
A pesquisa foi realizada entre 12 de junho e 18 de julho pela consultoria que assessora cerca de 1.500 escolas particulares que, juntas, atendem mais de 74.370 crianças e adolescentes. Entre as instituições que aplicarão reajustes, os percentuais serão distribuídos da seguinte forma:
5,59% das escolas – 5% a 6% de aumento
6,21% das escolas – 6% a 7% de aumento
8,70% das escolas – 7% a 8% de aumento
14,91% das escolas – 8% a 9% de aumento
39,75% das escolas – 9% a 10% de aumento
14,29% das escolas – 10% a 11% de aumento
3,11% das escolas – 11% a 12% de aumento
2,48% das escolas – 12% a 13% de aumento
0,62% das escolas – 13% a 14% de aumento
2,48% das escolas – 14% a 15% de aumento
0,62% das escolas – 15% ou mais
Nova lei impactou reajustes
Segundo Mabely, é no mês de julho que as escolas decidem sobre os valores das mensalidades e projetam os custos do ano seguinte por meio de planilhas de custos. No entanto, nem sempre as gestoras conseguem prever e acertar o que virá pela frente.
Ela explica que a previsão feita em julho do ano passado, por exemplo, não considerava os impactos da nova lei sobre o uso de celulares, que entrou em vigor no início deste ano. Com isso, as despesas adicionais decorrentes da medida vêm sendo absorvidas pelas escolas.
Entre as adaptações identificadas pela pesquisa para a nova lei estão:
30% das escolas fizeram investimentos físicos: câmeras, armários, cofres.
14% contrataram ou remanejaram funcionários para monitorar uso de celulares.
45% promoveram treinamentos internos com professores e funcionários sobre a nova lei.
16% buscaram assessoria jurídica educacional.
30% criaram materiais de comunicação sobre a nova política.
53% realizaram eventos de sensibilização com a comunidade escolar sobre os riscos do uso indevido do celular.
25% adquiriram novas ferramentas pedagógicas para substituir o uso do celular em atividades educativas.
21% implementaram programas de bem-estar digital.
De acordo com o levantamento, 47,83% das escolas destinaram entre 1% e 2% do orçamento anual para cumprir as exigências da lei. Outras 26,09% superaram os 2%, chegando, em alguns casos, a mais de 9%.
— A nova lei gerou custos adicionais reais e relevantes que até então, estão sendo absorvidos pelas escolas para que possam cumprir as exigências legais (…) Portanto, sim, essa despesa impacta diretamente na recomposição das mensalidades para 2026 — explica a diretora.
Atrasos e inadimplência
A pesquisa também revelou que quatro em cada dez escolas enfrentam atrasos superiores a 4% nas mensalidades neste ano. Além disso, oito em cada dez instituições já preveem inadimplência efetiva de pais ou responsáveis na virada do ano.
O atraso ocorre quando o pagamento deixa de ser feito dentro do mês, mas ainda há expectativa de quitação até dezembro do ano letivo. Já a Inadimplência efetiva acontece na virada do ano, quando os valores em aberto até dezembro deixam de ser considerados recebíveis e se consolidam como perdas financeiras.
Média de atrasos das mensalidades no primeiro semestre de 2025:
18,01% das escolas – atrasos entre 0,5% e 1%
14,29% das escolas – atrasos entre 1% e 2%
26,71% das escolas – atrasos entre 2% e 3%
19,88% das escolas – atrasos entre 4% e 5%
21,12% das escolas – atrasos acima de 5%
Previsão de inadimplência efetiva das instituições na virada de 2025 para 2026:
34,78% das escolas – 1% a 2%
30,43% das escolas – 2% a 3%
17,39% das escolas – 4% a 5%
8,70% das escolas – 5% a 6%
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