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Economia

Estudo da CNI aponta que 6 em cada 10 indústrias brasileiras adotam práticas de economia circular

Entre as práticas estão a reciclagem de produtos, presente em um terço das empresas (34%), seguida pelo oferecimento de reparo de itens durante o uso (32%).

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Redução de custos, estímulo à inovação e fortalecimento da imagem corporativa. São estes os principais benefícios que práticas de economia circular trazem para a indústria brasileira, de acordo com uma enquete da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que ouviu 1.708 empresas dos setores extrativo, de transformação e da construção civil.

De acordo com o levantamento, realizado entre 3 e 13 de fevereiro, 6 em cada cada 10 indústrias brasileiras já adotam práticas circulares. Entre elas estão a reciclagem de produtos, presente em um terço das empresas (34%), seguida pelo oferecimento de reparo de itens durante o uso (32%) e pela utilização de recurso reciclado ou recuperado em novos produtos (30%).

Os dados foram divulgados nesta terça (13) no Fórum Mundial de Economia Circular (WCEF, na sigla em inglês). O evento, criado em 2017 pelo Fundo Finlandês de Inovação Sitra em parceria com organizações internacionais, ganha sua primeira edição na América Latina nesta semana depois de passar pela Europa, Ásia, África e América do Norte.

Trata-se do maior evento mundial dedicado à transição global de um modelo de economia linear, baseado na tríade extrair, produzir e descartar, para uma economia circular, que propõe uma abordagem sistêmica para reduzir o uso de recursos, minimizar a produção de resíduos e regenerar sistemas naturais.

No contexto industrial, isso se traduz em práticas voltadas à retenção de valor dos materiais, ao reaproveitamento de insumos e ao redesenho de processos produtivos. Isso porque a extração de recursos naturais mais que triplicou desde 1970 e deve aumentar 60% até 2060 em relação aos níveis de 2020. O consumo global de materiais deve dobrar nos próximos quarenta anos enquanto a geração de resíduos pode aumentar até 70% até 2050, num processo considerado insustentável.

A nona edição do fórum, que acontece nesta terça e quarta-feira (14), na Oca, no parque Ibirapuera, em São Paulo, foi produzida numa parceria com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-SP).

Fechado presencialmente para convidados e aberto ao público em sua versão online, o evento reúne lideranças dos setores de negócio, governo, finanças, pesquisa e sociedade civil na busca por soluções para os desafios globais da atualidade a partir de inovações circulares.

“A realização do evento em SP é um passo importante para posicionar a circularidade como um eixo estratégico nas discussões da COP30. O evento permite antecipar soluções que integram inovação, competitividade e compromisso climático”, afirma Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da CNI. “Entendemos que o tema da economia circular é peça-chave para o alcance das metas climáticas e para o desenvolvimento sustentável”, completa.

O estudo da CNI aponta que 58% das empresas entrevistadas acreditam que ações de economia circular contribuem para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Por outro lado, muitas questões sobre o tema não foram respondidas pelas empresas, o que indica o grau de desconhecimento do empresariado sobre o tema. Parte significativa da indústria (43%) por exemplo não sabe quais são as barreiras educacionais e culturais à adoção de práticas circulares pelas empresas.

Entre as barreiras à economia circular identificadas pelas empresas estão a falta de conscientização dos consumidores (25%) e a ausência de estratégias para engajá-los (23%). Do ponto de vista econômico, a taxa de juros de financiamento foi o fator mais citado como obstáculo (22%). A limitação da oferta de soluções circulares economicamente viáveis (20%) e a percepção de que há baixa demanda por esses produtos e serviços (19%) também são citados como entraves.

No campo tecnológico, 30% das empresas destacam a viabilidade econômica das tecnologias como o principal desafio. A ausência de mão de obra qualificada (26%) e a baixa colaboração entre empresas e instituições de ciência e tecnologia (23%) são citadas.

As regulamentações em vigor também são apontadas como fatores que influenciam a adoção de práticas circulares. O governo federal lançou no ano passado uma Estratégia Nacional de Economia Circular e aprovou, na semana passada, um Plano Nacional de Economia Circular.

No caso das normas tributárias, 45% das empresas consideram que a atual estrutura dificulta a implementação da economia circular.

Questionadas sobre medidas prioritárias que o governo poderia adotar no campo regulatório, 53% das empresas sugerem a simplificação das normas. A convergência entre regulamentações federais, estaduais e municipais (31%) e o alinhamento entre regulações ambientais, sanitárias e tributárias (23%) foram citados em seguida.

O levantamento indica que a presença de práticas de circularidade varia bastante entre diferentes setores. Entre as empresas que afirmam adotar medidas circulares em alta proporção estão as de calçados (86%), biocombustíveis (82%), equipamentos eletrônicos (81%), veículos (81%), coque e derivados de petróleo (80%) e celulose e papel (79%). Já setores como o farmacêutico (33%), da construção civil (39% a 42%) e de impressão (40%) apresentam os índices mais baixos de ações ligadas à economia circular.


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