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Economia

Dólar bate máxima de R$ 4,51, e Bolsa e tem sexta queda com coronavírus no foco

Mercados acionários globais despencam nos EUA e na Europa e podem ter pior semana desde a crise de 2008.

Em mais um dia de quedas expressivas nas bolsas mundiais, causadas pela incerteza trazida pela disseminação global do coronavírus e seus impactos econômicos imprevisíveis, os investidores procuram refúgio no dólar. A moeda americana se mantém em alta nesta sexta-feira, desde a abertura, e bateu em R$ 4,514 na máxima do dia, às 13h01. Agora, a divisa sobe 0,25%, a R$ 4,488, mesmo com intervenção do Banco Central.

“O alastramento da doença justifica o movimento de aversão ao risco dos investidores, que buscam proteção em ativos que representem segurança. Independente das atuações do Banco Central, o viés de apreciação do dólar deverá ter sequência”, disse Ricardo Gomes Silva, diretor da corretora de câmbio Correparti.

Na Bolsa, o Ibovespa (índice de referência da B3) está em queda, seguindo o movimento dos pregões europeus e americanos, mas reduziu as perdas. O Ibovespa recua 0,71% aos 102.256 pontos. No início da tarde, o Ibovespa chegou a perder o patamar de 100 mil pontos e bateu em 99.950 pontos às 12h14.

Na Europa, as bolsas registram fortes baixas e podem ter a pior semana desde 2008, com temor de recessão por causa do coronavírus. Ainda assim, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse que não vai dar estímulo às economias.

Analistas já veem crescimento global abaixo de 3%, o pior desde a grande recessão provocada pela crise de 2008. O Bank of America, que ontem reduziu a estimativa de crescimento para o PIB brasileiro, prevê crescimento de 2,8% da economia internacional neste ano.

O banco Goldman Sachs informou que espera que o coronavírus leve o Federal Reserve (FED, o banco central americano) a reduzir as taxas de juros dos EUA em 75 pontos-base até junho, num total de até três cortes a partir de sua próxima reunião em março.

Nos Estados Unidos, depois de caírem mais de 4% ontem, os principais índices acionários recuam mais de 2% e também caminham para a pior semana desde 2008, ano da crise financeira internacional iniciada pela falência do tradicional banco de investimento americano Lehman Brothers.

No Brasil, o Banco Central (BC) já injetou mais US$ 1 bilhão em contratos de swap cambial, e rolou outros US$ 3 bilhões em operação de linha, como são chamadas as vendas com compromisso de recompra na tentativa que conter a desvalorização do real. Mas o dólar mantém sua trajetória de alta.

Hoje também influenciou a cotação do dólar a tradicional disputa pela formação da Ptax (taxa média do dólar) que liquidará os contratos indexados à moeda estrangeira, com vencimentos em 2 de março.

Cinco pregões de queda

“O Ibovespa caiu pela quinta vez consecutiva, acumulando uma desvalorização de 11,6% nestes pregões. Ontem, teve o menor fechamento desde o dia 10 de outubro de 2019 e agora estamos a quase 16.550 pontos de distância da máxima histórica alcançada no fechamento do dia 23 de janeiro deste ano, quando o índice bateu 119.527 pontos. Nesta sexta, o Ibovespa recua seguindo o pânico que continua se estendendo pelas bolsas globais por conta do coronavírus”, escreveram em relatório os analistas da Rico Investimentos, que afirmam que a volatilidade deve continuar diante da velocidade de disseminação da doença.

Entre as ações mais negociadas do Ibovespa, as ordinárias da Vale (com direito a voto) recuam 1,91% a R$ 43,60; as ON da Petrobras perdem 1,79% a R$ 26,33, enquanto as preferenciais da petrolífera (com direito a voto) perdem 1,90% a R$ 24,81.

Já os papéis de bancos, com peso importante no índice, começaram o dia no campo positivo, perderam força e voltam ao campo positivo neste início de tarde. As ações preferenciais do Bradesco sobem 0,53% a R$ 30,13 e os papéis PN do Itaú avançam 0,10% a R$ 31,10.

Entre as atualizações do coronavírus, estão sendo monitoradas mais de 8 mil pessoas na Califórnia; a Coréia do Sul reportou mais 571 casos nesta sexta-feira, ultrapassando 2.300, e Hokkaido, no Japão, declarou estado de emergência.

Enquanto isso, a Nigéria, país mais populoso da África, confirmou a primeira infecção e no Brasil, passam de 300 os casos suspeitos. México confirmou um caso. Irã e Japão fecharam escolas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse nesta sexta-feira que o surto de coronavírus “está aumentando” e elevou o nível de ameaça mundial para “muito alto”.

Salão cancelado

Enquanto a China tenta retomar a atividade econômica, com reabertura de fábricas, muitas empresas de outros países alertam que o fechamento das indústrias chinesas afetou as cadeias de suprimento, o que causará impacto em seus resultados financeiros.

O Salão do Automóvel de Genebra foi cancelado depois de a Suíça anunciar a proibição de atos públicos ou privados com mais de mil pessoas. Para eventos abaixo de mil pessoas, o governo indicou que cabe aos organizadores avaliarem os risco.

O temor subiu de patamar ontem depois de os Estados Unidos terem informado o primeiro caso do coronavírus no país em uma pessoa que não viajou ao exterior ou que esteve em contato com infectado.

“Quanto mais países enfrentam a epidemia, mais amplos são os potenciais de interrupção econômica e de riscos maiores de recessão”, disse Tai Hui, estrategista de mercado da Ásia do J.P. Morgan Asset Management.

Na China, o mercado recuou mais de 3% e registra maior queda no mês desde maio de 2019. No Japão, índice despencou 9% em fevereiro. Nesta sexta-feira, o índice Nikkei chegou a despencar 5%, mas fechou com queda de 3,67%.

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