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Economia

Depois de ultrapassar 30%, IGP-M cai a 3% e fica mais baixo que IPCA

Inquilinos e proprietários abriram uma longa temporada de renegociações e muitos, inclusive, passaram a refazer seus contratos para abandonar o IGP-M.

Quem passou pela pandemia em um imóvel alugado, em algum momento, inevitavelmente se deparou com o susto: o IGP-M, índice de inflação tradicionalmente usado para reajustar os alugueis, disparou e, nos piores momentos, em 2021, ficou acima dos 30%.

A completa distorção dos resultados, puxado por choques agudos de câmbio e de commodities, causou uma bagunça no mercado.


Inquilinos e proprietários abriram uma longa temporada de renegociações e muitos, inclusive, passaram a refazer seus contratos para abandonar o IGP-M e adotar outros índices menos salgados como indexadores, como o IPCA ou o INPC, os índices de inflação ao consumidor do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Eles também não passaram incólumes aos choqueis nacionais e globais de preços, mas tiveram picos bem menores que os do IGP-M, na casa dos 12%.

Contratos de condomínios, escolas, serviços prestados às empresas e até conta de luz e de telefone são outros que também se acostumaram a usar o IGP-M e tiveram que ser renegociados ou reajustados pelos 30% durante a pandemia.

A situação agora, porém, se inverteu. Ajudado pelas mesmas commodities, atualmente mais estáveis, o IGP-M murchou rapidamente e, em janeiro, já tinha despencado aos 3,8% no acumulado em 12 meses.

O IPCA, por sua vez, que é a referência oficial de inflação do país, está em 5,8%. Isso significa que aqueles que, durante a crise, optaram por trocar um índice pelo outro, agora, vão acabar arcando com um reajuste maior, de novo.

A situação, inclusive, deve durar pelo menos até o fim deste ano: de acordo com as projeções dos economistas, o IPCA deve chegar ao fim de 2023 na faixa dos 5,8%, enquanto o IGP-M deve ficar próximo de 4,6%, pelo Boletim Focus do Banco Central.

“Os preços das grandes commodities, que subiram muito na fase mais aguda da pandemia, estão agora em desaceleração; algumas delas estão perdendo força há mais de dez meses”, disse André Braz, um dos coordenadores do IGP-M na Fundação Getulio Vargas (FGV), entidade responsável pelo índice.

Milho, soja, trigo, alumínio e minério de ferro, todos eles com peso importante no IGP-M, e que não fazem parte do IPCA, são alguns desses produtos que subiram e agora estão ajudando na descida do índice.

“Isso se sustenta pelos efeitos que já estão surgindo dos aumentos de juros nas grandes economias e a desaceleração da demanda, além de uma expectativa ótima de safra de grãos tanto no Brasil quanto em outros lugares”, acrescentou Braz.

Hora de destrocar?

A inversão nas tendências dos índices de inflação não significa, no entanto, que o IGP-M volta a ser melhor para indexar contratos como os dos alugueis, na visão de André Braz.

“O IGP-M nunca foi sugerido como índice de referência para o aluguel, porque ele está muito longe de medir a realidade de preços do mercado imobiliário”, diz o economista. O IGP-M se tornou o indexador mais comum, explica, por uma mera convenção que acabou se estabelecendo por hábito ainda nos anos de hiperinflação, no fim dos anos de 1980 e começo de 1990.

O IPCA e o INPC são índices de preços ao consumidor, o que significa que mostram a variação média apenas dos preços de produtos e serviços usados diretamente pelas pessoas, como combustíveis, os alimentos no supermercado, restaurantes, cursos ou passeios.

Já o IGP-M engloba também a inflação a empresas e indústrias, e por isso capta também preços no atacado e de matérias-primas como os grãos e metais. Isso faz com que acabe sendo muito mais suscetível às flutuações do dólar e das cotações internacionais desses produtos.

De acordo com Braz, afora os anos atípicos da pandemia, os índices sempre costumaram andar mais ou menos no mesmo compasso ao longo do tempo, com o IGP-M ficando mais alto em alguns anos e, em outros, mais baixo.

Atenta ao conflito gerado pelo descasamento visto na pandemia, a FGV lançou no começo de 2022 um índice especializado em captar apenas o que seria a inflação do mercado imobiliário, o IVAR. A ideia foi disponibilizar uma opção mais adequada para que inquilino e locatários ajustem seus contratos.

Atualmente, o IVAR é o mais alto dos índices, e acumula 10,7% nos 12 meses até janeiro.

A informação é da CNN Brasil.

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