Conecte-se conosco

Brasil

Uniões consensuais ultrapassam casamentos no civil e religioso, mostra Censo 2022 do IBGE

Em relação a 2000, houve crescimento dos casamentos somente no civil e das uniões consensuais.

unioes-consensuais-ultrapassam

Em 2022, mais da metade (51,3%) da população de 10 anos ou mais do país vivia em união conjugal, o que representa 90,3 milhões pessoas. Pela primeira vez, o tipo de união mais frequente foi a união consensual (38,9%), que ultrapassou o casamento civil e religioso (37,9%). Em relação a 2000, houve crescimento dos casamentos somente no civil e das uniões consensuais. Por outro lado, caíram os percentuais das pessoas unidas pelo casamento civil e religioso (de 49,4% em 2000 para 37,9% em 2022) e unidas apenas no religioso (de 4,4% para 2,6%).

Os dados são do Censo Demográfico 2022: Nupcialidade e Família: Resultados preliminares da amostra, divulgado hoje (5) pelo IBGE. O evento de divulgação acontece a partir das 10h no Memorial de Sergipe Prof. Jouberto Uchôa, em Aracaju (SE). Haverá transmissão ao vivo pelo IBGE Digital. Os dados poderão ser acessados no portal do IBGE e em plataformas como o SIDRA e o Panorama do Censo. Leia também a notícia sobre famílias.

“O aumento na proporção de uniões consensuais reforça as mudanças comportamentais que têm sido experimentadas na sociedade brasileira, quando as uniões no civil e religioso vem perdendo espaço para as uniões não formalizadas. No entanto, vale ressaltar que as uniões consensuais podem ser registradas em cartório ou não”, ressalta Luciene Longo, analista da pesquisa.

unioes-consensuais-ultrapassam

Em 2000, menos da metade da população vivia em união (49,5%), chegando a 50,1% em 2010 e atingindo os 51,3% em 2022. A proporção de pessoas que não viviam em união conjugal, mas já viveram, também cresceu no período, saindo de 11,9% em 2000 para 14,6% em 2010 e atingindo 18,6% em 2022, um aumento de 56,3% considerando todo o período. Por outro lado, houve redução no percentual de pessoas que nunca viveram em união, com queda de 38,6% em 2000 para 35,4% em 2010 e chegando a 30,1% em 2022.

Entre os estados, em 2022, Santa Catarina (58,4%), Rondônia (55,4%) e Paraná (55,3%) tinham os maiores percentuais de pessoas vivendo em união conjugal, enquanto Amapá (47,1%), Distrito Federal (47,7%) e Amazonas (48,1%) tinham os menores. O Rio de Janeiro destacou-se por ter o maior percentual de pessoas que viveram dissoluções da união conjugal (21,4%), seguido por Bahia (20,4%) e Sergipe (20,1%). Os menores percentuais estavam em Santa Catarina (16,1%), Pará e Mato Grosso (16,9%, ambos).

Mulheres se unem mais novas, mas diferença em relação aos homens diminuiu

Os dados mostram que mulheres mais novas, com idade até 39 anos (42,9%), estavam unidas em uma proporção mais elevada do que homens do mesmo grupo etário (35,8%). Entre os 40 e 49 anos, isso se inverte, com maior proporção de homens unidos (23,2% versus 23,1% para mulheres), chegando há uma diferença de quase 6 pontos percentuais entre as pessoas de 60 anos ou mais (22,5% e 16,7%, respectivamente).

“Isso reflete a maior expectativa de vida das mulheres. Com uma maior longevidade feminina, aumenta a proporção de mulheres nunca unidas e aquelas que passam a viver sem os seus cônjuges ou companheiros, seja por separação ou viuvez, fazendo com que a proporção de homens que vivem em união seja maior a partir dos 60 anos de idade”, observa Luciene.

A idade média à primeira união mostrou uma ligeira tendência de crescimento nas últimas décadas. Em 1980, era de 24,1 anos; em 1991, 24,3 anos; em 2000, 24,2 anos; em 2010, 24,4; e em 2022 passou a 25,0 anos de idade. Homens continuam se unindo em idades superiores, no entanto, essa diferença diminuiu ao longo dos anos: enquanto em 2000 e 2010 era em torno de 3 anos, em 2022 passou para 2, 7 anos. O Sudeste (25,9) apresentou a maior idade médias ao se unir pela primeira vez, tanto para homens (27,2) quanto para mulheres (24,6).

unioes-consensuais-ultrapassam

Já a distribuição por cor ou raça das pessoas que viviam em união mostra que indígenas, pretos e pardos optaram em maior proporção pela união consensual, com percentuais de 56,0%, 46,1% e 43,8%, respectivamente. Entre os brancos e amarelos, as maiores proporções uniram-se pelo casamento civil e religioso (46,0% e 48,2%).

unioes-consensuais-ultrapassam

Brancos se unem mais entre si

A prática de casamento ou união dentro do próprio grupo de cor ou raça ou educacional configura a endogamia. Mesmo com valores ainda altos de endogamia, um aumento da exogamia vem sendo observado: 67,0% das pessoas de 10 anos ou mais de idade estavam unidas a pessoas do mesmo grupo de cor ou raça, enquanto, em 2000, esse percentual era 70,9% e em 2010 era 69,3%.

“Cor ou raça, escolaridade e religião são importantes na escolha do cônjuge, dado que essas características representam atributos pessoais, convivência e grau de comprometimento da união. No entanto, as uniões endogâmicas tendem a diminuir com o tempo, considerando que a convivência com as diferenças nas características pessoais pode contribuir para a quebra de fronteiras sociais, tornando as uniões mais heterogêneas entre os cônjuges”, analisa Luciene.

Em 2022, a endogamia foi mais forte nos grupos de brancos (70,4%), seguida dos pardos (69,7%) e dos indígenas (51,0%).

As diferenças entre homens e mulheres foram mais marcantes em relação às pessoas de cor ou raça preta. Mulheres pretas tenderam a escolher homens pretos em maior percentual (48,0%) do que homens pretos em relação a mulheres do mesmo grupo (39,3%).

Em termos educacionais, a endogamia também foi preponderante, pois 58,2% uniram-se a pessoas com o mesmo nível de instrução, mostrando redução após o crescimento observado entre 2000 e 2010 (de 63,0% para 68,2%).

Em 2022, as mulheres mostraram menor seletividade do que os homens, pois 52,3% das mulheres com superior completo estavam unidas a homens desse mesmo grupo, enquanto 68,5% dos homens com esse nível de instrução estavam unidos a mulheres do mesmo grupo. “Isso possivelmente está associado a ganhos mais recentes no nível de instrução feminino”, pontua a analista.

União consensual tem maiores proporções entre jovens, sem religião e menores rendimentos

As uniões consensuais eram mais frequentes entre pessoas até 39 anos, concentrando 56,2% delas em 2022, evidenciando uma importante relação geracional. Já entre as uniões formais (casamento no civil e no religioso) há preponderância entre as pessoas de 40 anos ou mais (76,3%).

“A união consensual estava mais presente entre as pessoas em condições socioeconômicas mais precárias, na medida em que as pessoas nas faixas de menor rendimento domiciliar per capita tiveram maior representação nesse tipo de união”, avalia Luciene. Para aqueles cujo rendimento era de até ½ salário-mínimo, 52,1% das uniões eram consensuais. À medida que o rendimento aumenta, maiores são as proporções de casamento civil e religioso, chegando a 54,3% para aqueles cujo rendimento era de mais de 5 salários-mínimos.

O estado conjugal está relacionado a escolhas individuais, mas é também influenciado pelas convicções religiosas. Entre os que optaram pelo casamento civil e religioso, houve uma maior frequência de católicos (40%) ou evangélicos (40,9%), enquanto a união consensual foi a principal escolha para os sem religião (62,5%).

unioes-consensuais-ultrapassam

Em 2022, chamou a atenção o elevado percentual de pessoas que viviam em união consensual nas unidades da federação das regiões Norte e Nordeste do país: no Amapá, por exemplo, esse percentual chegou a 62,6%, mesmo tendo recuado um pouco em relação a 2010 (63,5%).

Quase 80% dos casais do mesmo sexo estavam em uniões consensuais

Em 2022, uniões entre pessoas do mesmo sexo corresponderam a 0,7% do total de unidades domésticas (cerca de 480.000), um crescimento expressivo em relação a 2010, quando representavam 0,1% das unidades domésticas (cerca de 58.000). Em relação à natureza da união, 77,6% das uniões homoafetivas eram consensuais e 13,5% apenas no civil.

unioes-consensuais-ultrapassam
A distribuição por sexo das pessoas nesse tipo de união mostrou que 58,2% eram constituídas entre mulheres e 41,8% entre homens. Esses valores mostram uma maior proporção de uniões entre mulheres em relação a 2010, quando os percentuais eram 53,8% e 46,2%, respectivamente.

Em relação ao nível educacional, houve um aumento das pessoas em uniões homoafetivas que declararam ter superior completo, indo de 25,8% em 2010 para 31,0% em 2022.

Em termos religiosos, permanece a predominância de pessoas católicas (45,0%), seguida por pessoas sem religião (21,9%), assim como em 2010 (47,4% católicas e 20,4% sem religião). Outras religiões somavam 19,5% e evangélicos tinham a menor proporção (13,6%) em 2022.

Regionalmente, o Sudeste é a grande região onde há maior presença dessas uniões, concentrando 48,1% dos casais de mesmo sexo, mesmo tendo diminuído em relação a 2010, quando foi 52,6%.

Mais sobre a pesquisa

O Censo Demográfico 2022: Nupcialidade e Família: Resultados preliminares da amostra traz informações referentes à nupcialidade das pessoas de 10 anos ou mais de idade, com desagregação por estado conjugal e natureza da união conjugal, além de dados de família detalhados por existência ou não de famílias conviventes, quantidade de componentes e composição familiar. Os resultados estão desagregados também por idade, sexo, cor ou raça, grandes grupos de religiões declaradas, nível de instrução e classes de rendimento per capita, e serão disponibilizados para Brasil, grandes regiões, estados e municípios e outros recortes geográficos compostos a partir de municípios


Clique para comentar

Faça um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

4 × três =