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Brasil

Estresse térmico pode afetar um bilhão de vacas na Amazônia e no mundo, diz pesquisa

Quase oito em cada dez vacas em todo o planeta já apresentam sintomas associados ao estresse térmico severo: temperaturas corporais altas, taxas de respiração aceleradas, cabeças abaixadas e respiração ofegantes.

Até ao final do século, estima-se que mais de um bilhão de vacas do planeta possam sofrer de estresse térmico se o aquecimento global continuar inabalável, ameaçando a sua fertilidade, produção de leite e vidas.

Quase oito em cada dez vacas em todo o planeta já apresentam temperaturas corporais excessivamente altas, taxas de respiração aceleradas, cabeças abaixadas e respiração ofegantes —sintomas associados ao estresse térmico severo.

Em climas tropicais, 20% dos bovinos apresentam esses sintomas durante todo o ano. É previsto que estes números aumentem se a pecuária continuar a se expandir nas bacias da Amazônia e do Congo, onde as temperaturas estão em vias de subir mais rapidamente do que a média global, de acordo com uma pesquisa publicada na quinta-feira (24), na Environmental Research Letters.

Se as emissões de gases com efeito estufa que provocam o aquecimento climático continuarem subindo, o estudo prevê que o estresse térmico se tornará um problema durante todo o ano no Brasil, no sul de África, no norte da Índia, no norte da Austrália e na América Central até 2100.

“Um determinante muito importante de quantas vacas estão expostas a este calor são as decisões sobre a mudança no uso da terra”, disse a principal autora do estudo, Michelle North, da Universidade de KwaZulu-Natal, na África do Sul.

“O desmatamento das florestas tropicais para a expansão da pecuária não é um futuro de desenvolvimento viável, porque agrava as alterações climáticas e irá expor mais centenas de milhões de cabeças de gado a um grave estresse térmico”, acrescentou.

O estudo concluiu que, no pior cenário, a criação de gado quase duplicará na Ásia e na América Latina e aumentará mais de quatro vezes na África.

As projeções dos cientistas indicam que as vias de desenvolvimento que aumentam o número de gado na Índia e expandem a produção de gado na Bacia do Congo e na Amazônia peruana e brasileira poderão expor mais de 537 milhões de cabeças de gado a condições de estresse térmico até 2090, em comparação com o número de bovinos de 2010.

Perda de meios de subsistência

Se os gases com efeito estufa forem suficientemente controlados —principalmente através da redução da utilização de combustíveis fósseis e da limitação da expansão da pecuária— o número de vacas que sofrem poderá ser reduzido para metade na Ásia e em quatro quintos em África.

Os pecuaristas comerciais podem perder muito dinheiro com o estresse térmico. Somente nos Estados Unidos, o problema já custa até US$ 1,7 bilhões de dólares anualmente. Mas estes criadores geralmente têm seguros, boas relações com os bancos e a capacidade de recorrer a empréstimos para os ajudar a recuperar de perdas relacionadas com o calor, disse North.

No entanto, quando o calor ou outras catástrofes climáticas atingem os pequenos agricultores, “podem fazer com que estes percam literalmente os seus meios de subsistência, mesmo que as perdas líquidas possam parecer ‘insignificantes'”, detalha ela.

Michelle North e a sua equipe descobriram que a oferta global de leite poderá ser reduzida em 11 milhões de toneladas por ano até 2050, num cenário de elevadas emissões de gases com efeito estufa. Se as emissões forem reduzidas de forma agressiva, quase metade dessa quantidade ainda seria perdida, principalmente na Ásia e em África, onde a oferta de leite já é baixa.

No curto prazo, para reduzir as consequências das vacas superaquecidas, os pesquisadores sugerem o fornecimento de acesso à sombra e ventiladores, além da alimentação ser oferecida no início do dia.

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