Brasil
Suspeito de pedofilia, professor de jiu-jítsu do Amazonas é preso em Santa Catarina
A prisão ocorreu após a Diretoria de Inteligência da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) pedir apoio operacional para localizar e prender o suspeito.
O mestre de jiu-jítsu Alcenor Alves Soeiro, de 56 anos, do Amazonas, foi preso, sábado, em Balneário Camboriú, litoral norte de Santa Catarina, suspeito de cometer crimes de abuso e exploração sexual de alunos crianças e adolescentes. A prisão foi em cumprimento a mandado de prisão temporária expedido pela Justiça do Amazonas pelos crimes de estupro de vulnerável e exploração sexual de menores.
Alcenor era considerado foragido da Justiça amazonense. A prisão ocorreu durante um evento esportivo, do qual o suspeito participava como treinador. De acordo com a Polícia Civil de Santa Catarina (PC-SC), a prisão ocorreu após a Diretoria de Inteligência da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) pedir apoio operacional para localizar e prender o suspeito.
“Após diversas diligências e trocas de informações entre as polícias dos dois estados, foi possível identificar o local onde o indivíduo se encontrava”, informou a instituição policial catarinense.
A prisão foi realizada por agentes da Delegacia de Capturas da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Decap) que monitoraram o local, identificaram o suspeito e o prenderam. A prisão foi confirmada pelo Delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina (PC-SC), Ulisses Gabriel. De acordo com a autoridade policial, o suspeito iria fugir para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
A Associação dos Profissionais de Educação Física do Estado do Amazonas (Apefam) e a Federação Amazonense de Jiu-jítsu Profissional (Fajjpro) emitiram notas sobre a prisão do mestre de jiu-jítsu. A Apefam pediu a suspensão das atividades do suspeito. A Fajjpro repudiou os crimes e informou que acredita na investigação das autoridades competentes.
Durante coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (25/11), a delegada Deborah Ponce de Leão, adjunta da Depca, disse que no dia 12 de novembro, a Depca recebeu uma denúncia sobre o homem ter abusado sexualmente dos seus atletas, entre os anos de 2011 a 2018.
“As investigações apontam que ele teria abusado de meninos que são campeões mundiais de jiu-jítsu e os teria explorado sexualmente, oferecendo presentes e favores, comprando kimono, mediando passagens e estadias para disputa de campeonatos”, contou a delegada.
Segundo a delegada, os abusos sexuais eram praticados durante as estadias e na casa do investigado, onde ele as dopava para consumar os delitos. Em alguma das situações, o indivíduo dava banho nas vítimas, que já eram adolescentes, e aproveitava a ocasião para tocar em suas partes íntimas.
“Um dos atletas começou a ser abusado sexualmente em meados de 2018, quando tinha 9 anos. Diante de todos esses relatos, nós angariamos o indício da autoria, a materialidade, e representamos pela prisão temporária dele”, disse a delegada.
De acordo com a delegada, o indivíduo foi preso em Balneário Camboriú, no estado de Santa Catarina, enquanto participava de um campeonato com os seus alunos.
“Ele será recambiado para Manaus o mais rápido possível, já estamos trabalhando nisso. Até o momento, temos cerca de 12 vítimas e temos uma média de seis vítimas ainda para serem ouvidas. Possivelmente, depois da prisão do autor, pode ser que apareçam outras vítimas”, falou a delegada.
“Esses garotos, no primeiro momento, tinham um encantamento pelo autor, uma vez que ele é um professor renomado de jiu-jítsu, mas só depois de um tempo eles perceberam o que realmente estava acontecendo. As vítimas, inclusive, tinham vergonha de contar para os seus pais e esse foi um ponto que precisou ser alcançado pela equipe multidisciplinar”, mencionou a delegada.
A delegada reforçou que os pais e responsáveis precisam estar vigilantes em quem acompanha os seus filhos nos treinos e nos campeonatos, ou de preferência, que os acompanhem de perto a rotina dos atletas.
“Caso não seja possível acompanhá-los, é necessário, também, que os pais conversem e orientem os seus filhos para quando voltarem das viagens, que eles falem os detalhes do que aconteceu”, enfatizou a delegada.
Ainda conforme a delegada, a equipe de investigação teve acesso a mídias pornográficas envolvendo possíveis vítimas, mas os materiais estão em sigilo. Além disso, há a informação de que o indivíduo pretendia fugir para Dubai.
“Ele chegou a coagir algumas vítimas, às procurando para pedir perdão, e a uma delas, inclusive, o autor chegou a oferecer que ela fosse em seu lugar para a viagem para Dubai. O professor ainda entrou em contato com a mãe dessa vítima, como uma espécie de coação para que a situação fosse abafada”, explicou a delegada.
O professor responderá por estupro de vulnerável e favorecimento sexual e está à disposição da Justiça, aguardando recambiamento para Manaus.
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