Brasil
Servidor relata ao Supremo pedido de dados para vincular Lula a facção criminosa
Clebson Vieira relatou ao STF que diretora na gestão de Jair Bolsonaro pediu análise de dados que vinculasse Lula a facção criminosa

O Supremo Tribunal Federal foi alvo de uma tentativa de atentado na noite dessa quarta-feira (14/11). (Foto: Reprodução Hugo Barreto/Metrópoles)
Clebson Ferreira de Paula Vieira, ex-analista de inteligência da Coordenação-Geral de Inteligência do Ministério da Justiça na gestão de Anderson Torres, relatou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que suas análises de dados, feitas no âmbito da função, foram usadas para fins políticos nas eleições de 2022.
Em depoimento prestado ao STF nesta segunda-feira (14/7) como testemunha de acusação, Clebson revelou que foi pedido a ele um cruzamento de dados de eleitores no segundo turno das eleições de 2022 com territórios que poderiam ser dominados por facções criminosas, como o Comando Vermelho (CV).
Clebson foi questionado por um dos advogados dos réus sobre mensagem que enviou à esposa à época. No texto à mulher, Clebson relatou que a subsecretária de Inteligência pediu que fosse realizada uma correlação estatística de votos em áreas dominadas por facções criminosas. A intenção seria verificar se Luiz Inácio Lula da Silva (PT), então candidato, tinha mais votos em regiões dominadas pelo CV.
A mensagem do servidor do MJ, segundo ele, foi um desabafo. “Surgiu uma demanda daquelas, diretamente da diretora (Marília Alencar). Eu estou muito mal, mas tenho que acelerar”, disse à ex-esposa em 21 de outubro de 2022.
O ex-analista acrescentou que a subsecretária de Inteligência pediu a elaboração de uma análise dos perfis dos eleitores. Clebson disse ter mapeado, a pedido de Marília Alencar (ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça), os municípios em que Lula concentrou mais de 75% dos votos.
Ela teria pedido a ele ainda a impressão do documento envolvendo os eleitores de Lula. A tabela foi elaborada no Microsoft Power BI (Business Intelligence), ferramenta de visualização de dados que permite monitorar e analisar indicadores-chave.
Questionado pela procuradora Gabriela Starling por que se “declarou muito mal” com o uso de seu trabalho, Clebson respondeu:
“Porque a gente que trabalha na atividade de inteligência há alguns anos, a gente luta por conta da atividade de inteligência imparcial, ética e, quando vê pessoas, com o mínimo possível de autoridade, tentando destoar disso, a gente fica triste. A gente fica perdido. Nossos líderes, nossas cabeças, com o comportamento que vai contra nossa doutrina, da nossa própria inteligência, especificamente sobre isso”, explicou.
Segundo Clebson, o pedido de Marília foi no sentido de tentar identificar municípios que pudessem concentrar maior número de votos de Lula no sentido “mais absurdo”. Disse ainda que os dados sobre a base de Jair Bolsonaro foram “ignorados”. “Depois de um certo tempo, foi pedido só Lula. Estavam em folhas diferentes [o BI sobre os dados de Lula e Bolsonaro]”, contou.
O STF ouve, nesta segunda-feira, por videoconferência, testemunhas de acusação dos núcleos 2, 3 e 4 nas ações que apuram a suposta trama golpista para impedir a posse do presidente eleito em 2022.
PRF
Os integrantes do núcleo 2 são acusados de ter usado a máquina pública, como a Polícia Rodoviária Federal (PRF), para dificultar o acesso de eleitores aos locais de votação no segundo turno das Eleições 2022, especialmente no Nordeste, maior reduto eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), então concorrente de Jair Bolsonaro na disputa presidencial.
Segundo a PGR, Vasques, Marília e Fernando coordenaram o emprego das forças policiais para sustentar a permanência ilegítima de Bolsonaro no poder. Pela denúncia, Mário Fernandes ficou responsável por coordenar as ações de monitoramento e neutralização de autoridades públicas, em conjunto com Marcelo Câmara, além de realizar a interlocução com as lideranças populares ligadas ao 8 de Janeiro.
As informações são do Metrópoles.
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