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Relatório da Abin confirma tentáculos dos violentos cartéis mexicanos de drogas agindo nas fronteiras da Amazônia

No ano passado, o jornal Estado de S. Paulo (Estadão) informou que cartéis de drogas de Miami, Medellín e Sinaloa mantêm um Estado paralelo no Alto Solimões, no Amazonas.

Um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) mostra que os dois principais cartéis mexicanos buscam expandir seus tentáculos para o Brasil. A Abin apontou pontos cruciais para o movimento: o “combate intensivo” ao crime organizado no México, que fez os cartéis focarem na exportação, e o fato de o Brasil representar “importante espaço de consumo e trânsito de drogas”. As informações são da coluna de Paulo Cappelli, no site Metrópolis.

“Reconhecida pela extrema violência, que os colocam entre as mais perigosas do mundo, as organizações mexicanas seguem expandido influência nos países produtores, consumidores e de trânsito de drogas, como o Brasil”, anotou trecho do documento.

No ano passado, o jornal Estado de S. Paulo (Estadão) informou que cartéis de drogas de Miami, Medellín e Sinaloa mantêm um Estado paralelo no Alto Solimões, no Amazonas. O Estadão teve acesso a informações sigilosas que fazem parte de investigações sobre o contexto do desaparecimento do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips e que revelam a existência de uma cadeia criminosa em plena atividade pelos rios, florestas e cidades da tríplice fronteira com a Colômbia e o Peru.

Segundo o jornal, à época, dos três cartéis internacionais, o de Medellín predomina no Alto Solimões, região que compreende os municípios de Tabatinga, Benjamin Constant e Atalaia do Norte, no Amazonas. Eles já atuavam em sociedade com facções brasileiras.

Um policial federal ouvido pelo Estadão sob anonimato disse que traficantes que dominam as calhas dos rios Ituí, Itaquaí e Javari são só a base de uma rede maior. Eles atuam como “capatazes” para intermediários que, em cidades como Tabatinga, assumem negócios legais, como restaurantes, cafés e hotéis, para lavar dinheiro. Esses intermediários prestam contas a líderes dos cartéis internacionais.

A Abin apontou especial preocupação com os cartéis Sinaloa e Jalisco Nueva Generacíon (CJNG), formado a partir de uma dissidência do primeiro. Mostrando precisão, o relatório foi produzido na mesma época em que as duas organizações criminosas firmaram parceria com a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) no Brasil.

A preocupação de o CJNG se instalar no Brasil chamou a atenção da Abin em especial por conta de uma característica do cartel. Ele é conhecido pelo uso extremo da violência contra rivais e forças de segurança. Foi dessa forma que expandiu sua influência da costa do Pacífico ao Golfo do México.

“Além de dedicar-se ao tráfico de drogas, [o CJNG] dedica-se também aos crimes de extorsão e sequestro, roubo de veículos e tráfico de armas (diversificação da economia criminal). Também se especializou em oferecer serviços de lavagem de dinheiro em paraísos fiscais para outras facções e até para grupos empresariais”, anotou a Abin.

O assassinato do candidato presidencial do Equador Fernando Villavicencio pôs em evidência o pequeno país latino-americano antes conhecido pela economia estável e dolarizada e por sua relativa segurança, se comparado aos países vizinhos.

Mas a crise de insegurança que culminou com o crime não é novidade: é resultado, entre outras razões, da reconfiguração das rotas de tráfico na região. Hoje, quase um terço da cocaína colombiana sai da América do Sul em direção aos Estados Unidos por portos equatorianos.

Segundo autoridades equatorianas, as duas maiores facções criminosas do país, Los Choneros e Los Lobos, são apoiadas financeiramente e recebem armas dos dois principais cartéis mexicanos, respectivamente: o Cartel de Sinaloa e o Cartel Jalisco Nova Geração (CJNG), que disputam o controle das rotas de cocaína no Equador.

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