Conecte-se conosco

Brasil

Região Norte tem 2º maior índice de subsídio governamental a empresas de ônibus e 2º menor salário médio de motoristas, aponta CNT

No Norte, de acordo com a pesquisa, o salário médio dos motoristas é de R$ 2.567,83, R$ 480,03 menos que o da Região Sul.

Motoristas de ônibus estão incluídos na determinação. (Foto: Reprodução)

A Região Norte é a segunda do país onde mais empresas de transporte coletivo de passageiros mais recebem subsídios do governo. O salário médio dos motoristas de ônibus na região Norte é o segundo menor. Os dados são da Pesquisa CNT Perfil Empresarial 2023, divulgado nesta terça-feira (08/08) pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), com o apoio da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU).

Na Região Norte, 50% das empresas informaram receber verbas do governo para ajudar a pagar seus custos, diz a pesquisa. A região Centro-Oeste é a que concentra mais subsídios: 66,7% das empresas disseram receber verba de governo. Sudeste e Sul têm os menores percentuais, com 36,8% e 26,5%, respectivamente.

No Norte, de acordo com a pesquisa, o salário médio dos motoristas é de R$ 2.567,83, R$ 480,03 menos que o da Região Sul, de R$ R$ 3.047,86, que tem a maior média do País. Uma diferença de 18,69%.

A pesquisa aponta que a pandemia de Covid-19 reduziu diretamente a quantidade de passageiros no transporte coletivo e fez crescer o número de cidades que pagam subsídios, ou seja, injetam dinheiro público nas empresas de ônibus urbanos quando a tarifa paga pelos passageiros é considerada insuficiente para custear o sistema.

Antes da crise sanitária, 25 sistemas de ônibus urbanos tinham subsídios, número que foi ampliado para 63 até julho de 2023, passando de 132 para 163 cidades atendidas. Entre fevereiro de 2020 e maio de 2022 foram implementadas 153 ações pontuais de concessão de recursos públicos para tentar diminuir o impacto da pandemia no transporte público e garantir a continuidade da oferta do serviço.

De acordo com o levantamento, quando questionadas, ao menos 39,1% das empresas entrevistadas disseram receber dinheiro governamental. Outros 51,15% não contam com aporte público e 9,8% não souberam ou não quiseram responder.

“O incremento das medidas de trabalho remoto e híbrido, como home office, fez com que muitas viagens deixassem de ser realizadas de modo definitivo”, afirma o estudo. Houve uma queda de 32,6% no número de viagens entre 2019 (pré-pandemia) e 2021.

A pesquisa foi realizada por meio de questionário estruturado em entrevista por telefone, email e formulário eletrônico, entre 3 de abril a 12 de maio de 2023. Ao final, 174 entrevistas acabaram validadas. A margem de erro dos dados é de 5,5 pontos percentuais, com 95% de nível de confiança.

De acordo com o estudo, o setor conta com 1.577 empresas de ônibus urbanos em operação no Brasil e, aproximadamente, 107 mil ônibus.

O trabalho, de 128 páginas, explica que o ônibus responde por aproximadamente 90% do transporte coletivo do país.

“A pesquisa mostra as principais características, dificuldades e benefícios prestados pelas empresas do transporte rodoviário urbano de passageiros em todo o país”, afirma Bruno Batista, diretor-executivo da CNT.

“Esse serviço vem sofrendo com atuações concorrentes de empresas irregulares, aumento da violência, falta de priorização no espaço urbano e forte elevação de custos. Ainda assim, movimenta milhões de passageiros todos os dias, gera milhares de empregos e contribui significativamente para o desenvolvimento do Brasil”, completa.

Violência

O estudo ainda aborda a violência. Das empresas entrevistadas, 59,2% disseram ter sido vítimas de assaltos no último ano. Também ao serem questionadas, 40,2% afirmaram que no mesmo período sofreram depredações e 20,1% tiveram veículos incendiados.

A falta de segurança pública é apontada no estudo entre os fatores que sobrecarregam os custos do transporte público.

“[Assalto e vandalismo] são alguns exemplos de custos que oneram o serviço, mas não estão sob a influência da gestão operacional das empresas”, aponta o documento, que cita que 81,6% das concessionárias entrevistadas têm câmeras no interior dos coletivos.

Ao todo, 90,2% das concessionárias afirmaram ter veículos que circulam sem cobradores (60,5% adotam esse modelo em toda a frota). O documento lembra que essa é uma realidade que vem sendo adotada por diversas cidades nas últimas décadas, motivada pela adesão de passageiros a meios eletrônicos de pagamentos.

Nas entrevistas, 91,4% das empresas informaram disponibilizar sistema de bilhetagem eletrônica para pagamento de tarifa.

O estudo diz que a retirada do cobrador, além de proporcionar maior segurança à operação, pois desestimula o pagamento em dinheiro, reduz a probabilidade de assaltos e gera maior agilidade nos processos de embarque e desembarque. Mesmo assim, atraso é apontado como maior queixa de usuários.

Apesar de gerar cerca de 315 mil empregos diretos, o setor demitiu mais de 90 mil pessoas, apenas entre 2020 e 2021.

De acordo com as empresas, 67,8% disseram não usar corredores exclusivos – apenas 6,3% rodam mais de 20% nestas faixas apenas para ônibus. “Esses resultados reforçam a necessidade de implementação de políticas mais abrangentes de priorização do sistema de transporte público coletivo no Brasil”, afirma o relatório.

DESTAQUES DA PESQUISA

TARIFA

36,2% têm a tarifa paga pelo passageiro como a única forma de remuneração definida em contrato
51,1% não recebem qualquer subsídio do governo
56,9% consideram a dificuldade em reajustar o valor das tarifas como principal problema
18,5% dos passageiros recebem algum tipo de benefício tarifário
PAGAMENTO

91,4% utilizam o sistema de bilhetagem eletrônica
75,8% implementaram pagamento com cartão de transporte como forma de substituição ao cobrador
SUSTENTABILIDADE

74,7% monitoram o uso de combustível
74,1% acompanham a geração de resíduos
VIOLÊNCIA

59,2% foram vítimas de assalto no último ano
40,2% sofreram ato de depredação no último ano
20,1% tiveram veículos incendiados no último ano
CUSTOS

74,1% consideram preço do diesel a principal dificuldade enfrentada
72,4% indicaram a manutenção do veículo como o fator que mais sobrecarrega os custos das empresas

Veja neste link  a íntegra da pesquisa.

Clique para comentar

Faça um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

11 + dois =