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Queimadas: Norte e Centro-Oeste lideram queda na avaliação do governo Lula sobre meio ambiente, aponta Ipec

Entre eleitores de Lula, a avaliação negativa subiu nove pontos, para 19%.

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Fumaça encobre Porto Velho. (Foto: Silas Paixão).

Mesmo com percepção geral de melhora em comparação à gestão de Jair Bolsonaro (PL), o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vê crescer a avaliação negativa em áreas como meio ambiente e segurança pública, de acordo com dados inéditos da última pesquisa Ipec divulgada pelo jornal O Globo.

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queimadas-derrubam-avaliacao-dPara especialistas, os números refletem, por um lado, o impacto de crises recentes, como o avanço das queimadas; mas, por outro, sinalizam uma resiliência da rejeição ao petista em uma parcela significativa do eleitorado, fruto do cenário de polarização desde o pleito de 2022.

Segundo o levantamento do Ipec, divulgado anteontem, 35% dos entrevistados consideram o governo Lula ótimo ou bom, percentual quase idêntico aos 34% que avaliam a gestão como ruim ou péssima. A pesquisa mostrou ainda que, para 38%, a situação do país melhorou em comparação ao período que antecedeu a presidência de Lula, enquanto 34% consideram que piorou. A margem de erro é de dois pontos.

Na avaliação por temas específicos, no entanto, em quase todos a atuação do governo é mais apontada como negativa que como positiva. A exceção é a área de educação, em que 37% avaliam a atual gestão como ótima ou boa, enquanto 34% a consideram ruim ou péssima — três pontos a mais do na pesquisa anterior, de abril.

Na comparação com a última pesquisa do Ipec, o maior salto na percepção negativa ocorreu no meio ambiente, até então uma das áreas em que o governo era mais bem avaliado. Agora, 44% consideram que a gestão de Lula é ruim ou péssima nesta área, 11 pontos a mais do que no levantamento de abril.

O período foi marcado por enchentes no Rio Grande do Sul e, mais recentemente, por queimadas que atingem diversos estados, e principalmente biomas como a Amazônia e o Pantanal, em meio à pior seca já registrada no país.

A reprovação ao desempenho do governo no meio ambiente cresceu mais nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde se localizam esses dois biomas, e no interior do país, mais atingido por queimadas.

A diretora do Ipec, Márcia Cavallari, observa que também piorou a percepção do governo na segurança pública, tema que vem perpassando campanhas eleitorais. Além disso, em áreas como combate ao desemprego e inflação, apesar de indicadores positivos recentes, o índice de avaliação negativa sobre o papel do governo ficou quase inalterado.

— No caso do meio ambiente, os números refletem a cobrança ao governo por ações que possam prevenir ou minimizar a ocorrência de queimadas. Mas também é possível que uma parte relevante das avaliações negativas venha de pessoas contrárias ao presidente Lula, e que por mais que se faça não vão avaliar positivamente. Basta reparar que só 8% dos que votaram em Bolsonaro em 2022, segundo a pesquisa, consideram que a situação do país melhorou no atual governo, enquanto 70% dos eleitores de Lula acreditam nisso — diz Cavallari.

A crise no meio ambiente, embora tenha gerado piora na percepção inclusive entre eleitores lulistas, foi recebida de forma mais negativa por quem votou em Bolsonaro. Segundo o Ipec, 69% dos eleitores bolsonaristas de 2022 consideram a atuação do governo ruim ou péssima na área, uma alta de 14 pontos frente a abril. Entre eleitores de Lula, a avaliação negativa subiu nove pontos, para 19%. Mesmo com uma queda em relação a abril, porém, 48% dos lulistas avaliam a gestão como ótima ou boa neste tema.

Em entrevistas recentes, Lula tem repetido que o governo “está trabalhando muito”. Nesta semana, em participação na Rádio Norte do Amazonas, o presidente se referiu desta forma à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e buscou reforçar ações de seu governo em outras áreas sensíveis, como o combate ao crime organizado, que também associou ao desmatamento.

Demora para resposta

Mesmo com a crise das queimadas, o entendimento no Palácio do Planalto é que os esforços necessários para conter os incêndios têm sido feitos pelos ministérios, o que inclui a atuação de Marina. No caso das queimadas, ainda não há no horizonte da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) uma campanha específica para alertar a população sobre os focos de incêndio e os cuidados a serem tomados. Procurados via assessoria de imprensa, a Secom e o Ministério do Meio Ambiente não responderam.

O entorno do ministro Paulo Pimenta, que retornou anteontem ao posto — após ficar quatro meses na pasta de reconstrução do Rio Grande do Sul — diz que esse tema será um dos trabalhado por ele a partir da próxima semana.

Auxiliares do Planalto entendem que há certa demora, desde o início do governo, na resposta a crises que atingem a gestão, o que abre brecha para propagação de desinformação. Nesta semana, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, convocou uma entrevista para anunciar ações da pasta e prestar orientações à população, em meio às queimadas, iniciativa que interlocutores de Lula cobram de outras pastas.

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