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Presidente da Conafer é preso pela CPMI do INSS; entidade é suspeita de desviar dinheiro de aposentados

A prisão ocorreu, segundo a CPMI, porque o depoente mentiu ao colegiado, mesmo após ter se comprometido a falar a verdade.

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Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), ouvido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura irregularidades em descontos nos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), foi preso em flagrante na madrugada desta terça-feira (dia 30). Durante o depoimento, que começou às 16h de ontem e se estendeu até tarde, ele negou que a entidade estivesse envolvida no esquema de fraudes que desviou dinheiro de aposentadorias e pensões para associações, confederações e sindicatos. Os descontos eram feitos sem a autorização dos segurados.

Segundo o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), o depoente mentiu ao colegiado, mesmo após ter se comprometido a falar a verdade.

Ainda de acordo com o presidente da CPMI, o presidente da Conafer ocultou informações e tentou convencer os parlamentares de que a operação era regular. O entendimento foi o de que ele cometeu crime de falsidade ideológica.

“Sei que nossa voz de prisão se repetirá, a pessoa será ouvida e liberada, mas há um grito na garganta de todos os brasileiros em relação a essa impunidade…. O senhor está preso em nome dos aposentados, viúvas e órfãos do Brasil e aqui quem mente paga o preço” afirmou Viana.

Depoimento

Durante seu depoimento, Carlos Roberto Ferreira Lopes admitiu que 71 mil reclamações de descontos não autorizados feitos pela Conafer era um número elevado, mas disse que a entidade restituiu todos os aposentados e pensionistas que “reclamaram da prestação do serviço”.

A questão é que associações e confederações como a Conafer associaram segurados do INSS sem a autorização dos mesmos, na maioria dos casos, com a falsa promessa de que prestariam assistência aos idosos, o que de fato não acontecia. Segundo investigações da Polícia Federal (PF), era apenas um meio de desviar dinheiro do INSS.

Ainda segundo Lopes, a Conafer pediu ao INSS para firmar um termo de cooperação técnica com o instituto entre 2011 e 2012, que só teria sido aceito em 2017. Até 2025, disse ele, a confederação reuniu 620 mil associados, ganhando “em torno de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões”.

“Eu vou lhe corrigir: a CGU (Controladoria-Geral da União) colocou mais de R$ 800 milhões de desconto associativo, rebateu Alfredo Gaspar.

‘Mortos ressuscitados’

O depoente Lopes também disse que desconhecia a prática de “ressuscitar mortos” para a assinatura de descontos associativos. Segundo uma auditoria feita pela Controladoria-Geral da União (CGU), apontou o presidente da CPMI, uma amostra das autorizações de descontos em benefício da Conafer revelou que 100% delas eram irregulares.

“Em 2021, a Conafer fez o milagre de ressuscitar 87 mortos para desconto associativo. Em 2022, o milagre da ressurreição caiu para 61. Em 2023, o milagre explodiu, 2.083 ressuscitados. Em 2024, 1.135, segundo dados da CGU” disse Gaspar.


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