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Brasil

Pesquisa aponta que origem da Amazônia pode estar ligada ao asteróide que matou os dinossauros

No Dia da Amazônia, celebrado anualmente em 5 de setembro, descubra um pouco dos fatores que se uniram para formar um dos ecossistemas mais complexos do planeta.

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Amazônia, maior bioma brasileiro, a maior floresta tropical do mundo e o berço da maior biodiversidade do planeta. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Quando se fala em Amazônia, os dados são todos superlativos. Considerada o maior bioma brasileiro, a maior floresta tropical do mundo e o berço da maior biodiversidade entre as florestas tropicais do planeta, segundo informam dados do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, sua origem é alvo de estudos há tempos.

Por isso, entender qual é a origem da Amazônia e como a floresta se formou se torna tão importante para conservá-la. Uma das hipóteses para responder à essa pergunta é a de que o asteroide que caiu na Terra no final do período Cretáceo – e que teria dizimado os dinossauros – também pode ter sido o ponto de partida para o surgimento das atuais florestas tropicais na América do Sul, segundo informa um artigo da revista científica “Science”.

Atualmente, a floresta amazônica está presente em nove países da América do Sul – Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa, além, é claro, do Brasil – e ocupa 40% do território do continente, alcançando aproximadamente 5 milhões de km². Se fosse um país, a Amazônia ocuparia o sétimo lugar em tamanho no mundo, continua a fonte.

Os contornos da Amazônia foram reconhecidos em 5 de setembro de 1850, dia que marca a criação da Província do Amazonas pelo imperador brasileiro D. Pedro 2º. Também é nesta data que se comemora anualmente o Dia da Amazônia, cujo foco é chamar a atenção para a preservação do ecossistema.

Mas o que já se sabe sobre a origem da Amazônia e como ela se formou? O site National Geographic foi buscar algumas respostas baseado em pesquisas.

Asteróides atingiram a Terra há cerca de 3,8 a 4 bilhões de anos – em um processo que os cientistas chamam de Bombardeio Intenso Tardio, uma misteriosa chuva de asteróides e cometas. Milhões de anos depois, um outro asteróide também marcou a vida no planeta ao dizimar diversas espécies vivas da época incluindo plantas e dinossauros.

Será que o asteróide que matou os dinossauros ajudou a criar a Amazônia?

Segundo a “Science”, a origem da floresta como a conhecemos hoje e de sua “impressionante biodiversidade” foi buscada na análise de 50 mil amostras de pólen fossilizado e de mais de 6 mil folhas de árvores da região amazônica.

Essa investigação conduzida por cientistas de universidades e institutos de Europa, China, Estados Unidos parte da América do Sul defende que o impacto do asteróide que matou os dinossauros afetou mais as plantas do tipo gimnospermas (como as coníferas), as quais – segundo a fonte – eram maioria na atual região amazônica. Já as plantas do tipo angiospermas (aquelas que possuem flores e frutos) se adaptaram melhor ao novo cenário e passaram a dominar o solo nos milhões de anos seguintes.

Além disso, “as mudanças geológicas que a Amazônia ocidental experimentou — montanhas subindo, costas se deslocando, rios mudando de curso”, teriam favorecido “explosões de especiação”, ou seja, um boom de espécies novas que foram evoluindo, como detalha um outro artigo publicado no site da “Science” intitulado “Como a Amazônia se tornou um caldeirão de vida”.

O Mar do Caribe está ligado ao surgimento da Amazônia de hoje

Esse mesmo texto ressalta que há menos de 10 milhões de anos o Mar do Caribe banhava parte do continente sul-americano. “Nesta época, os organismos teriam que se adaptar a um mosaico de biomas que variavam entre salgado e doce, aquático e terrestre — aumentando a diversidade”, diz.

A chegada do oceano mais de 2 mil quilômetros adentro no continente sul-americano ajudou a criar um vasto pântano estuarino pontilhado de ilhas durante o Mioceno (de 23 a 5 milhões de anos atrás), explica.

Outra investigação também defende a importância do mar na formação do bioma amazônico. A pesquisa publicada no “Journal of South American Earth Sciences” por uma equipe brasileira liderada pelo geólogo Roberto Ventura Santos, da Universidade de Brasília (UnB) e replicada no site “Pesquisa Fapesp” (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) defende que em algum momento passado, “a água do mar, com os organismos que carrega, pode ter vindo também do sul e não apenas do norte, como já se sabia”.

Esse fator se soma à interação evolutiva de milhões de anos que resultou na incontestável riqueza biológica amazônica. O texto da Fapesp indica que aumentou para 65 milhões de anos o “conhecimento sobre a história geológica e ambiental da Amazônia”. “Até então os estudos minuciosos como esse chegavam a até 20 milhões de anos atrás”.

O artigo da “Science”, por sua vez, também reforça essa tese: “Estou 100% positivo de que pelo menos duas vezes na longa história da América do Sul, o Caribe invadiu a costa norte do continente e derramou-se na Amazônia ocidental”, diz Carlos Jaramillo, paleontólogo do Instituto Smithsonian de Pesquisa Tropical na Cidade do Panamá no texto.

“Para os defensores desse cenário, fósseis de plâncton, moluscos e peixes marinhos, bem como espécies atuais como os botos da Amazônia, fornecem um suporte poderoso” ao surgimento de espécies, continua a “Science”.

Ainda para a publicação, Christopher Dick, biólogo evolutivo da Universidade de Michigan, completa: “Temos cerca de 300 espécies de árvores no leste da América do Norte. Na Amazônia ocidental, temos 300 espécies de árvores em um único hectare”. Ele considera a região amazônica que inclui partes de Peru, Equador, Colômbia e noroeste do Brasil, “é a região mais diversa do mundo em termos de plantas”, finaliza Dick.

Atualmente, estima-se que existam pelo menos 40 mil espécies de plantas, 2,5 mil de peixes e 425 de mamíferos na Amazônia, indica a Fapesp. De todas as formas, os estudiosos em uníssono garantem que ainda há muito o que investigar quando o assunto é a Amazônia.


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