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Brasil

Operação militar na Amazônia contra desmatamento gastou só 0,7% do que prometeu, diz jornal

O recurso total disponível até o momento, na realidade, tem limite de R$ 7,5 milhões.

Liderada pelo vice-presidente Hamilton Mourão, a ‘Verde Brasil 2’ foi anunciada com o aporte ‘inicial” de R$ 60 milhões por meio de decreto do presidente Bolsonaro por meio de uma ação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). As informações são do jornal O Estrado de S. Paulo.

A operação Verde Brasil 2, iniciada em 11 de maio, chamou a atenção ao ter orçamento mensal estipulado em R$ 60 milhões, conforme anúncio feito pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo e por Hamilton Mourão. Na prática, uma parcela ínfima desse recurso foi efetivamente aplicado nas ações contra os crimes na floresta.

Os números oficiais, informados pelo próprio Ministério da Defesa, foram compilados pelo jornal Estado de S. Paulo (Estadão), com apoio da organização Contas Abertas. Os dados do governo frustram até mesmo o valor oficialmente autorizado até agora para a Verde Brasil 2. O recurso total disponível até o momento, na realidade, tem limite de R$ 7,5 milhões.

Se a execução financeira da Verde Brasil 2 está emperrada, o mesmo não se pode dizer sobre o pagamento de várias operações militares antigas, realizadas pela Defesa em 2019 ou em anos anteriores, também por meio de ações inseridas na GLO. Trata-se de outras operações prévias, que estavam com dívidas em aberto, os chamados “restos a pagar”. Os dados apontam que, só neste ano, foram desembolsados mais de R$ 35,655 milhões para pagar essas despesas.

A reportagem questionou o Ministério da Defesa sobre a falta de execução dos recursos. Inicialmente, por meio de nota, o Ministério da Defesa declarou que “o assunto recursos está sendo equacionado no âmbito do Conselho da Amazônia Nacional da Amazônia Legal, responsável pela coordenação do tema”.

Numa segunda abordagem, ao ser perguntado sobre os dados detalhados que foram apurados, a Defesa admitiu que, na realidade, ainda não recebeu nada do que estava previsto, especificamente, para sua nova operação militar na Amazônia. “Uma vez que os fundos específicos para a Operação Verde Brasil 2 ainda não foram disponibilizados pela área econômica, o Ministério da Defesa adiantou recursos orçamentários previstos específicos da rubrica de (Garantia da Lei e da Ordem) GLO para o pagamento de horas de voo iniciais da operação”, informou.

O ministério citou operações anteriores e declarou que, “para cumprir estas e outras missões de GLO, e não prejudicar a atuação das tropas e o resultado da missão, as Forças Armadas adiantam os custos, utilizando seus próprios recursos orçamentários, enquanto não há o repasse dos recursos específicos”.

Em princípio, a investida militar teria duração de um mês, mas foi renovada em 10 de junho para mais um mês. Na divulgação da operação, o Ministério da Defesa declarou que foi mobilizado um efetivo de 3,8 mil profissionais e de 110 viaturas. Na semana, em algumas bases já montadas, militares tiveram agendas canceladas, quando deveriam sair para ações em campo.

Reportagem do Estadão publicada no mês passado revelou que os resultados divulgados da operação Verde Brasil 2 também foram turbinados com dados de ações que não tiveram nenhum apoio militar e que, em algumas situações, se valeram de apreensões que ocorreram antes mesmo de ação fardada ser iniciada. É esse o caso de uma grande operação feita na primeira quinzena de abril, quando uma equipe de agentes do órgão fez diversas incursões nas terras indígenas.

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