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Brasil

Morre Lô Borges, compositor que inovou na MPB e músico do grupo Clube da Esquina

O artista estava internado após uma intoxicação medicamentosa.

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O cantor e compositor Lô Borges morreu nesse domingo (2), em Belo Horizonte. O artista de 73 anos estava internado desde o dia 17 de outubro, devido a uma intoxicação por medicamentos. No último dia 25, ele foi submetido a uma traqueostomia – o procedimento foi feito com o objetivo de oferecer mais conforto ao paciente.

Lô precisou passar por hemodiálise e chegou a entrar entrou em estabilidade hemodinâmica e metabólica, com bom controle da oxigenação. A informação foi divulgada na última sexta-feira pelo Hospital Unimed Contorno, em Belo Horizonte, onde o artista está internado há 15 dias. O boletim foi assinado pelo médido Lucas Viegas Martins, coordenador da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Unimed Contorno.

O músico de 73 anos precisou de internação após apresentar uma reação alérgica por uso de medicamentos e chegou a dar entrada ao hospital em estado grave, conforme a família.

Salomão Borges Filho, conhecido pelo nome artístico de Lô Borges, é um dos fundadores do movimento Clube da Esquina, na década de 1960, em Belo Horizonte, e tem várias composições de sucesso ao lado de Milton Nascimento e outros artistas mineiros, que ficaram marcadas na cena da MPB brasileira. Entre elas, “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”, “O Trem Azul” e “Paisagem da Janela”.

Ele nasceu em 10 de janeiro de 1952 na capital mineira, local onde viveu praticamente a vida inteira.

São cerca de 16 álbuns lançados na carreira, entre eles, o icônico Clube da Esquina, de 1972, assinado pelo artista e por Milton Nascimento. Esse disco que já chegou a ser eleito o nono melhor álbum de todos os tempos pela publicação norte-americana “Poste Magazine”, em 2024.

A família ainda não se pronunciou sobre a morte do artista. Outros detalhes como sepultamento ainda não foram divulgados.

Salomão Borges Filho ou, como ficou conhecido, Lô Borges. O cantor, compositor e multi-instrumentista nasceu em 10 de janeiro de 1952, em Belo Horizonte. Os primeiros passos na música começaram ainda na infância, aos nove anos de idade, após ganhar o primeiro violão.

De lá para cá, foram mais de cinco décadas dedicadas à carreira musical. Lô Borges lançou 16 álbuns, muitos deles marcados pela participação de amigos, como Elis Regina, Tom Jobim, Skank e 14 Bis. Mas a parceria mais emblemática da trajetória do músico foi ao lado de Milton Nascimento.

No programa “Conversa com Bial”, transmitido em 2023, Lô Borges contou que conheceu Bituca quando criança e o artista passou a ensiná-lo sobre música:

‘E aí, aos meus dez anos de idade, aconteceu muita coisa: eu conheci o Bituca, com dez anos. ‘Você gosta de música né menino? Você gosta de música né?’ Eu falei que meus irmão se meus pais adoravam música e que tocavam música. Aí ele fala assim: ‘eu acho que eu conheço algum dos irmãos mais velho. Estou para ir na sua casa. Eu conheço seus irmãos’. Aí ele passou a frequentar minha casa. Eu costumo dizer que é difícil de esquecer’, contou.

Ao lado de Bituca, Lô Borges foi um dos fundadores do movimento musical Clube da Esquina, que surgiu na capital mineira nos anos de 1960 e reuniu outros grandes artistas, como Toninho Horta, Beto Guedes, Wagner Tiso e Ronaldo Bastos. A parceria do grupo rendeu a eles o título de um dos melhores álbuns de todos os tempos no ranking da revista norte-americana “Paste Maganize”, pelo álbum lançado em 1972.

Em 2023, Lô falou ao site CBN sobre o amor pela composição de músicas:

‘Eu sou um cara muito aficionado pela a composição sabe? Porque é o meu fascínio pelo desconhecido. Eu tenho um fascínio de fazer o que eu nunca fiz, de criar uma canção inédita. Então isso faz parte do meu cotidiano, como tomar banho, me alimentar, tomar água. É aquela coisa da faca amolada: se ficar muito tempo sem compor, a faca fica cega’.

Lô Borges escreveu sucessos como “Trem Azul”, “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”, “Paisagem da Janela” e “Tudo O Que Você Podia Ser”, que compôs com o irmão Márcio Borges.

Violonista e guitarrista, Lô sempre se comunicou com vários instrumentos musicais. Inclusive, suas composições costumavam nascer, justamente, a partir de um instrumento.

‘Cada álbum que eu faça abre-se um portal para mim diferente de acordo com o instrumento que eu escolho para começar a compor. Em “Chama Viva”, com Patricia Maês, era no órgão e eu nunca tinha composto do órgão. Aí eu achei um portal compondo no órgão, uma coisa deliciosa. Em “Não Me Espere Na Estação” eu comecei a tocar guitarra, veio a primeira música, veio a segunda e é isso, sempre os portais que vão se abrindo para cada disco”.

Em 2022, ao completar 50 anos de música e 70 anos de idade, Lô gravou um álbum, ao vivo, com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Captado em áudio e vídeo em duas apresentações, o concerto gerou um registro audiovisual lançado um ano depois.

O último álbum de Lô Borges foi lançado em 2024. Intitulado “Tobogã”, nasceu de uma amizade à distância com a amiga e poeta Manuela Costa. O trabalho, com 12 faixas autorais e inéditas, homenageia o pai do artista, Salomão Borges, que morreu em 2014.

Lô Borges deixa esposa e um filho.


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