Brasil
Mais da metade dos brasileiros nunca visitaram a Amazônia e só 35% reconhecem que há grandes cidades na região, aponta pesquisa
Painel “O que o Brasil pensa da Amazônia” da Assobio mostra que a floresta segue no imaginário nacional como “pulmão do mundo”, mas a COP30 pode romper com esse estereótipo.
A maioria dos brasileiros ainda enxerga a Amazônia como um território distante, mítico e intocável. É o que mostra a pesquisa “O que o Brasil pensa da Amazônia”, encomendada pela Associação dos Negócios de Sociobioeconomia da Amazônia (Assobio), em parceria com a FutureBrand São Paulo e apoio do Fundo Vale.
A pesquisa foi o foco principal do painel “O que o Brasil pensa da Amazônia”, realizado no dia 19/11, no barco Banzeiro da Esperança, ancorado no Porto Futuro II, em Belém. Entre os dados da pesquisa, um deles chama a atenção: 65% dos brasileiros afirmam desconhecer a Amazônia, seja por nunca terem visitado ou por só acompanharem quando a floresta vira notícia nacional. O levantamento revela também o que os brasileiros sentem pela Amazônia: 47% sentem admiração, 39% orgulho e 27% fascínio.
Outro dado surpreendente é que apenas 35% reconhecem que há grandes cidades na Amazônia. “A Amazônia não é só desmatamento e problemas ambientais. Existe um modelo econômico chamado de sociobioeconomia que comprova que é possível desenvolver e produzir com os insumos da floresta, gerar renda, conservar a natureza e fortalecer comunidades locais. É isso que estamos mostrando nesta COP”, destaca Paulo Reis, presidente da Assobio.
O estudo também aponta que o termo bioeconomia ainda é pouco conhecido dos brasileiros. Só 34% dizem compreender o conceito, geralmente associado à sustentabilidade. Mesmo assim, 82% acreditam ser possível desenvolver a Amazônia sem destruí-la, e 83% enxergam no consumo de produtos amazônicos uma forma de apoiar comunidades locais.
O consumo, porém, ainda é restrito: 54% não encontram produtos amazônicos onde vivem, e 34% não sabem identificá-los. Por outro lado, 84% confiam em selos e certificações para garantir origem e responsabilidade ambiental, e 42% demonstram interesse em consumir produtos da bioeconomia, especialmente de alimentação (84%) e cosméticos (80%).
A pesquisa foi lançada durante a Climate Week, em Nova York, e serve como termômetro para o debate que deve ganhar força para além do período da COP30, em Belém. “A Amazônia não cabe em um único modelo. É um território diverso, com realidades e maturidades socioeconômicas muito distintas. Por isso, nosso foco tem sido construir arranjos de impacto positivo adaptados às realidades e necessidades de cada localidade. A COP está aproximando o mundo, mas especialmente o Brasil, da Amazônia”, afirma Márcia Soares, gerente de Amazônia e Parcerias do Fundo Vale.
O levantamento reforça que, mais do que um bioma, a Amazônia é um espelho do país e pode se tornar um modelo econômico para o mundo.
Há números promissores: 83% dos entrevistados acreditam que consumir produtos amazônicos apoia comunidades locais, e 82% concordam que é possível aliar desenvolvimento sem destruir a floresta.
Outro dado aponta para um potencial crescimento: 42% demonstram total interesse no consumo destes produtos, especialmente nas categorias de alimentação (84%) e cosméticos (80%). Para os consumidores, estes carregam atributos de naturalidade, originalidade e benefícios à saúde.
A confiança, porém, depende de certificações: 84% as consideram fundamentais para assegurar origem e responsabilidade ambiental.
Os resultados mostram uma relação contraditória: enquanto 47% dos entrevistados sentem admiração pela Amazônia e 39% demonstram orgulho, a região é percebida como um território “mítico” e inacessível, congelado no tempo e “distante da realidade urbana brasileira”.
Apenas 35% dos brasileiros reconhecem que a região abriga grandes cidades urbanizadas, revelando o quanto estereótipos ainda moldam o imaginário nacional. Para a maioria, a floresta permanece associada ao “misticismo e, paradoxalmente, à destruição ambiental”.
Um dos destaques apontou para uma contradição no comportamento dos consumidores: embora 81% declarem economizar água e energia e 74% separem lixo para reciclagem, apenas 15% consideram a sustentabilidade um tema de real interesse no cotidiano.
No que se refere aos produtos amazônicos, 60% afirmam consumi-los com frequência, mas as principais barreiras são preço elevado e a dificuldade de acesso. Já entre os que não consomem, 54% não encontram os produtos onde vivem e 34% não sabem identificálos.
A Assobio é uma associação representativa, que reúne 126 pequenos e médios empreendimentos, que visam proteger e promover a sociobiodiversidade da Amazônia, integrando aspectos socioeconômicos e ambientais. Fundada em 2023, é resultado de um ecossistema cada vez mais importante na região e que incentiva uma economia verde, que gera emprego e renda nas cidades amazônicas. Os 126 negócios somados geram mais de R$52 milhões em renda por ano; mais de mil empregos diretos e promovem o impacto positivo em mais de 70 mil pessoas. Acesse o site: www.assobio.org
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