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La Niña deve aliviar o calor na Região Norte, aponta Nota Técnica do Cemaden

No verão, os modelos climáticos são incertos, mas a maior probabilidade é de fazer menos calor no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

A Região Norte poderá ter mais chuvas, especialmente o Amapá. Já no Sudeste e em parte do Centro-Oeste o impacto deverá ser na redução do calor, na primavera. E, no verão, os modelos climáticos são incertos, mas a maior probabilidade é de fazer menos calor no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

A informação é de uma Nota Técnica preparada para a Casa Civil do governo federal pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), prevendo que este ano o Brasil não terá um clima normal. Mas, ao menos, deve haver alívio para o calor escaldante, que bate recordes de temperatura mensais desde setembro de 2023. Há 90% de probabilidade de uma La Niña substituir a partir de julho o El Niño.

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la-nina-deve-e-aliviar-o-calorA Nota considera que existe a possibilidade de haver calor anômalo em parte do Sudeste. E que as Niñas também podem provocar extremos de chuva no Sudeste, Norte e Nordeste, mas ainda é cedo para saber se isso ocorrerá.

Provocada pelo resfriamento do Oceano Pacífico Tropical, a La Niña é o oposto do El Niño e deve refrescar boa parte do Brasil e do mundo. Como seu “irmão” climático, a Niña é um fenômeno global com impacto em todos os continentes. Com ela, são esperadas frentes frias mais intensas e prolongadas. O alívio do calor é bem-vindo, mas, como o Niño, a Niña também é uma anomalia e pode provocar secas e chuvas torrenciais.

O que os cientistas dizem ser impossível de saber com certeza agora será a intensidade da Niña. Esse tipo de fenômeno pode ressurgir em intervalos de tempo que variam de 2 a 7 anos. O episódio mais recente registrado perdurou de julho de 2020 a fevereiro de 2023. E as Niñas costumam ser mais prolongadas do que os Niños.

Já o atual El Niño perde potência rapidamente, mas deve se manter ativo até maio. E, enquanto isso, continuará a causar anomalias, como calor acima da média em todo Brasil, chuvas intensas no Sul e incêndios em Roraima. Mantidas as condições atuais do Pacífico, junho será um mês de transição.

A La Niña promete trazer bem-vindas chuvas para todo o semiárido.

Já para o Sul o cenário continua muito desfavorável. A Niña ameaça secar a Região Sul, com consequências para a agricultura e a geração de energia elétrica.

“O Sul que enfrenta desde 2023 chuvas torrenciais associadas ao El Niño, continuará a sofrer, desta vez com o problema contrário. É ruim porque a região já sofreu muito com a seca da La Niña passada”, destaca o diretor de Operações do Cemaden, Marcelo Seluchi.

Ele explica que é cedo para saber como o fenômeno deverá se comportar com precisão. Para fazer a Nota Técnica, os cientistas se basearam no ocorrido em “anos análogos”, nos quais houve transição rápida de El Niño para La Niña. O normal é que esses fenômenos sejam intercalados por anos de normalidade. Os anos considerados análogos foram 2016, 2010, 2007, 1998 e 1995.

“Não é simples prever o que vai acontecer no fim do ano. Os modelos têm boa confiabilidade para os próximos três meses. Vamos sempre atualizando, mas a partir de maio nos baseamos no que ocorreu em períodos semelhantes”, diz Seluchi.

O atual El Niño foi precedido por três anos consecutivos de La Niñas, o que segurou a elevação de temperatura em parte do país, mas causou grandes prejuízos ao Sul do Brasil.

Estudos internacionais sugerem que as mudanças climáticas podem fazer com que La Niñas consecutivas sejam intercaladas por um ano de El Niño. Como ambos os fenômenos são extremos e acentuam os efeitos das mudanças climáticas. Mas é prematuro afirmar se é isso que está ocorrendo.

Além da influência das mudanças climáticas, preocupa a situação do Oceano Atlântico, que continua excepcionalmente quente. Com isso, mais calor vai para a atmosfera, contribuindo para desestabilizar o clima.

Também preocupa o Pantanal. Ele está sob seca e temperaturas elevadas. Mas o Pantanal, assim como o restante do Centro-Oeste e do Sudeste, não sofre uma influência clara nem do El Niño nem da La Niña.

O Pantanal enfrentou os piores incêndios de sua história, em 2020, durante uma La Niña. A seca intensa de 2021 também foi sob uma Niña. Porém, o bioma continua a sofrer com extremos de calor e seca sob o El Niño.

Seluchi destaca que no caso do Pantanal a maior influência é a das mudanças climáticas e do uso da terra, com o desmatamento no planalto onde nascem o Rio Paraguai e os demais que dão vida ao bioma.

“O Pantanal sofre claramente com mudanças climáticas. As chuvas estão diminuindo nas últimas décadas”, enfatiza ele.

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