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Brasil

Hamilton Mourão minimiza fala de Bolsonaro sobre revelar países que importam madeira ilegal

Vice-presidente da República afirmou que Jair Bolsonaro se referia a empresas e não a governos estrangeiros; presidente citou tecnologia para rastreamento de madeira usada pela Superintendência da Polícia Federal do Amazonas.

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) minimizou nesta quinta-feira (19) a declaração de Jair Bolsonaro (sem partido) na cúpula dos Brics, quando o mandatário ameaçou divulgar lista com países que compraram madeira ilegal do Brasil. Mourão disse que Bolsonaro estava se referindo a empresas e não a governos estrangeiros. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

“Não é o país, é a empresa. O presidente deixou claro que são as empresas, ele deixou muito claro isso aí”, disse Mourão, que coordena o Conselho da Amazônia.

Na terça-feira (17), em reunião virtual do grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, Bolsonaro disse que sua política ambiental sofre “ataques injustificáveis”.

Na cúpula dos Brics, o presidente não nomeou países ou detalhou a tecnologia de rastreamento da PF, mas a Folha mostrou que ele se referia a uma operação da corporação que foi apresentada a um grupo de embaixadores estrangeiros levados por Mourão para uma viagem para a Amazônia.

A operação Arquimedes da PF resultou na apreensão de 120 contêineres com 2.400 m³ de madeira extraída ilegalmente e que seria vendida para empresas importadoras na Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França, Itália, Holanda, Portugal e Reino Unido.

“Isso já tinha sido informado de forma geral na nossa viagem com os embaixadores. [É uma] apresentação que o superintendente regional da PF em Manaus fez e isso vai ser apresentado a posteriori. É questão de empresas, o presidente deixou muito claro”, afirmou Mourão nesta quinta. O vice-presidente disse ainda que o tema é de cooperação internacional.

Apesar da fala do vice, a ameaça feita por Bolsonaro foi criticada reservadamente por diplomatas por criar um clima de confrontação com países europeus. Além do mais, a divulgação de qualquer lista acusando governos estrangeiros de comprar madeira ilegal obrigaria esses países a responder publicamente, o que aumentaria as tensões.

A tecnologia para o rastreamento de madeira citada por Bolsonaro é usada pela Superintendência da Polícia Federal do Amazonas. O objetivo é analisar as moléculas de hidrogênio, carbono e enxofre para identificar a origem do material natural apreendido.

Tanto os detalhes da operação Arquimedes quanto a tecnologia utilizada no laboratório da PF no Amazonas foram apresentados aos embaixadores estrangeiros que acompanharam Mourão na Amazônia. O roteiro foi pensado num esforço de tentar melhorar a imagem do Brasil no exterior.

Apesar da ameaça de Bolsonaro, o próprio Ibama facilitou a exportação de madeira nativa brasileira a outros países neste ano.

O presidente do instituto, Eduardo Fortunato Bim, publicou em fevereiro um despacho em que dispensou a necessidade de uma autorização específica do órgão para que outros países importassem o material extraído no Brasil.

Após a publicação da nova norma, ONGs como Greenpeace e ISA (Instituto Socioambiental) entraram na Justiça para rever a regra. No processo, as organizações afirmam que o Ibama atendeu a um pedido das madeireiras que, inclusive, agradeceram o presidente do órgão pela medida.

As ONGs argumentam ainda que a decisão de Fortunato contrariou parecer técnico do instituto, conforme elencam na ação. Questionado sobre a ação do Ibama nesta quinta, Mourão disse que não comentaria porque desconhece o assunto.

Além disso, em março de 2020, após a revelação da agência Reuters de que o Brasil exportou milhares de carregamentos de madeira da Amazônia em 2019 sem a autorização Ibama, o presidente do órgão decidiu extinguir a exigência de autorização.

Por sua vez, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, exonerou o coordenador-geral para o monitoramento do uso da biodiversidade e comércio exterior, André Sócrates de Almeida Teixeira, que foi contra exportação de madeira sem autorização.

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