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Governo de SP suspende campeonato de futebol e atividades esportivas durante pandemia

Paralisação deve valer ao menos até o próximo dia 30; rodada do final de semana está mantida. Após esse período, uma nova avaliação será feita para uma retomada ou não.

Clubes tentam reverter medidas adotadas pelo governo do São Paulo. (Foto:Divulgação/Estádio Municipal)

O governo de São Paulo anunciou nesta quinta-feira (11) a suspensão do futebol e de todas as outras atividades esportivas como parte do novo pacote de medidas para contenção do coronavírus no estado. Antes mesmo da entrevista coletiva do governador João Doria (PSDB), no início da tarde, a Federação Paulista de Futebol e os clubes já haviam sido informados da decisão.

A suspensão do Campeonato Paulista e das demais atividades do esporte já era dada como certa pela parte do governo desde terça-feira (9). Quando soube, o presidente da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos, tentou articular uma reviravolta. O deputado estadual Delegado Olim (PP) foi um dos encarregados de tentar convencer a gestão Doria pela manutenção dos jogos. Sem sucesso.

A FPF foi avisada na manhã desta quinta por Marco Vinholi, secretário do Desenvolvimento Regional, que as atividades esportivas seriam paralisadas do dia 15 ao 30 –após esse período, uma nova avaliação será feita para uma retomada ou não. Com isso, a rodada deste final de semana ainda está mantida.

Desde terça, com a iminente paralisação das atividades esportivas, equipes e federação reclamam não ter havido diálogo com o setor, que garante ter protocolos sanitários seguros.

“Não há qualquer argumento científico que sustente a tese de que o futebol profissional gere aumento no número de casos. Pelo contrário, o futebol possui um protocolo extremamente rigoroso, com acompanhamento médico diário e testagem em massa de seus profissionais. Uma eventual paralisação seria ainda mais prejudicial ao combate à Covid-19, pois deixaria expostos milhares de atletas, que não mais passariam a ter o controle médico diário e de testagem que o futebol oferece”, afirmou a FPF na terça, em nota.

Contrários à paralisação, os clubes contestam a medida adotada pelo governo sob a justificativa de que, ao suspender jogos e treinos e, consequentemente, as concentrações, eles perdem capacidade de monitorar seus atletas, que passam constantemente por testes de Covid-19 e avaliações clínicas no dia a dia dos centros de treinamento.

Na quarta (10), antes da coletiva de Doria – na qual havia a expectativa de uma série de novas restrições no estado- houve uma reunião entre Reinaldo Bastos, seu vice Mauro Silva e os secretários estaduais Vinholi e Patricia Ellen (Desenvolvimento Econômico).

O anúncio do governo de São Paulo, esperado então para aquela tarde de quarta, acabou não acontecendo. No mesmo dia, uma reunião virtual do presidente da CBF, Rogério Caboclo, com clubes das Séries A, B, C e D –cerca de 60 participantes entre presidentes e outros representantes– teve como resultado a escolha da maioria pela continuidade do futebol.

Com o recrudescimento da pandemia, as atividades esportivas entraram na mira do procurador-geral de Justiça do estado de São Paulo, Mario Sarrubbo, que recomendou a Doria, na última terça, a suspensão de todo o esporte profissional e de cultos religiosos.

“Estamos trabalhando como viabilizar medidas que possam de fato aumentar o isolamento social. Em relação às recomendações, elas podem fazer parte de uma série de medidas que vão se somar ao que nós ja temos hoje. O governo vai anunciar assim que for conveniente”, afirmou na quarta Paulo Menezes, do Centro de Contingência do governo paulista durante a coletiva de quarta, ao ser questionado sobre a recomendação do Ministério Público.

Se a expectativa do anúncio na quarta acabou não se concretizando, Doria encerrou a coletiva avisando que no dia seguinte, traria grandes mudanças ao Plano SP —as diretrizes que regulamentam a quarentena no estado. Nesta quinta, suspendeu o futebol e anunciou a fase roxa.

Levantamento da Folha mostrou que apenas 2 dos 40 clubes da Séries A e B do Brasileiro são a favor da paralisação: Chapecoense e Brasil de Pelotas. Na semana passada, o presidente santista Andrés Rueda afirmou em entrevista ser favorável a uma paralisação do futebol.

“Com dor no coração, a situação está nos assustando muito, estamos perdendo a sensibilidade, falamos de vidas que não têm sentido de serem perdidas. Qualquer medida para salvar uma vida vale”, afirmou o mandatário santista, questionado pela Folha sobre defender ou não a manutenção das competições.

Atualmente, o estado abriga a disputa do Campeonato Paulista. Também há times de São Paulo na Copa do Brasil, como o Mirassol, que no próximo dia 18 tem compromisso marcado para receber o Red Bull Bragantino, e o Marília, que no dia 17 enfrenta o Criciúma, em casa.

Times como o Corinthians e a Ponte Preta também disputam o torneio nacional, mas têm jogos agendados para fora do estado. A CBF disse que os jogos agendados serão transferidos para outras cidades ou outros estados onde possa haver a disputa.

Essa seria a segunda suspensão do futebol em São Paulo. A primeira aconteceu no dia 16 de março de 2020 e durou até o final de julho. No último dia 3, São Paulo havia entrado na fase vermelha da quarentena, na qual só os serviços essenciais tem autorização para funcionar. No entanto, neste momento, o futebol ainda ainda estava autorizado a funcionar.

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