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Entidade denuncia ataque contra ianomamis que deixou uma indígena morta em Boa Vista

A Polícia Militar informou que o caso foi registrado como homicídio, para investigação posterior.

Disparos foram feitos por dois homens que passaram pelo local em uma bicicleta; policiais estiveram no local. (Foto: Reprodução)

Indígenas ianomâmi que estavam acampados na Feira do Produtor, em Boa Vista, capital de Roraima, sofreram um ataque a tiros na última sexta-feira. Uma indígena, mãe de uma bebê, foi atingida por dois disparos na cabeça e morreu, além de outro ter ficado ferido e ter sido encaminhado para o Hospital Geral de Roraima. Em respeito à sua cultura dos povos, os nomes das vítimas não foram divulgados. A informação é do jornal O Globo.

Segundo relatos de quem estava no local, os disparos foram feitos por dois homens que passaram pelo local em uma bicicleta. No local do ataque, foram encontradas cápsulas de pistola calibre 9 milímetros, segundo o jornal Folha de Boa Vista. Em nota, a Hutukara Associação Yanomami (HAY) apontou tratar-se de “mais um crime de ódio”, cometido “a sangue frio” contra a população indígena.

“As autoridades precisam investigar com diligência os responsáveis pelos ataques e o que os motivou. A disposição em assassinar indígenas de passagem pela cidade, reunidos pacificamente em local público, configura crime de ódio e deve ser investigada como tal”, diz o comunicado.

Em nota, o Conselho Indígena de Roraima (CIR) repudiou “mais esta violência contra a população indígena que sofre e vem sofrendo com inúmeras perdas desde crianças, até mulheres e homens”. O CIR também pediu uma investigação minuciosa sobre mais o caso, “que não deverá e nem pode ficar impune, pois, uma criança está órfã, e uma família perde um de seus membros em um ato covarde e sem precedentes”.

“Diante do ataque ao grupo de indígenas Yanomami na Feira do Produtor, em Boa Vista, ocorrido ontem, quando desconhecidos atiraram contra os indígenas, deixando uma mulher morta e um ferido, solicitarei ao MJ, PF e a CDHM da Câmara, apuração e providências imediatas”, publicou a deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR). “Não podemos normalizar a violência contra os povos indígenas e os Yanomami, constantemente, estão sendo atacados. Basta de violência e morte!”

A Polícia Militar informou que o caso foi registrado como homicídio, para investigação posterior que será feita pela Polícia Civil do estado. Até o momento, não havia informações sobre os criminosos.

“Depois que eles efetuaram os disparos, entraram na feira do produtor, abandonaram a bicicleta e fugiram”, contou uma testemunha.

Comunidade Xexena

Segundo a rede Amazoon, o grupo de ianomami atacado reside na região do Ajarani, no sul de Roraima, e, há muitos anos, pessoas do povoado, principalmente da comunidade Xexena, localizada ao Leste da Terra Indígena Yanomami, se deslocam do território em direção a cidades como Caracaraí, Mucajaí e Boa Vista.

Os impactos causados pelo contato com não-índios desde 1970, durante a construção da perimetral Norte (BR-210), que avançou mais de 100 km pelas terras tradicionais dos Yanomami, são uma das principais causas da migração desses povos.

Atualmente, os ianomami também são atingidos pela invasão dos garimpeiros no território. Por medida de segurança, o grupo de ianomami atacado foi retirado da rua e levado para um local não revelado.

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