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Enquanto houver famintos na Amazônia, a sua preservação não estará garantida, afirmam membros do Instituto Fome Zero

Articulistas estacam que o tratamento regional da insegurança alimentar e nutricional, na Amazônia, ainda é insipiente.

Em artigo no site do Le Monde Diplomatique Brasil, José Graziano da Silva, diretor, e Thiago Lima, coordenador de Alimentação e Relações Internacionais, ambos do Instituto Fome Zero, afirmaram que enquanto houver famintos na Amazônia, a sua preservação não estará garantida.

No artigo intitulado ‘A Cúpula da Amazônia e o combate à fome’ – veja a íntegra neste link -, eles analisam os resultados do evento, realizado em Belém (PA). Destacam os pontos negativos e positivos e afirmam que a Amazônia brasileira, “é atualmente a região do país que tem os maiores níveis de insegurança alimentar, superando o Nordeste”.

Eles destacam que o tratamento regional da insegurança alimentar e nutricional, na Amazônia, ainda é insipiente. E lembram que na trajetória das discussões sobre o futuro da Amazônia, desde o Tratado da Cooperação Amazônica (TCA), “o principal produto sobre o tema da fome foi o relatório Situación y Perspectivas de la Seguridad Alimentaria en la Amazonia en un Marco de Producción Agropecuaria y de Cooperación Intra-Regional, de 1997, sob a presidência pró-tempore da Venezuela, mas ele não gerou ações concretas relevantes”.

Os autores ocnsiederam que, em 2009 ocorreu uma cúpula como preparação para a COP 15, de Copenhagen, que foi “esvaziada pela ausência de vários presidentes, com umaa declaração final que menciona a Segurança Alimentar, mas também não resultou em atividades substanciais. “Assim, observa-se que o combate à fome endêmica da região não faz parte da agenda prioritária da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA)”, afirmam.

Eles dizem que “dados apontam que estar na grande floresta significa estar mais vulnerável à insegurança hídrica, alimentar e nutricional, do que em outras partes da América do Sul”. Apontam que 45% da população da região Norte (onde está a maior parte da Amazônia legal) está no Mapa da Insegurança Alimentar e Nutricional (Mapa InSAN). Este percentual deve ser similar nos vizinhos. E, ainda, há especificidades entre as populações indígenas que podem configurar quadros mais graves, como a imposição de inanição aguda (famine, hambruna) ao povo Ianomâmi.

O artigo diz que, no Brasil, a maior proporção dos lares com crianças onde há insegurança alimentar está no Norte, que a pobreza e a miséria dificultam a compra de alimentos, e que a expansão da mineração e da agropecuária via desmatamento, legal ou ilegal, juntas a outras atividades criminais, principalmente tráfico de drogas, extração de madeira e garimpo, estão contaminando as águas, tornando-as impróprias para o consumo, para a agricultura e para a pesca, agravando as possibilidades de alimentação.

Para eles, em termos estratégicos, a principal deficiência da Declaração da Cúpula de Belém foi não fixar o princípio de que o combate a fome na região e a promoção da segurança alimentar podem ser um vetor de recuperação e preservação sustentável da região Amazônica, considerando que apenas isso não vai dar conta de conservar toda a Floresta.

“Mais do que isso, sabemos que a alimentação adequada é fundamental para uma boa saúde, para melhorar a capacidade de aprendizagem das crianças e para aumentar a produtividade dos adultos. Sem questionarmos que o DHAA é um direito categórico e inscrito em nossa Constituição, é oportuno reforçar que desenvolvimento das condições para a fruição da cidadania trará consigo auxílio fundamental para a conservação da Amazônia – e a superação de todas as formas de fome é parte inescapável deste processo”, afirmam.

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