Brasil
Censo 2022: IBGE inicia hoje 1ª pesquisa de campo, com foco no entorno dos domicílios
Sem entrevistas, o objetivo nessa primeira fase é levantar informações via observação sobre a infraestrutura dos espaços urbanos.
O IBGE inicia nesta segunda-feira a Pesquisa de Entorno dos Domicílios, em que supervisores censitários percorrem as ruas brasileiras para conhecer o território. A coleta marca o início das operações urbanas do Censo Demográfico 2022 e antecede a operação da coleta domiciliar, que será feita pelos recenseadores a partir do mês de agosto.
Sem entrevistas, o objetivo nessa primeira fase é levantar informações via observação sobre a infraestrutura dos espaços urbanos, a fim de garantir uma melhor cobertura do Censo.
— Esse trabalho do supervisor vai permitir que o recenseador faça uma melhor cobertura na coleta do questionário domiciliar, conhecendo melhor a realidade e os desafios do processo censitário. A pesquisa também ajuda na formulação de políticas públicas para melhoria da qualidade de vida da população — explica Filipe Borsani, supervisor técnico da pesquisa.
Baseado em pesquisas internacionais, o levantamento do IBGE qualifica o entorno dos domicílios ao considerar temas como acessibilidade, circulação, equipamentos públicos e meio ambiente. A operação conta com 22.745 agentes censitários que vão percorrer 326.643 setores censitários [unidades territoriais] em todos os 5.570 municípios brasileiros.
Durante a apuração, os agentes vão circular pelas ruas e preencher um questionário com dez quesitos sobre o espaço urbano, como se há iluminação pública na via, calçada, ciclovia e até rampa para cadeirantes. Com as informações, será possível saber quantos municípios possuem iluminação pública adequada, bem como ciclovia, bueiro, entre outras características.
Foram incluídos três novos critérios nesta edição da pesquisa de entorno dos domicílios a fim de obter um melhor aproveitamento dos dados.
Veja os quesitos investigados:
Capacidade de circulação da via [trânsito de caminhões, ônibus, carros, pedestres, motos, bicicletas, etc.]
Pavimentação da via
Bueiro/Boca de Lobo
Iluminação pública
Existência de calçada
Rampa para cadeirante
Arborização
Ponto de ônibus/Van (novo)
Via sinalizada para bicicletas (novo)
Obstáculo na calçada (novo)
— Já tínhamos na pesquisa de 2010 a pergunta sobre existência de calçada e agora com a nova pergunta estamos detalhando a qualificação da calçada. E isso é importantíssimo para discussão de mobilidade urbana no país — detalha Barsoni.
As aplicações com base nos dados coletados são muitas, aponta Cláudio Stenner, diretor de Geociências do IBGE:
— De maneira prospectiva, podemos pensar em políticas que tornem as cidades mais acessíveis para cadeirantes em uma área periférica da cidade a partir desses dados. Ou até mesmo para criar política de transporte nacional ou de desenvolvimento regional de estímulo à ciclovia nas cidades.
Mapeamento das comunidades
É a primeira vez que a pesquisa do entorno dos domicílios vai percorrer todos os aglomerados subnormais, como são classificadas as ocupações irregulares nas periferias brasileiras. Na pesquisa anterior, somente cerca de metade desses aglomerados foram contabilizados.
Barsoni explica que há uma dificuldade a mais para registrar dados desses espaços urbanos, já que normalmente contam com becos e vielas cujas quadras não são mapeadas e as construções estreitas dificultam o uso do tracking – sistema de rastreamento que capta o percurso realizado pelo agente.
— Para isso, desenvolvemos um sistema de contagem de edificação na hora da coleta. Estamos pensando nas dificuldades, mas sabemos que esses dados são importantíssimos, até porque geralmente são essas as localidades mais carentes de equipamentos urbanos — ressalta Barsoni.
A pesquisa ocorre do dia 20 de junho ao dia 12 de julho. Os resultados do levantamento do entorno dos domicílios serão divulgados em 2023 e poderão auxiliar os novos gestores eleitos na formulação de políticas públicas com dados atualizados.
A informação é do jornal O Globo
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