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Brasil

Amazônia perdeu 11 mil km² de área ao ano por mais de 3 décadas, aponta estudo

Analisando dados sobre áreas florestais coletados ao longo de 36 anos, pesquisa identificou que 83% do desmatamento na Amazônia Legal aconteceu devido à criação de pastagens.

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Pesquisadores brasileiros analisaram 36 anos de dados sobre mudanças na Amazônia Legal causadas pelo desmatamento. O resultado desse levantamento foi um estudo publicado na revista científica Forest Ecology and Management, que identificou manchas de áreas degradadas ou removidas e mapeou como elas se expandiram ao longo do tempo.

Os pesquisadores notaram uma taxa média de desmatamento de 11.152 km² ao ano, no período entre 1985 e 2021. No entanto, entre 2005 a 2012, houve uma redução na área desmatada, algo ligado, segundo ao estudo, ao Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal — medida do governo implementada em 2005.

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Com a implementação do programa, as taxas de desmatamento foram reduzidas em 84% na floresta amazônica. Porém, a partir de 2013, os índices voltaram a aumentar, e cerca de 10.129 quilômetros quadrados foram desmatados em 2019 — representando um aumento de 34% em comparação com 2018.

O aumento do desmatamento implica no descumprimento de metas estabelecidas para reduzir os gases de efeito estufa e aumenta suas de emissão com a queima da área florestal. Além disso, a remoção da cobertura vegetal também prejudica a saúde respiratória das comunidades próximas.

Por que a Amazônia é desmatada?

Através da análise da cobertura e uso do solo de 3 milhões de quilômetros quadrados, foi observado que as manchas de desmatamento estavam ligadas, principalmente, com a pastagem — representando 83% da área desmatada. Em seguida, a agricultura e a silvicultura (métodos naturais de cultivo) corresponderam, juntas, a 17% da retirada de vegetação.

“Com as métricas que utilizamos, observamos quatro regiões distintas dentro da Amazônia, cada uma com sua característica única e consistente com as diferentes evoluções temporais”, disse o professor do departamento de Ciências Atmosféricas (IAG-USP) e um dos autores do estudo, Marco Aurélio de Menezes Franco, em comunicado.

“Essas descobertas ressaltam a utilidade de métricas geométricas relativamente simples para entender a evolução espacial e temporal do desmatamento, oferecendo insights valiosos sobre a estimativa da dinâmica do uso da terra na Amazônia. Isso pode ser uma base para estratégias de monitoramento e conservação mais eficazes”, explica.

Como a análise foi feita

Primeiro, os pesquisadores identificaram as manchas de desmatamento através do mapeamento do uso do solo utilizando os dados do MapBiomas, sistema de verificação de alertas de desmatamento. Posteriormente, identificaram as áreas desmatadas e a sua distribuição ao longo do tempo. A partir disso, aplicaram métodos geográficos para juntar áreas com características semelhantes e agrupá-las.

A floresta amazônica concentra um vasto ecossistema, e abriga mais de 10% de espécies animais e vegetais conhecidas no mundo. Além disso, é responsável por preservar ciclos de água e de carbono, conseguindo regular o clima do planeta.

Com o aumento das mudanças climáticas em conjunto com o desmatamento, os ciclos biogeoquímicos estão sendo afetados, contribuindo com a redução da biodiversidade e regulação climática. Com isso, a floresta amazônica não consegue armazenar carbono e pelo contrário, tem se tornado uma fonte de emissão do elemento para a atmosfera.

O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo, especificamente pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), Instituto de Física (IFUSP) e Escola Politécnica (EPUSP). Participaram também pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).


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