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Amazonas

Vazante: indústrias relatam aumento no preço do frete para escoar produtos da Zona Franca de Manaus, aponta Eletros

Por enquanto, o escoamento da Zona Franca de Manaus está garantido e os preços de frete estão apenas “ligeiramente” acima do normal em períodos de seca, informou o Cieam.

A Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), entidade que reúne os fabricantes de eletrodomésticos, algumas empresas relatam reajustes de até 50% no frete do transporte dos produtos da Zona Franca de Manaus, em função da forte vazante nos rios da Região. As informações são do jornal O Globo, publicadas nesta terça-feira (03/10).

Toda a produção nacional de ar-condicionado, televisores, lavadoras de louça e micro- ondas é na Zona Franca. Operadores logísticos têm orientado seus clientes a anteciparem a produção para garantir o embarque das mercadorias, já que a região depende do transporte fluvial para escoar suas mercadorias, e a previsão é de que o nível dos rios no entorno de Manaus fique em situação ainda mais crítica nos próximos meses.

Segundo o Centros das Indústrias do Amazonas (Cieam), entidade que representa a indústria do Estado, menos de 1% da produção do polo industrial deixa Manaus via aérea, ou seja, o escoamento passa pelos rios, seja via cabotagem, seja via o “rô-rô caboclo”.

A cabotagem é o transporte marítimo na costa de um mesmo país, enquanto o “rô-rô caboclo” é como se chama, na Amazônia, o transporte de caminhões em balsas. O nome vem do inglês roll-on/roll-off, como é chamado esse sistema de transporte rodoviário com- binado com o hidroviário. Nele, os caminhões percorrem um trecho por estradas, vão sobre balsas onde não há rodovias e depois retomam o transporte terrestre.

O “rô-rô caboclo”, segundo o Cieam, é muito usado entre Manaus e Belém, cidades separadas por 1,3 mil quilômetros via aérea. A capital paraense tem conexão rodoviária com o Centro- Sul do país, por exemplo, via a BR-010, mais conhecida como Belém-Brasília.

O diretor executivo da Associação Brasileira de Armado- res de Cabotagem (Abac), Luís Fernando Resano, estima que o transporte marít mo entre os portos da costa brasileira responda por cerca de 60% da logística do Amazonas. Tanto que o Porto de Manaus é o segundo maior do país em cabotagem, atrás apenas do Porto de Santos.

Todos os anos, o período de seca na Amazônia, entre maio e setembro, prejudica a
Navegação. As águas baixam de nível, obrigando as embarcações a navegarem mais leves, ou seja, com menos carga, o que encarece o frete. O problema é que, este ano, a seca está mais severa, devido a uma combinação de mudança climática e fenômeno El Niño.

A Maersk, gigante global do transporte marítimo que, no Brasil, opera cabotagem com a subsidiária Aliança, tem recomendado a seus clientes na região anteciparem os embarques para o restante do país, com vistas à demanda da Black Friday, no fim de novembro.

— Estamos avisando aos clientes: se você tem carga urgente, se você tem coisa para a Black Friday, antecipe sua produção, porque vamos ter problema em Manaus — diz Karin Schönner, presidente para a Costa Leste da América do Sul da Maersk.

Em agosto, a Aliança começou a publicar comunicados “sobre cheias e vazantes dos rios na região do Amazonas”. Alertando para “o menor nível de água em Manaus nos últimos dez anos”, a empresa criou a Taxa Temporária de Seca. No mês passado, a Ali- ança elevou o valor da taxa.

Segundo Resano, da Abac, a rapidez com que os rios estão baixando sugere que os impactos na logística po-dem se estender até o ano que vem. Os baixos níveis de hoje remetem à seca de 2010, a última a ser tão severa, disse o executivo. O problema é que, nesses 13 anos, aumentaram a movimentação de cargas e o tamanho das embarcações.

Resano cobra medidas para mitigar o baixo nível dos rios, como dragagens emergenciais ou maior frequência na medição das condições dos leitos. Além disso, as empresas que trabalham com cabotagem terão de adaptar sua frota.

— Estamos trazendo navios menores. Se há uma alta demanda, isso não resolve o problema, mas não deixa a região desassistida — afirma o diretor da Abac.

Ele explica que os navios usados na cabotagem na Amazônia, geralmente, têm capacidade de levar de 3 mil a 4 mil contêineres. As embarcações menores carregam 1,5 mil contêineres.

Por enquanto, o escoamento da Zona Franca de Manaus está garantido e os preços de frete estão apenas “ligeiramente” acima do normal em períodos de seca, informou o Cieam. Já a Eletros traça um cenário mais preocupante, com empresas “surpreendidas” com alta de 40% a 50% nos fretes.

Em nota, a entidade afirma que “caso os rios continuem baixando seus volumes de água na média diária atual de cerca de 30 centímetros, por dia, em algumas semanas teremos o risco maior de limitação de navegação”, o que exigiria ajustes nos cronogramas de logística.

Além de eletrodomésticos, a Zona Franca responde por boa parte da produção de eletrônicos. Conforme a Abinee, associação do setor, em torno de 30% desses produtos são produzidos em Manaus.

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