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Amazonas

Sensação de impunidade, dizem parlamentares, sobre os 2 anos da operação da PF que levou Wilson Lima à condição de réu

O deputado federal José Ricardo (PT-AM) disse que a lentidão do Poder Judiciário está dando condições para Wilson Lima concorra à reeleição sem ser julgado.

Parlamentares do Amazonas cobraram, nesta semana, resultados concretos da Operação Sangria, que levou o governador do Amazonas, Wilson Lima (UB), à condição de réu, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), por crimes praticados na compra superfaturada de ventiladores pulmonares para tratamento de vítimas da Covid-19 no estado. A Operação completa dois anos nesta quinta-feira (30/06).

O deputado federal José Ricardo (PT-AM) disse que a lentidão do Poder Judiciário está dando condições para Wilson Lima concorra à reeleição sem ser julgado no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

“Essas denúncias que envolvem o governador do Estado e que foram aceitas pelo STJ são muito graves. Já se completam dois anos e a Justiça não toma uma decisão (…) O certo é que o Judiciário é muito lento e, com isso, mais uma eleição está chegando e isso facilita a vida de quem não teve a competência e a honestidade em administrar o Estado. Espero que a justiça tome uma posição antes da eleição”, disse o deputado.

O deputado estadual Dermilson Chagas (Republicanos) disse que compra superfaturada de ventiladores pulmonares em uma loja de vinhos virou uma mancha na história do Amazonas. Ele disse que acredita na Justiça dos homens e na Justiça divida, mas, “infelizmente, são dois anos e pouca coisa aconteceu”.

“É uma nódoa na história do Amazonas, uma dor muito grande na vida das pessoas, que tiveram vidas ceifadas, pela ambição, ganância, de um grupo político que quer permanecer no cargo. A custo da vida de homens e mulheres amazonenses. Eu espero que esse processo termine dando justiça às famílias, trazendo paz, tranquilidade”, disse Dermilson.

O deputado estadual Wilker Barreto (Cidadania), disse que a demora no julgamento gera a sensação de impunidade. Ele relembrou o trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, na Assembleia Legislativa do Estado, que colaborou para as investigações da Polícia Federal em relação ao caso dos respiradores.

“É muito grave o que está dentro da CPI. Ora, se nós pegamos todas as materialidades, eu não entendo o porquê da demora em avançar. Para ele, o caso está materializado. “O sentimento que paira na população é de impunidade. Se passaram dois anos, ninguém fez nada, o Wilson (Lima) continua dançando, brincando, queimando o dinheiro do contribuinte de forma irresponsável, pagando terreno à vista de R$ 121 milhões, (deixando) unidades de saúde sem seringa, sem remédio”, afirmou
Wilker considera que a situação desestimula o interesse da população por Justiça. “Por isso que todo mundo fala: ‘ah, não tem jeito, política é corrupção mesmo, não adianta fazer nada, que ninguém faz nada’”. “É o meu sentimento e o sentimento de muita gente. De indignação”, afirmou o parlamentar.

Dois anos

No dia 30 de junho de 2020, Wilson Lima foi alvo de mandado de busca e apreensão, acusado de envolvimento no esquema de compra de respiradores, com dispensa de licitação, da importadora de vinhos.

Em setembro do ano passado, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em decisão unânime, recebeu a denúncia, tornando o governador réu, acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de delitos de dispensa irregular de licitação, fraude a procedimento licitatório, peculato, liderança em organização criminosa e embaraço às investigações.

Segundo o MPF, os crimes ocorreram na compra de 28 respiradores, cujo superfaturamento teria causado prejuízo de mais de R$ 2 milhões aos cofres públicos. O preço de mercado de um respirador era cerca de R$ 17 mil, mas os itens foram comprados pelo governo por mais de R$ 100 mil cada.

Na denúncia, o MPF descreve irregularidades na forma de condução da compra emergencial, na emissão de pareceres e na dispensa da licitação, além de apontar o desvio de recursos públicos destinados ao combate à pandemia no Amazonas.

Em relação ao governador Wilson Lima, o MPF registra que o chefe do Executivo teria atuado diretamente para que um empresário cuidasse dos procedimentos para a compra dos respiradores – intermediação que, posteriormente, teria gerado as compras fraudulentas.

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