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Amazonas

Ranking do Instituto Votorantin coloca Manaus como segunda mais ineficiente no combate à Covid-19

Faltou orientação, medidas preventivas de restrição à circulação, fiscalização e houve falta de insumos, diz estudo.

Manaus foi a segunda capital mais ineficiente no combate à pandemia de Covid-19, depois de Cuiabá (MT), de acordo com indicadores do ‘Índice de Eficácia no Enfrentamento da Pandemia de Covid-19’, do Instituto Votorantin, publicados nesta segunda-feira, pelo UOL.

A capital do Amazonas protagonizou as cenas mais dramáticas da pandemia no País. Em janeiro, centenas de pessoas morreram em hospitais da capital amazonense por falta de oxigênio na rede de saúde local.

Segundo gerente-geral do Instituto Votorantim, Rafael Gioielli, a cidade resume “o que não fazer” no enfrentamento ao coronavírus no futuro. “Lá faltou orientação, medidas preventivas de restrição à circulação, faltou fiscalização, houve falta de insumos. Tudo isso se conseguiria antecipar com coordenação e planejamento.”

O estudo mostra que, ao contrário do que poderia se esperar, cidades com economia pujante tiveram os piores resultados no combate à Covid-19. De acordo com o levantamento, há forte correlação entre dados socioeconômicos e taxas de letalidade pelo novo coronavírus em cidades brasileiras.

Ranking

Um dos indicadores criados no estudo é o Índice de Eficácia no Enfrentamento da Pandemia de Covid-19. Com base nas características da população, da economia e da rede de saúde de cada município, os pesquisadores estimaram quantas mortes seriam esperadas em cada um deles, considerando a média brasileira.

Cidades que tiveram menos óbitos que o projetado tiveram melhores notas e foram consideradas eficientes. Já as que tiveram letalidade maior do que a prevista foram consideradas ineficientes. Entre as capitais, Florianópolis, São Paulo, Palmas, Belo Horizonte e Curitiba foram as mais eficazes no enfrentamento à doença.

Em sentido oposto, Cuiabá, Manaus, Porto Velho, João Pessoa e Rio de Janeiro foram as mais ineficientes.

Leitos x Flexibilização

Outro ponto revelado pelo levantamento é que uma maior infraestrutura de saúde —como número de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e de enfermaria— teve impacto negativo no total de mortes.

Na visão dos pesquisadores, isso ocorreu porque muitos estados e municípios usaram a taxa de ocupação de leitos como critério para manter o funcionamento de atividades econômicas, o que teria facilitado a transmissão do vírus.

“Quando havia mais leitos, se foi mais tolerante (com a circulação de pessoas). E com mais tolerância se permitiu taxas de infecção maiores”, explica Gioielli. “Governos abriam e fechavam leitos mais para controlar suas políticas de restrição, do que assegurar a não-infecção da população”, disse.

Responsabilidade compartilhada

Uma série de fatores ajudam a explicar as razões que ampliaram a letalidade, com responsabilidades do governo federal, estados e municípios. De acordo com Gioelli, a primeira questão foi a falta de coordenação por parte do Ministério da Saúde. Isso influenciou negativamente uma série de pontos cruciais no combate à pandemia, como a realização de testagem em massa, compra de insumos e definição de protocolos de atendimento a doentes.

Já por parte de estados e municípios, houve falhas em uma série de políticas públicas voltadas a manter o isolamento social.”A gente teve municípios que foram menos tolerantes ao risco, e outros que foram mais. A questão do transporte público, o funcionamento do comércio, o número de atividades econômicas consideradas essenciais, restrição de horários de funcionamento, fiscalização das normas sanitárias (tiveram peso). Também há a questão dos programas e políticas focados em populações vulneráveis, como nas favelas”, disse.

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