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Amazonas

Prisão de secretário de inteligência é “episódio de descontrole policial” do governo Wilson Lima, diz jornal.

As investigações indicam que Samir Freire praticava de extorsão e roubava ouro ilegal desde 2019, ano em que ele assumiu a Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência (Seai).

“A prisão desta sexta-feira é mais um episódio de descontrole policial sob o governo (Wilson) Lima”. A informação foi publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, no último sábado, ao relatar a prisão do secretário executivo de Inteligência do Amazonas, o delegado da Polícia Civil Samir Freire, acusado de comandar um esquema de roubo de ouro ilegal, em uma operação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público do Esado (MP-AM).

Samir Freire é acusado de utilizar a estrutura de sua pasta para roubar ouro, provavelmente extraído de garimpos clandestinos. Somando apenas as quatro denúncias recebidas, o esquema teria roubado 60 kg de ouro , segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-AM. O valor estimado é de R$ 18,3 milhões. Segundo o jornal, as investigações, no entanto, indicam que Freire praticava esse tipo de extorsão desde 2019, ano em que ele assumiu a Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência (Seai).

Batizada de Garimpo Urbano, a operação prendeu outros três policiais civis do Amazonas e cumpriu dez mandados de busca e apreensão em Manaus, no interior do estado e também no Pará. De acordo com a PF, a quadrilha de Freire monitorava e abordava transportadores de ouro ilegal “mediante uso de estrutura e pessoal da Seai”.

Um dos equipamentos utilizados pelo grupo é o Guardião, na prática uma enorme secretária eletrônica capaz de gravar conversas de números grampeados mediante autorização judicial. Polícias corruptos costumam solicitar monitoramento alegando que se trata de uma investigação, pratica conhecida como “barriga de aluguel”. Para prevenir o mau uso, o equipamento é 100% auditável.

O Gaeco aponta que a milícia atuava há dois anos no desvio do ouro e em, pelo menos, três operações ilegais, sob a alegação de tráfico, foram deflagradas pela organização criminosa. O grupo se utilizava também de escutas telefônicas, procedimento fora das competências da Seai, conforme o MP-AM.

Segundo o promotor Armando Gurgel Maia, do Gaeco, a mera presença do único Guardão do governo estadual na Seai configura irregularidade, já que os monitoramentos deveriam ser usados para investigação criminal, atribuição da Polícia Civil.

A investigação contra Freire começou em fevereiro, quando o MP-AM passou a receber denúncias de donos de garimpos achacados. Um deles relatou ter sido abordado em Manaus por cerca de 15 policiais civis e levado para a Seai. Ele foi liberado, mas o ouro foi roubado. Por ser propriedade da União, a investigação de ouro ilegal é atribuição da PF.

Freire é subordinado ao secretário de Segurança Pública do Amazonas, o coronel da PM Louismar Bonates.

O jornal lembrou que, em dois meses, a prisão de Samir foi a segunda operação do Gaeco contra policiais acusados de achacar criminosos, prática conhecida como “arrocho”. No início de maio, o Gaeco prendeu o tenente-coronel da PM Glaubo Rubens de Alencar, o investigador da Polícia Civil Acrísio Drumond de Carvalho e o ex-PM Wanderlan Fernandes de Oliveira. Eles teriam roubado 500 kg de maconha de uma facção criminosa. Os três foram denunciados por tráfico, roubo e organização criminosa.

O promotor Gurgel Maia afirmou que o Amazonas corre o risco de seguir o caminho do Rio de Janeiro, em referência à formação e expansão de milícias de policiais. “É uma sucessão de eventos criminosos em que, infelizmente, há a participação de agentes públicos”, afirmou o promotor. “O que a gente não pode deixar acontecer é ficar a imagem de que é rentável agentes públicos formarem suas milícias particulares e degringolar em um esquema criminoso do qual hoje a população carioca hoje se ressente muito.”

Questionado sobre se o secretário de Segurança Pública do Amazonas, o coronel da PM Louismar Bonates, está envolvido, Gurgel Maia não respondeu, alegando que a investigação corre em sigilo. Segundo a Folha, Bonates afirmou ter determinado à Corregedoria a abertura de um processo “para julgar a permanência dos envolvidos na operação policial do MP-AM e PF nos quadros do sistema de segurança” e que irá colaborar com as investigações.

Chacinas

O jornal lembrou as últimas chacinas no Amazonas, na gestão de Wilson Lima. A primeira e mais violenta, no final de 2019, deixou 17 mortos no bairro Crespo, em Manaus, incluindo um adolescente de 14 anos assassinado com tiro no peito.

Na segunda chacina, ocorrida em agosto no rio Abacaxis, perto de Nova Olinda do Norte (AM), foram cinco mortos e três desaparecidos, em suposta reação ao assassinato de dois PMs. A Justiça determinou que o governo federal oferecesse proteção a indígenas e ribeirinhos da região, ameaçados pelos policiais militares.

A terceira chacina ocorreu em Tabatinga (AM), entre os dias 12 e 13 de junho deste ano. Familiares e testemunham acusam PMs de terem torturado e executado ao menos seis jovens na cidade, em represália ao assassinato de um sargento.

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