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Amazonas

Poeta amazonense Thiago de Mello, autor de ‘Os Estatutos do Homem’, faz 95 anos

“Fica decretado que os homens / estão livres do jugo da mentira. / Nunca mais será preciso usar / a couraça do silêncio / nem a armadura de palavras”, diz ‘Os Estatudos do Homem”.

“Fica decretado que agora vale a verdade,/ que agora vale a vida, / e de mãos dadas, / marcharemos todos pela vida verdadeira”. Este é o artigo 1 do histórico poema Os Estatutos do Homem, que Thiago de Mello escreveu como uma resposta ao AI-5 e que virou hino de uma geração. Serve como registro de uma resistência e de esperança. Serve para hoje, cinco décadas depois de ter sido escrito. “Fica decretado que os homens / estão livres do jugo da mentira. / Nunca mais será preciso usar / a couraça do silêncio / nem a armadura de palavras. / O homem se sentará à mesa / com seu olhar limpo / porque a verdade passará a ser servida / antes da sobremesa”, diz o artigo 5º do poema.

Thiago de Mello faz aniversário nesta terça, 30,  95 anos. Poeta, tradutor, escritor, jornalista, artista gráfico e roteirista, ele nasceu no dia 30 de março de 1926, em Barreirinha, no Amazonas. Autor de Faz Escuro Mas eu Canto, entre outras obras icônicas, ele viveu parte da vida no Rio de Janeiro até decidir voltar para a floresta em 1977. Na época, ouviu do amigo Carlos Heitor Cony que seria esquecido. Não foi.

“A floresta me fez perder muito da convivência com seres admiráveis, entretanto, a distância e o tempo fazem com que cresça a permanência da pessoa dentro de nossa vida”, disse o poeta em entrevista ao Estadão em 2016, quando esteve em  São Paulo.

Preso por sua posição política no Brasil, em 1968, e no Chile, em 1973, durante o golpe de Pinochet, quando foi salvo pela poesia (o oficial de plantão, allendista, conhecia seus versos pela tradução feita por Pablo Neruda), Thiago de Mello foi também ameaçado de morte por sua defesa do meio ambiente. Outra luta: fazer poesia usando uma linguagem acessível ao leitor comum. “O difícil é fazer poesia com a palavra que o povo usa”, contou naquela mesma entrevista.

Os livros de Thiago de Mello são, em sua maioria, publicados pela Global: Faz Escuro Mas Eu Canto, Acerto de Contas, Melhores Poemas, Como Sou, As Águas Sabem Coisas, etc. Em 2011, a V&R lançou uma edição bilíngue de Os Estatutos do Homem – com o poema de Thiago e a tradução de Neruda.

Exposição

A exposição virtual “Thiago de Mello 95 anos de vida, poesia e amor por Manaus”,  homenageia o poeta. O conteúdo está disponível no portal Vida e Cultura. A exposição marca o início da comemoração aos 95 anos do poeta, celebrados no dia 30 de março.

Nascido em Barreirinha, Thiago de Mello conquistou reconhecimento nacional e internacional, tornando-se um dos mais expressivos poetas contemporâneos do país. É autor de livros reconhecidos mundialmente, como “Faz escuro, mas eu canto”, “Silêncio e palavra”, “Manaus, amor e memória”, entre outros. Além de escritor, exerceu o jornalismo e serviu no Itamaraty como adido cultural no Chile, onde cultivou uma grande amizade com Pablo Neruda e Salvador Allende.

Disponível em plataforma digital, a exposição virtual “Thiago de Mello 95 anos de vida, poesia e amor por Manaus” reúne acervos pessoais e públicos do poeta. São registros fotográficos, obras, entrevistas, homenagens, versos e poemas disponíveis ao leitor.

Já no Museu da Cidade de Manaus, localizado no Centro Histórico, o poeta possui uma exposição permanente em sua homenagem. O espaço está fechado ao público por conta da pandemia da Covid-19.

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