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Amazonas

Pesquisadores apontam para uma vacinação ‘muito lenta’ e ‘triste’ no Amazonas e em Manaus

Até esta terça-feira (22), na capital do AM, apenas 310 mil pessoas estão 100% imunizadas com as duas doses da vacina contra a Covid-19

Para cientista, marketing da vacinação coloca em risco a população – Foto: Camila Batista

Cientistas ouvidos pelo 18Horas/Rádio Mix avaliam que a vacinação contra a Covid-19 em Manaus e no Amazonas está com o ritmo lento. Até esta segunda-feira (22/06), apenas 524.546 doses da segunda dose da imunização tinham sido aplicadas no estado, sendo um pouco mais de 310 mil em Manaus.

Nesta semana, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), comemoraram o que consideram um avanço na vacina, que alcançou cerca de 13% da população com a segunda dose.

Para o epidemiologista da Fiocruz Amazônia Jesem Orellana, o ritmo da vacinação é lento e o número das duas doses de vacina aplicadas está “bem distante do mínimo considerado aceitável para começar a discutir a imunidade coletiva pela via vacinal, que seriam aproximadamente 70 ou 80% da população elegível vacinada”.

“É um número muito triste que a gente vai alcançá-lo na melhor das hipóteses no final de 2021 se tudo ocorrer bem, se não tivermos nenhum tipo de alteração drástica na nossa campanha, no recebimento de doses, principalmente na distribuição”, analisou Jesem.

Jesem diz que Manaus passa uma sensação de que muitos indivíduos foram imunizadas contra a Covid-19, mas se verificar o total de vacinados com a segunda dose a realidade é outras. Até esta terça-feira (22), Manaus tinha contabilizado 310.513 pessoas vacinadas com as duas doses, de um total de quase 2,2 milhões de habitantes.

“De uma forma geral, o ritmo de vacinação no Amazonas é muito lento. Talvez olhando a realidade de Manaus nós tenhamos uma quantidade de indivíduos um pouco maior. No entanto, se você olha o indicador que de fato interessa para qualquer programa de imunização , para qualquer estratégia e controle de uma epidemia de doença infecciosa, que é a completude de esquema vacinal, ou seja, as duas doses da vacina, esse número é muito baixo, tanto em Manaus quanto no estado do Amazonas”, disse Orellana.

Ilusão
O doutorando do Programa de Biologia do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Lucas Ferrante, que previu por amostras epidemiológicas a segunda onda da Covid-19 em Manaus, informou que a imunização no estado e em Manaus demonstra “situação ilusória do avanço da vacinação”. Lucas ressaltou que o total de pessoas 100% imunizadas com as duas doses não será suficiente para segurar um novo pico de Covid-19 no estado.
“Menos de 13% da população recebeu a segunda dose, que é de fato a que imuniza. Nós já estamos vivendo o recrudescimento da pandemia. Um aumento do número de casos, como nós apontamos através de modelos epidemiológicos há mais de dois meses, que iria ocorrer, agora. Um artigo publicado, hoje, numa revista editada pelo grupo Springer Nature, nós confirmamos a possibilidade de reinfecção, inclusive, pela mesma cepa do vírus. Isso é preocupante dado que o contato natural com o vírus não fornece imunidade e as vacinas estão sendo aplicadas a conta gotas”, declarou o pesquisador.

Lucas Ferrantes disse também que com menos de 13% da população, de fato, imunizada, a pandemia segue vitimando pessoas no estado. Para ele, as propagandas sobre a vacinação no estado e em Manaus são fictícias e que colocam em risco a população.
“A pandemia tem continuidade para o Amazonas e essas propagandas de avanço de vacinação devem ser encaradas como propagandas marketeiras e que coloca a população em risco ao anunciar uma imunização que de fato não segue uma constância de avanço maior que o avanço do vírus. Isso é preocupante porque as taxas de transmissão comunitárias do coronavírus são maiores do que as taxas de vacinação”, comentou o pesquisador, ressaltando que Manaus tem de ficar alerta para o recrudescimento da pandemia. “As catástrofes irão vir e nós temos de levar, agora, esses políticos que não estão tomando decisões adequadas para o controle da pandemia à Justiça”, finalizou Lucas.

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