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Amazonas

Pesquisador do CPRM diz a site de Manaus que desabamento em Beruri teve alerta e poderia ter sido evitado

Desabamento na comunidade Arumã, que, no último sábado, provocou duas mortes, destruiu 40 casas, três igrejas, um posto de saúde e deixou três desaparecidos.

O pesquisador em geociência Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – Serviço Geológico do Brasil (CPRM) Gilmar Honorato informou ao site Amazonas Atual que a Prefeitura de Beruri (AM) foi alertada, em 2014, portanto há 9 anos, sobre o risco de desabamento na comunidade Arumã, que, no último sábado, provocou duas mortes, destruiu 40 casas, três igrejas, um posto de saúde e deixou três desaparecidos .

O pesquisador informou que um relatório de uma investigação, realizado entre 9 e 10 de julho de 2014, constatou nove locais de alto e muito alto risco geológico – deslizamentos e “terras caídas”. E que, em visita técnica ao município, os indícios de possível deslizamento estavam expostos, uma vez que havia “cicatrizes” de instabilidades no solo dos locais.

“Nós vimos que poderia acontecer, tanto que marcamos e pedimos para fazer o monitoramento. Também alertamos sobre o fato de ter muitos flutuantes embaixo. E acabou acontecendo o que vimos, o deslizamento. O deslizamento não só pegou as casas, como também afetou os flutuante”, disse.

Segundo Gilmar, a tragédia ocorrida no sábado poderia ter sido evitada caso a prefeitura da cidade tivesse solicitado nova atualização do caso. “Como esse trabalho foi feito em 2014, ele precisava sempre de uma atualização. Já se passaram nove anos, a prefeitura não fez essa atualização, não solicitou também que a gente ajudasse nisso”, ressaltou.

Segundo Gilmar Honorato, as atualizações de monitoramento nas regiões com áreas de risco devem ser solicitadas pelos órgãos, o que não ocorreu em Beruri. A Lei 12.608 de 10 de abril de 2012, prevê que as prefeituras municipais devam incluir em seu plano diretor as áreas de risco de inundações e de deslizamentos, assim como controlar e fiscalizar a ocupação dessas áreas.

“Nós fazemos o primeiro trabalho, depois tem a revisita. Geralmente as prefeituras têm que solicitar as revisitas para colocarmos no cronograma, e esses mapas devem ser atualizados no mínimo de 2 em 2 anos, porque o processo ele é sempre atuante. Então tem lugares, como esse local há 9 anos, era considerado como risco alto. Mas na medida do tempo, o barranco vai avançando cada vez mais”, disse.

Na época, de acordo com Gilmar Honorato, havia 40 casas identificadas em área de risco alto. Com o fenômeno do El Niño em curso até abril de 2023, regiões do Alto Solimões e o munícipio de Manacapuru (a 68 quilômetros de Manaus) têm risco de desbarrancamento.

“Todos os municípios que estão na calha do Solimões, do Madeira, do Purus, do Juruá, todos esses que chamamos de Águas Brancas (águas barrentas), todos eles têm o processo de “terras caídas”. E os processos que têm mais risco à vida da população são principalmente no Alto Solimões e na região de Manacupuru que em 2010, na grande seca, houve um deslizamento”, disse.

No monitoramento do Serviço Geológico do Brasil, o fenômeno de “terras caídas” foi mais bem visualizado nas comunidades rurais visitadas. Por isso, é necessário haver uma visita técnica no período da vazante do rio Purus, que inicia de setembro a novembro para o monitoramento dessas localidades.

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