Conecte-se conosco

Amazonas

MP instaura procedimento para investigar crimes praticados pelo Governo do Estado na segunda fase da pandemia no Amazonas

Entre os objetos de investigação, estão possíveis falhas no apoio logístico e indicação de tratamentos com remédios sem eficácia.

Manaus teve hospitais cheios e crise no abastecimento de oxigênio. (Foto: Bruno Kelly/Reuters)

O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) instaurou Procedimento Administrativo para apurar objeto remanescente no tocante à Ação de Improbidade Administrativa ajuizada pelo Ministério Pública Federal (MPF-AM) referente à investigação de eventual crime quanto à atuação de agentes públicos diante da crise sanitária no Estado do Amazonas. A ação visa investigar também possíveis falhas de planejamento para apoio logístico e opção por indicação de tratamento precoce com eficácia questionada no mês de janeiro de 2021, em face da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM).

A determinação foi assinada pela promotora Lissandra Chíxaro de Menezes, da 58ª Promotoria de Justiça Especializada na Defesa dos Direitos Humanos à Saúde Pública, e publicada no Diário Oficial do MP-AM, na edição do dia 3 de março.

O 18 Horas/Rádio Mix FM procurou o Ministério Público Federal (MPF-AM), – autor do Inquérito Civil n.º 1.13.000.000061/2021-04, que resultou na abertura de procedimento por parte do MP-AM, – para obter mais informações em relação aos envolvidos; se são servidores públicos com foro privilegiado, no caso o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), mas o órgão federal informou que por se tratar de inquérito sigiloso não poderia dar mais detalhes da investigação.

Já o Ministério Público do Amazonas ressaltou que as informações sobre o caso teriam de ser obtidas diretamente com o MPF, autor da ação. O próprio MP-AM determinou que fosse enviado ofício ao Ministério Público Federal, a solicitação de novo link para acesso e download do Inquérito Civil.

Denúncias
O Governo do Amazonas desde o início da pandemia é alvo de denúncias de corrupção e outros crimes. No dia 20 de setembro de 2021, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) admitiu, por unanimidade, a denúncia do da Procuradoria da República (PGR) contra o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), com base no relatório do ministro relator, Francisco Falcão, por participar de irregularidades na compra de respiradores para o tratamento de pacientes na pandemia da covid-19.
Wilson Lima é réu no STJ por cinco crimes. O relator, ministro Francisco Falcão, votou no sentido de aceitar a denúncia e abrir procedimento criminal contra o governador. Apontou Wilson Lima como partícipe pela prática dos crimes de dispensa de licitação sem observância das formalidades legais, fraude em licitação, aumento abusivo de preço e sobrepreço, peculato e líder de organização criminosa.

Omissão
Em abril do ano passado, o MPF apresentou na Justiça Federal uma ação de improbidade administrativa contra o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, general da ativa do Exército, e contra três secretários que continuam na pasta, na gestão do ministro Marcelo Queiroga.
Segundo a Folha, a ação apontava omissão das autoridades federais na crise de saúde no Amazonas, durante a segunda onda da pandemia, em dezembro e em janeiro, cujo ápice na escassez de oxigênio hospitalar e na morte de pacientes por asfixia, em janeiro de 2021.

CPI
O governador Wilson Lima também foi indiciado no relatório da CPI da Pandemia, realizada pelo Senado Federal, para apurar crimes praticados durante a pandemia da Covid-19, no Brasil. Um dos objetos da ação foi justamente a tragédia sanitária ocorrida no Amazonas em 2021. O relatório da CPI requereu o indiciamento de Wilson Lima por epidemia com resultado em morte e prevaricação. Ele e o ex-secretário de Saúde Marcellus Campêlo foram incluídos na conclusão da CPI