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Amazonas

MP-AM divulga nota técnica contra afrouxamento de medidas de distanciamento social em Manaus

A nota é assinada por nove pesquisadores, ligados à Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e outras instituições de ensino e pesquisa

O Ministério Público do Amazonas (MPAM), informou que concluiu, quarta-feira (27), uma Nota Técnica (NT), contrária à flexibilização das restrições de atividades a partir de 1º de junho em Manaus. A nota é assinada por nove pesquisadores, ligados à Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e outras instituições de ensino e pesquisa

Segundo o MP-AM, a nota tem o objetivo de avaliar a situação atual da Covid-19 em Manaus, indicar estratégias de ação e recomendar diretrizes a serem implementadas, visando o controle da pandemia e uma retomada gradual de atividades cotidianas. “A principal afirmação do documento é de que qualquer afrouxamento de medidas de distanciamento social, neste momento ou nas próximas quatro semanas, pode levar a um novo crescimento das infecções e óbitos por Covid-19 em poucas semanas, considerando o número atualmente ainda muito elevado de indivíduos infectados atingindo ainda uma pequena porcentagem de indivíduos em nível populacional (estimada de 10% a 15%)”.

Os resultados das análises demostraram que tanto o isolamento social propiciado pelo fechamento do comércio, quanto a interrupção dos transportes intermunicipal e interestadual contribuíram para a redução dos casos e óbitos em Manaus, diz o documento.

Os autores afirmam que a reabertura dos comércios, igrejas e templos, prevista para 1º de junho, medida anunciada na quarta-feira pelo Estado e a retomada dos transportes intermunicipais e interestaduais, aumentarão novamente o número de infectados e mortes. “Caso o número de óbitos e internações não diminuam expressivamente nestas quatro semanas, serão inevitáveis ações rigorosas como o lockdown, devido à necessidade de controle da pandemia para mitigar a perda de vidas e para que não se postergue uma retomada econômica muito tardia”, diz o MP-AM.

A a procuradora-geral de Justiça do Amazonas, Leda Mara Albuquerque, disse que “o trabalho desenvolvido pelos pesquisadores só confirma aquilo que o Ministério Público sempre defendeu, que é o isolamento social, ainda como medida necessária para preservação de vidas, para a tutela da saúde pública no nosso Estado”.

Segundo ela, “lamentavelmente”, o interior do Estado, sobretudo, vem demonstrando ainda, pelos números apresentados de contaminação e de óbitos, a necessidade do isolamento social. “Eu sei que há uma discussão em torno da importância da retomada dessas atividades não essenciais por conta do desenvolvimento social e econômico do Estado mas, no momento, é a preservação da vida que está em primeiro plano e é assim que o Ministério Público vai continuar trabalhando”, afirmou.

A nota diz que “se nenhuma ação for tomada para conter o avanço da pandemia em Manaus e muitas vidas ainda serão perdidas, pois de 85% a 90% da população ainda é suscetível a Covid-19”. Os resultados indicam que entre 10 e 15% da população de Manaus contraíram o vírus, o que contrapõe pseudo-estudos que indicariam que a população estaria adquirindo imunidade de rebanho, diz.

Todos os autores declaram não possuir conflitos de interesse, sendo as atividades de pesquisa financiadas exclusivamente com verbas públicas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino de Superior, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

Assinam o documento: Lucas Ferrante – Biólogo, Mestre em Biologia pelo INPA, Doutorando em Biologia – PPG-Eco – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA); Wilhelm Alexander Cardoso Steinmetz – Matemático, Doutor em Matemática, Université Paris-Sud 11/França – Departamento de Matemática (DM), Programa de Pós-Graduação em Matemática (PPGM), Universidade Federal do Amazonas (UFAM); Luiz Henrique Duczmal – Matemático, Doutor em Matemática, PUC/RJ – Departamento de Estatística (DEST), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Rodrigo Tavares Teixeira – Matemático e cientista de dados, Mestre em Matemática, Escola de Tecnologia da Universidade do Estado do Amazonas (EST-UEA); Henrique dos Santos Pereira – Agrônomo (UFAM), Mestre (INPA) e Doutor em Ecologia (PSU/EUA), Centro de Ciências do Ambiente, Universidade Federal do Amazonas (UFAM); Jeremias da Silva Leão – Estatístico, Doutor em Estatística (UFSCar/USP), Programa de Pós-Graduação em Matemática, Universidade Federal do Amazonas (UFAM); Fabio Magalhães Candotti – Cientista Social (USP), Doutor em Sociologia (Unicamp), Departamento de Ciências Sociais, Universidade Federal do Amazonas (UFAM); Fabricio Beggiato Baccaro – Biólogo, Mestre em Ciências Biológicas (INPA), Doutor em Biologia (INPA), Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Amazonas (UFAM); e Ruth Camargo Vassão – Bióloga, Mestre em Imunologia pela Universidade de São Paulo (USP), Doutora em Imunologia pela Universidade de São Paulo (USP), Pós-Doutora em Imunologia pelo Instituto Max Planck em Imunobiologia de Freiburg (Alemanha), Pesquisadora Científico VI aposentada do Instituto Butantan.

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